TITANIUM 2 ✩ (L.T.)

Capítulo 24 - Close

"Nós não podemos." Ela afastou-me um pouco. "Está errado."

"Errado é não seguir os seus instintos."

"Louis, tu sabes que te beijaria agora como se não houvesse amanhã..."

"Summer, eu estou bêbado, amanhã nem me lembro de ter estado contigo aqui."

"Isso não ajuda muito." Ela parece entristecer.

"Desculpa..." Escapou da minha boca. Não sei o que se está a passar comigo.

"A bebida faz-te mesmo mal." Ela nega com a cabeça.

"Mas trouxe-me até ti." Um pequeno sorriso cresceu no seu rosto fazendo-me sorrir. Quando dei por isso o meu pescoço foi rodeado dos seus pequenos braços e o seu tronco pelos meus. Ela apertava-me com uma força que me fazia sentir tão mais leve. Bem mais leve do que cada gole de whisky.

"Isto é o melhor que posso fazer por ti." Ela sussurrou ainda nos meus braços.

"É tudo o que preciso agora." Ela apertou-me com mais força. Naquele momento, todos os conselhos que me deram estes últimos dias passaram-me pela mente.

"Vamos dormir." Ela afastou-se um pouco. Os seus olhos estavam vermelhos como há muito não via. "Tu precisas de descansar." Sussurrou.

"Estás bem?" Peguei as suas mãos nas minhas.

"Vou ficar em breve." Sorriu fracamente. "Bom, vou estar no quarto do fundo do corredor." Ela começa a explicar largando as chávenas na pia do lava-louça. "Tenho dormido lá, portanto, tu ficas com o quarto grande."

"Por mim, tudo bem." Concordei.

"Dorme bem, está bem?"

"Tu também." Ela beija o meu rosto e depois sorri timidamente.

"Summer!" Chamo meio reticente.

"Sim?"

"Isto tudo... desculpa."

"Não faz mal. Os amigos servem para apoiar também." Ela encolhe os ombros. Como é que ela consegue ser tão mulher e tão doce ao mesmo tempo? "Se precisares de desabafar podes contar comigo. Seja do que for."

"Obrigado." Foi tudo o que me saiu antes de a ver sair. Por momentos, fiquei ali de pé a pensar no quão perto nos fiz estar. A verdade é que, neste momento, a minha mente está completamente turva. Não consigo pensar com claridade e é isso que me incomoda agora. Se eu conseguisse tirar isto tudo da minha mente seria bem mais simples. Mas esta guerra interior aliada ao Whisky está a dar cabo e mim.

Tirei as calças e deitei o meu corpo sobre a cama. Quem diria que eu estaria aqui, nesta cama, nesta casa, a metros da pessoa que foi o meu primeiro e grande amor. Mesmo depois de anos, ela continua a ter algum espaço no meu peito. Não sei explicar o porquê de sempre ficar sentido quando a vejo. É claro que amo a Eleanor e não imagino a minha vida sem ela, mas isto é diferente.

Quando dei por mim já o meu corpo estava fora da cama. Após dar alguns passos rodei a maçaneta da velha porta. Excluindo a luz que vinha da lua, nenhuma luz iluminava o pequeno quarto da casa. Dei mais uns pequenos passos e sentei-me na cama. Lá estava ela, angelical como sempre com a luz da lua a iluminar-lhe o rosto.

"Lou?" Ela abriu os olhos lentamente sentando-se na cama. "Estás bem?" Ela pegou no telemóvel por instantes. "São 3 da manhã." Ela informa mas nada me saía. Ficámos ali por alguns instantes a olhar-nos. Aquele silêncio não era de todo desconfortável. Antes pelo contrário, eu sentia-me bem mesmo sem dizer nada.

"A minha mente está uma confusão e não consigo dormir."

"Queres falar?" O seu tom de voz era doce.

"É tão complicado." Sussurro. Ela liga a luz da mesa-de-cabeceira e aproxima-se um pouco.

"Louis, somos adultos. Podes falar comigo do que quiseres."

"O problema é que não posso falar de ti." Escapou-me. A sua expressão facial passou de preocupada a surpresa.

"Fiz algo de errado agora?" Ela passa a mão pelo seu longo cabelo.

"Não." Pausei. "Todos andam a tentar meter-me coisas na cabeça."

"Querem que tu me perdoes, não é?" Assenti. "O Joe contou-me que falou contigo sobre mim. Peço desculpa por isso." Ela pegou na minha mão. "Juro que não pedi nada a ninguém."

"Mesmo depois destes anos, eles continuam a imaginar-nos juntos." Explico.

"Mas não estamos. Deixa-os ficar a sonhar com isso. Depois esquecem." Ela explica. "Agora temos vidas que foram em sentidos opostos."

"Para ti isto é mais fácil não é?"

"Não vou dizer que às vezes também não me sinto desconfortável. No entanto, temos de nos habituar à vida um do outros se realmente queremos que a amizade dê certo."

"Tens razão. Mas é tanta coisa a bombardear-me."

"Só tens de levantar a cabeça como fazes sempre." Ela sorri fazendo-me sorrir também. Como é que ela tem tanto poder sobre mim?

"Obrigado pela ajuda."

"Estás melhor?" Levantei-me devagar olhando-a com atenção.

"Sim, acredita que sim." Ela volta a lançar aquele sorriso. "Obrigado e desculpa."

"Amigos servem para isso." Ela repete piscando-me o olho. O meu corpo treme por segundos e logo caminho apressadamente até à porta.

"Boa noite, Lou."

"Boa noite, Sum." Disse fechando a porta à minha frente.

(...)

Senti o cheiro a torradas vindo do andar de baixo e logo me levantei da cama. Vesti umas calças e lavei o meu rosto. Há imenso tempo que não dormia tão bem. Mal cheguei à cama, adormeci, o que é raro acontecer. Quando peguei no telemóvel e reparei que tinha uma chamada do Niall pelo que resolvi ligar de volta.

"Bom dia, dorminhoco!" Ele gritou do outro lado.

"Bom dia, Nialler."

"Estás com voz de quem acordou agora." Ele troça.

"Por acaso só. E até dormi bem."

"Fico feliz por isso." Ele gargalha. "Hoje temos mesmo de ensaiar algumas músicas e preparar os concertos. Temos imenso que fazer antes do lançamento do Four."

"Tem calma, Nialler. Temos imenso tempo ainda."

"Mas muito trabalho, por isso vê se te mexes." Tinha a certeza que hoje seria um dia muito comprido em termos de trabalho, mas nem isso me abalou.

"Tudo bem." Bocejei

"Louis, onde estás?"

"Em Doncaster. Daqui a nada vou para aí."

"Em casa não estás. Falei com a tua irmã no whatsapp há meia hora" Ele faz um silêncio. "Tu estás a dormir na tua casa e acordaste tarde? Espera lá!"

"Chega de perguntas, não achas? Quero ir tomar o pequeno-almoço." Digo-lhe

"Então até daqui a pouco." Ele diz troçando. "Vê se ela não te prende aí."

"Para de imaginar coisas." Resmungo. "Até logo." Desliguei descendo a escada.

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