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Segunda-feira 31 de Janeiro, o bar no qual Rafaela trabalhava não abriria naquele dia e na semana seguinte seria comandado por uma equipe de universitarios que estavam juntando fundos para realizarem sua festa de formatura. John cedeu o bar, por uma semana, contando que houvesse divulgação de patrocinio no dia da festa. Portanto, esse era o dia em que Rafaela tiraria o dia todo apenas para si, seu dia de folga, ou, seu descanso semanal remunerado. Durante toda a semana, resolvia assuntos de seu pai, inclusive cuidava do bar, ajudava um pouco na limpeza quando via que era nescessario. Seu pai pagava uma mulher já de idade avançada que certo dia o procurava, pedindo ajuda financeira para seu tratamento de saúde. John querendo ajudar, mas também não jogando dinheiro para o alto, resolveu ajudar a mulher, lhe dando um emprego. Ela limparia o bar todos os dias de manhã e lavaria a louça, incluindo as panelas da feijoada e os copos dos chopp que era servido a noite. Essa parceria que seria momentânea, para o tratamento dessa senhora que há muito havia terminado, já durava mais de dez anos. Jhon a fim de evitar maiores problemas futuros, insistira em assinar sua carteira de trabalho, mas a senhora insistia em continuar trabalhando sem registro e pagar por si mesma um fundo de garantia privado para sua aposentadoria.
"INSS e FGTS é muito roubo! Eles querem gastar meu dinheiro? Deixa que gastar meu próprio dinheiro, eu sei fazer melhor que qualquer um!"

Dizia a senhora ao pai de Rafaela toda vez que ele tocava no assunto de registra-la.

O bar tinha mais movimento principalmente ás sexta-feiras e sábados. Nos domingos era bem movimentado também, e devido aos dias anteriores, Rafaela trabalhava exausta. O que lhe agradava era saber que no dia seguinte, estaria livre para fazer o que quisesse e com os comércios da cidade, todos abertos. Achava um saco quando antigamente folgava no domingo e não tinha nada para fazer.
"Tudo fechado! Quero ir embora dessa cidade, viver uma vida de verdade na cidade grande"
Esse pensamento a perturbava diariamente, quando adolescente. Hoje uma mulher por completo, não pensaria que existisse lugar melhor para viver que seu lar, a pequena cidade de Nova Odessa.
Quando acordou, próximo o horário do almoço, viu fortes raios de sol entrando pela janela, que a cegaram momentaneamente. Sentiu a pele soada por debaixo das cobertas, o dia mudou de gelado para absurdamente quente em menos de cinco horas. Descansada ela se espreguiçou, levantou e se encostou no parapeito da janela. Sentiu o mormaço no rosto e então percebeu que estava com fome. Coçando a cabeça ela desceu as escadas e foi preparar o seu café da manhã. Tudo estava limpo, fresco e úmido. Restara apenas uma lembrança do bar bagunçado que estivera antes de ela ir dormir. Durante o café ela sintonozou uma web radio em seu smartphone, que tocava os melhores sucessos do rock n roll da epoca em que seu pai era ainda jovem. Nas noticias, falavam sobre o aumento da inflação, medidas protetora do estado contra o surto de virus que se espalhava no oriente e ameaças denguerra.
"Estou começando a me preocupar" Apos o café e o banho, por um breve segundo pensou no que vestir. Tinha três conjuntos que adorava. Vestidos pretos rodados e seu all-star em couro preto, que valorizavam muito seu corpo, calça jeans esfarrapada com uma camiseta preta de algumas de suas bandas favoritas e um pesado coturno e o terceiro conjunto, ideal para um dia quente. Vestiu um shorts  jeans, sua camiseta regata de cor preta da banda Avenged Sevenfold e pôs uma tira vermelha no cabelo. Ela detestava prende-lo, mas também não podia deixa-lo solto, pois iria andar de moto.  Estava como de costume, magnifica aos olhos de quem pudesse á ver. Pronta para pegar a estrada, desceu as escadas correndo. Subiu em sua bobber, o capacete estava descansando no guidom da motocicleta, com um óculos aviador dentro. Pilotou em direção a cidade. Apesar de ser presente nos eventos do MC, o fato se ser uma mulher não permitia que ela fosse um membro, sendo assim não podia usar colete. Depois de alguns anos dessa descoberta, superou o fato, hoje ela nem ligava mais, deixara de ligar para muitas coisas conforme amadureceu com os anos. Sabia que sua paixão eram por duas rodas, algo que vai muito mais além de um brasão idiota, ou um patch ridículo em um colete de couro. Sua paixão ia além de qualquer coisa, era algo inexplicável, e no moto club encontrava pessoas que compartilhava o mesmo sentimento inclusive a descrença nos costumes de haver apenas homens como membros oficiais.

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