Capítulo 36 - Complicity

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"Isso é um pretexto para arranjares um adversário?" Brinco e ela sorri.

"Juro que não." Ela levanta-se mais animada. "Apetece-me fazer alguma coisa radical."

"Não me apetece muito sair daqui." Confesso e ela para para pensar.

"Gelado!" Ela diz e corre para a cozinha. Passados quase vinte minutos a olhar o céu e ela ainda não tinha aparecido. Levantei-me e decidi procurar a rapariga.

"Summer!" Chamo e encontro a rapariga na cozinha carregada de tralha. "O quê que estás a fazer?"

"Não há nada como gelado e música para passar uma madrugada." Ela explica passando-me um cobertor. Esta rapariga definitivamente diferente da empresária. Caminhei atrás dela para o jardim onde estendi o cobertor. Ela pausou dois baldinhos de gelado e colheres sobre eles e uma coluna portátil. "Tive de ir buscar a coluna ao carro. Desculpa a demora."

Sentámo-nos a comer o gelado enquanto admirávamos o céu. Não sei bem se o que me estava a chamar mais à atenção era ela ou o céu estrelado. A maneira como ela parecia contar as estrelas era algo espantoso. Faz-me lembrar de quando passamos a nossa primeira passagem de ano juntos. Um céu estrelado, ela com um vestido branco e eu com um coração cheio de paz.

"Olha!" Ela diz fazendo-me reparar na estrela cadente. "Que linda!" Ela repara e fecha os olhos. Hoje não pedi um desejo, no fundo o que queria era paz e acho que é isso que estou a sentir agora.

Depois de comer o gelado deitei-me no cobertor. A minha cabeça estava tão cheia de acontecimentos de ontem. Só agora percebo a confusão que tenho feito em torno da minha vida pessoal. Todos à minha volta perceberam antes de mim.

"Devias parar de pensar em coisas más." Ela diz deitando-se do meu lado. "O amanhã é incerto, mas estar a pensar em algo que já passou só piora as coisas."

"A Eleanor percebeu que eu estava mal e ainda me pediu para esquecer o que ela tinha feito."

"Acho que já tínhamos chegado à conclusão que ela não tem muitos neurónios." Ela brinca.

"Um dos argumentos dela foi que ela podia ter rapazes bem mais bonitos que eu." A raiva que sinto dentro de mim só aumenta quando me lembro das suas palavras.

"A sério?" Summer vira-se na minha direção apoiando o corpo no cotovelo. "Não sei como é que ela ainda me surpreende."

"A Eleanor sabe como atingir as pessoas." Conclui.

"Não ligues ao que ela disse." Summer tenta aliviar o ambiente. Olhei a rapariga nos olhos. Eu sei que ela queria dizer alguma coisa mas que conteve as palavras.

Summer aproximou o seu rosto lentamente do meu depositando um beijo suave no meu rosto e logo retorna ao seu lugar. Eu não conseguia tirar os olhos dela e ela de mim. Era como se o tempo tivesse parado por momentos. Quando ela fecha os olhos pauso a minha mão sobre a sua e fecho os meus. Em segundos o sono alcançou-me.

(...)

Quando acordei, Summer já não estava aqui. O Sol de verão já batia nos meus olhos e o cheiro a panquecas mostravam-me que já devia ser hora de me levantar. Ao procurar o meu telemóvel na relva percebo que outro, que presumi ser o dela, piscava. Cliquei no botão principal e o ecrã acendeu. A morena tinha uma fotografia antiga como fundo. Quando olho com atenção o rapaz da imagem era eu. Vestia uma camisa branca e umas calças pretas. Estava encostado a um carro preto com algo na mão. Lembro-me perfeitamente do dia do baile de finalistas.

TITANIUM 2 ✩ (L.T.)Onde histórias criam vida. Descubra agora