Jimmy Furtter

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Decorrido vários dias do festival, no qual as equipes de Nova Odessa obtiveram basicamente prêmios por participação, as equipes já não estavam mais com o gás total. Cansados da rotineira bagunça e gastos elevados com bebidas, parte do pessoal só desejava ir para suas próprias casas dormir por um dia inteiro seguido, sem interrupção. Muitas pessoas que vieram de longe para ver o festival, já haviam a muito consumido também sua cota e competidores que não marcaram pontuação no circuito nacional, também já se desligaram das competições, restando apenas finalistas e seus interessados para acompanhar o desfecho dos campeonatos.

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 Quando a pequena Eller notou os homens de colete descendo da van, ela levantou da cadeira e andou de costas, passando a mão na parede, até sentir o metal gelado de uma corrente, que pendurava um cadeado que trancava a porta da garagem. Ela empurrou a porta, seu corpo girou e então ela correu para dentro de onde era a garagem onde havia algumas ferramentas. Feito isso, o homem careca que portava um taco da basebol percebeu a intensão da garota. E tentou intercepta-la correndo até á porta, porém deu de cara com a porta que a garota fechou no instante em que ele a alcançou. 

Ela se trancou lá dentro.

Furioso o homem exclamou:

- Estão olhando o que? Procurem algo pra romper essa corrente! - Seu nariz agora estava sangrando. 

Rafaela tentava manter a respiração uniforme, apesar do nervosismo e do seu acelerado batimento cardíaco.
"O que eles querem comigo?" Pensou a jovem garota.

Não perdendo tempo, Rafaela passou a mão no bolso de trás de seu jeans á procura de seu celular, porém não achou nada, apenas um telefone fixo na parede todo empoeirado e certamente com óleo ou graxa. Pensando em seu pai, ela correu até a porta de trás para conferir se ela também estava trancada, depois sacou o telefone do gancho.

"tu.."

Ela fechou os olhos com força tentando lembrar da algum numero, mas nada vinha a sua memória, e naquela pressão e adrenalina, ela não esperava lembrar tão cedo.

"Bam!" Alguém bateu forte na porta.

Não conseguiu lembrar de nenhum número, nem mesmo o seu.

"Tu. Tu. Tu..." O som da linha a deixava ainda mais nervosa. Mesmo querendo evitar a policia em sua casa, ela discou 190. 

"Mais vale algumas multas do que... sabe lá o que eles querem"

Enquanto chamava, ela como habitou, pôs sua mão no bolso da jaqueta para aquecer suas frias mãos. E la estava um papel dobrado. Ela sacou e o abriu, um leve sorriso tomou forma em seu rosto, assim que começou a ler seu conteúdo:


Adorei conhecer você, pelo visto, não irá pedir meu telefone, então ja estou me adiantando.
(xx)xxxx-xxxx ♥ Jimmy

PS: Adorei nossa noite!


Ela sorriu ainda mais, ficou surpresa por esse inconveniente, por um momento até esqueceu de sua situação atual.

"Plem!"

Os barulhos de metal se chocando contra as correntes a lembrou, não demorou e ligou para o numero que continha no bilhete, o rapaz atendeu  o telefone logo em seguida, porém havia muito barulho de motos e musica de algum tipo de rock pesado.

- Alô, quem é?
-Oi sou eu, é Rafaela. - Ela estava com pressa, porém tentava não transparecer que estava nervosa.

-Ah oi gata! Como vai você, esta bem? Como foi... - Ele foi interrompido por ela.

-Preciso de ajuda! Depois eu explico tudo, só avise ao meu pai que estou no bar e estão tentando algo. 

Ela explicava a situação até que cortaram a linha de telefone, restando só um aparelho de plastico mudo em suas mãos.

"Romperam o cabo que vinha por cima do telhado. Malditos!"

-Malditos! - Ela exclamou, pegando uma chave de roda e caminhando pisando forte na direção da porta que estava sendo forçada para dentro pelos rapazes. Havia uma brecha entre as duas portas que estava fechada com a corrente, só dava para enxergar o nariz sangrando de alguém no lado de fora. Quando ele percebeu a ponta da chave já estava acertando sua testa. Ele caiu duro para trás com a testa agora também sangrando e totalmente apagado. Isso é claro enfureceu e amedrontou o grupo que resolveram tentar arrombar a porta a qualquer custo. Um deles veio com um pé de cabra pra cima do cadeado e descia ele de forma violenta até romper uma das pernas. Meteu o pé na porta abrindo ela fazendo um som de madeira se rompendo. Eles esperavam encontra-la encolhida em um canto apavorada, mas ao invés disso, viram uma garota acertando o queixo do rapaz que carregava o pé de cabra,  com uma chave de roda.

Meio desnorteado ele se apoiou na parede de madeira, para não cair, e viu ela investir outro golpe contra ele. Em reflexo, ele ergueu seu braço na altura da cabeça e se protegeu. 

"Adoro pessoas indefesas que insistem em lutar, me deixa mais excitado para brigar!" 

Apesar de corajosa, a garota não era muito forte e sua estatura não lhe dava vantagem nenhuma contra uma homem alto e cheio de músculos. Lambendo o sangue que saia de sua boca, ele avançou sua mão esquerda, retirando a ferramenta das mãos da garota, e com a direita agarrou o pescoço de Rafaela, e a prensou contra a parede. Olhou com fúria e usando uma força extraordinária, estrangulava a menina, ele queria apagar ela. Seus dentes serrados e cheios de sangue dava uma aparência psicopata ao rapaz.

- Então a garotinha do Eller não sabe quando deve desistir? Vai descobrir que assim é melhor, para mim... - Em seguida deu uma cabeçada na região da testa da garota, desatordoando-a. A ultima coisa que ela viu foi ele sacar  o celular e um lenço, limpando o sangue enquanto ligava para alguém, enquanto ouvia apenas a musica que tocava na jukebox de dentro do bar:

Gotta tell you what I'm feeling inside ♪
I could lie to myself but it's true  ♫

- Estamos com a garota. - Ele olhou para ela de relance - Sim ela está viva... 

Rafaela apagou.

There's no denying when I look in your eyes ♫

Girl, I'm out of my head over you  ♪

*Musica Kiss - Forever

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