Capítulo 10

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- Quer sair daqui? – João perguntou.

Eu queria, mas ainda existiam muitas dúvidas em minha mente.

- Para onde?

- Qualquer lugar em que as outras pessoas presentes não estejam prestando atenção em cada movimento feito por nós.

Não pude deixar de rir.

A verdade é que, por mais que todas as outras pessoas da festa estivessem rindo e conversando, no fundo estavam prestando atenção em cada gesto feito por mim e por João.

Cristina era a que menos disfarçava. Volta e meia a pegava me encarando com um olhar curioso.

Sei que a situação era estranha. Estava na Bahia para fugir da minha vida e das complicações que eram muitas. Tinha dito muitas vezes que não queria saber de me envolver com ninguém. E ali estava eu, cheia de medos, mas completamente interessada naquele rapaz. E tão mais jovem do que eu.

Mas como fugir de João?

Ele não desistiria. Já havia dito isso. Tinha colocado todas as cartas na mesa e eu mesma não podia mais mentir.

Queria que ele me levasse da festa, me beijasse e me fizesse esquecer que sou uma mãe de duas jovens mulheres, ex de um ator famoso. Queria apenas lembrar que sou uma mulher com desejos e que tenho o direito de usufruir de alguns momentos de felicidade destinada apenas a mim.

Depois de pensar por alguns minutos em que João me permitiu o silêncio, respondi:

- Vamos.

O sorriso que ele deu me fez derreter um pouco por dentro.

Pegou minha mão e caminhou comigo até o anfitrião, de quem nos despedimos rapidamente. Acenamos para os outros convidados e eu fui com ele, vendo que Cristina sorria ao me observar deixar a festa.

- Que tal irmos à praia?

- Você não acha que está um pouco tarde para ir à praia? – Perguntei.

Ele tocou meu rosto com a ponta dos dedos.

- Não existe hora para ser feliz.

Aquelas palavras mexeram fundo dentro de mim. Há tanto tempo que não sabia verdadeiramente o que era a felicidade que me entristecia pensar nisso.

Eu era uma boa mãe e me alegrava com cada realização das minhas filhas. Ficava satisfeita por ver que criara boas garotas, de boa índole e inteligentes. Só que por mais maravilhoso que fosse ser mãe, aquilo era apenas uma parte de mim. O pedaço feminino, cheio de desejos, impulsos e vontades estava adormecida há tanto tempo...

João tinha razão, não existia hora para ser feliz. E estava na hora de começar a buscar a minha felicidade.

- Queria saber tudo o que se passa dentro dessa sua cabecinha que parece sempre funcionar demais. – Ele me disse quando fiquei calada, apenas aproveitando o leve toque de seus dedos em minha pele.

- Acho que não.

- É sério! – Ele falou. – Em alguns momentos você parece tão transparente para mim, como antes no avião. Agora te olho e vejo uma linda mulher cheia de mistério. Não consigo entender.

- É porque não precisa. Ninguém precisa entender tudo.

Sem que eu esperasse, ele me beijou.

Não foi um beijo casto, delicado. Foi um beijo cheio de fome, com um desejo tão explícito que me surpreendeu. E eu retribuí com o mesmo ardor.

As mãos de João percorriam meu corpo com vontade, enquanto sua língua adentrava a minha boa, tomando tudo o que eu tinha para dar.

Sem que eu me desse conta coloquei minhas mãos por baixo da camisa dele, percorrendo seu peitoral com meus dedos. João era jovem, com músculos definidos sem ser algo excessivo. E eu me peguei desejando passar minha língua por aquele peitoral cheio de pelos macios.

Bruscamente me afastei dele, que me olhou com os olhos escuros de desejo. A força do meu próprio desejo tão forte que precisei manter um pouco de distância.

- Nós não devíamos estar fazendo isso aqui.

Ainda estávamos na frente da casa de Marcondes, onde a festa continuava acontecendo.

- Tem medo que eles nos vejam? – João perguntou.

- Não. – E realmente não tinha. Todos sabiam que aquilo era inevitável de acontecer no momento que me viram sair junto com ele. – Acho que eles pensam que estamos fazendo muito mais do que apenas nos beijar.

A intensidade do olhar de João ficou maior ao ouvir minhas palavras.

Ele respirou fundo.

- Vamos à praia ou direto para o meu quarto de hotel? – A voz dele saiu rouca. – Não vou fingir que não estou sonhando com você nua em minha cama. Você é tudo o que eu penso desde que nos conhecemos dentro daquele avião.

Eu não esperava aquela sinceridade. O engraçado é que não devia achar estranho. Desde o primeiro momento João havia deixado muito claro que estava interessado. Ele não estava fazendo joguinhos. Sabia o que queria e estava indo atrás sem deixar espaço para negativas minhas.

Não pude deixar de ser honesta com meus desejos também.

- Vamos para hotel.



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⏰ Última atualização: Oct 17, 2015 ⏰

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