Capítulo 11

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Alguns dias se passaram desde o beijo e só pude perceber uma coisa: eu gostava de Jeremy. Não o amava, estava cedo para isso.... Mas com certeza ele era importante. Fiquei feliz em constatar que Jere ria e corava muito quando estava comigo, o que significava que eu tinha algum efeito sobre ele também.

Outros beijos foram roubados antes de dormirmos. Havia virado padrão. Mas um padrão muito gostoso.

Acordei cedo e me dirigi a sala de jantar para tomar café da manhã. Rosa e Jeremy já estavam lá.

- Bom dia! - Exclamei e troquei um olhar cúmplice com Jeremy.

- Bom dia! - Responderam em uníssono - Veja só quem teve uma boa noite de sono... - Completou, Rosa com seu usual sorriso.

- Ah, sim, ultimamente tenho dormido muito bem! - Disse em sua direção. - Imagino o porquê...

- É porque gosta daqui. - E por outro motivo também - Isso é muito bom. Talvez você devesse mandar uma carta para seus pais, contando sobre suas últimas semanas.

- Claro! Vou fazer isso. - Não vou, não.

O silêncio reinou por alguns segundos, enquanto nossas bocas estavam ocupadas, até que pudemos ouvir baterem na porta. Meu coração gelou e a comida em minha boca desceu difícil pela garganta. Não seja a Ana, não seja a Ana, não seja a Ana!

Alguns passos depois, foi possível ver o Sr. Declair passar pelo batente, acompanhado Sr. McAdams. Eles nos cumprimentaram e sentaram-se para o café.

McAdams não perdeu a oportunidade de me alfinetar diversas vezes. Algo me dizia que ele desconfiava de mim. Entretanto eu não daria o braço a torcer, não para alguém como ele.

Mais tarde, depois que o Sr. Declair e o Sr. McAdams se foram, tentando aprender a dar uns pontos de tricô - sim, cheguei a esse nível -, Rosa e eu tivemos uma conversa bem interessante.

- A cada dia que se passa, McAdams se torna mais desagradável. - Ele disse assim que peguei nas agulhas.

- Não gosta dele, Rosa? - Questionei curiosa.

- Não. Nunca gostei. - A olhei nos olhos, imaginando o porquê. Como se adivinhasse meus pensamentos, Rosana completou. - Ele só... não é confiável. Meu sexto sentido não falha. Mas Richard não me ouve...

Tentei investigar um pouco mais, porém a Sra. Declair desviou do assunto.

Tinha feito cerca de dez centímetros de um cachecol e decretei ser o suficiente. Rosa havia ido resolver alguns assuntos do jantar e eu fiquei sem nada para fazer.
Jeremy não havia ido com o pai, portanto resolvi visitá-lo em seus aposentos. Bati na porta e não houve resposta. Girei a maçaneta e confirmei minha suposição: Jeremy não estava lá.

Meu lado intrometido e curioso falou mais alto quando me virei para sair dali, me fazendo girar os calcanhares novamente e dar uma olhada no quarto de Jeremy.

Aquilo era exatamente o que eu imaginava que seria. Era bem iluminado, organizado e limpo. Sua estrutura era parecida com a do meu, porém espelhado.

Dei uma volta no ambiente, passando pela cama, imaginando-o ali, talvez comigo, até parar em sua escrivaninha, que contrapunha todo o resto. Ela era bagunçada, com muitos papéis e livros espalhados e objetos que eu não reconhecia. Apanhei um dos papéis e observei o que parecia ser um protótipo de alguma coisa. Li as observações e lá dizia "". Olhei a papelada e descobri vários outros. Me surpreendi: Jeremy havia feito aquilo. Nunca passou pela minha cabeça que ele fosse criativo e inventivo. Além de coisas a se construir, havia ideias e reflexões sobre várias coisas. Será que Richard sabia disso tudo?

O trabalho de Jeremy era afrente de seu tempo. Algumas coisas não foram feitas ainda, outras nem existiam. Continuei mexendo, impressionada, até que ouvi a porta sendo aberta. Direcionei meu olhar para lá e vi Jeremy confuso me encarando.

- O que você está fazendo aqui, Ana?

- Ah... - Fuçando. - Vim procurá-lo.

- E quando não me encontrou resolveu mexer em minhas coisas? - Seu tom de voz engrossou e ficou sério. Ele estava bravo e não era como das outras vez que ele somente se irritava. Agora Jeremy parecia realmente furioso.

- Não foi bem isso. - Foi, sim. - Só fiquei curiosa.

Jeremy caminhou firme até mim e tirou o papel que eu segurava das minhas mãos bruscamente.

- Você não tem o direito. Você já deveria ter percebido que não pode fazer tudo o que quer. - Seus olhos azuis profundos me fuzilaram sérios. - Poderia sair, por favor?

- Realmente, eu não tenho o direito. Mas suas invenções são muito promissoras. Já mostrou a seu pai? Ele com certeza apoiaria você.

- Isso é passatempo, não ocupação. Srta. Ana, não acho que a esteja em posição de me dar conselhos. Por favor, saia.

- Eu só acho que você deveria tentar. - As saudades de Alan e do século 21 eram tantas que vi nos inventos de Jeremy esperança de ter tudo isso novamente, por isso desejei que eles fossem reais.

Sai do quarto frustrada: Jeremy era cabeça-dura demais. Desci firme as escadas, nervosa demais para saber onde ia. Acabei na cozinha. Julia não estava lá, o que me frustrou mais ainda.

Num impulso, rompi porta afora e caminhei até o estábulo. Havia seis cavalos. Olhei cada um nos olhos para saber qual não me rejeitaria. O marrom corpudo, provavelmente o garanhão, pareceu me olhar de volta. É você! O soltei e dificultosamente subi nele.

Corremos campo afora, totalmente sem rumo. O trote macio do Brown me fazia fechar os olhos e só sentir o vento frio no meu rosto. Ficamos assim por um tempo. Quando dei por mim, estávamos na clareira onde o Tele transportador/Máquina do tempo havia me deixado na primeira vez. Não sabia que havia ido tão longe.

Desci do cavalo e o deixei pastando por ali. Caminhei até a poltrona caramelo e me sentei. Fechei os olhos e todos os momentos desde que cheguei passaram-se pela minha cabeça. Caminhar até meus pés doerem até a casa dos Declair, encontrar Julia, ser confundida com Ana, conhecer Rosa, Jeremy, Dick e McAdams.... Foram muitas coisas no último mês. Suspirei pesadamente. Como queria estar em casa.

Abri os olhos e me livrei dos pensamentos ruins. Com fé em Alan, isso seria por pouco tempo. Observei os outros objetos tele transportados a minha volta e senti pena por eles também. Deveríamos estar todos no século XXI.

Me levantei e fui até Brown, me preparando para montá-lo, quando ouvi um leve estalo e parei.

Voltei meu olhar para trás e o ar parecia agitado. Segundos depois, o tele transportador, juntamente com toda sua aparelhagem surgiu bem diante dos meus olhos. Quase não acreditei no que vi. Santo Alan! Brown olhou também e se assustou, relinchando. Acalmei-o como pude e ouvi mais um estalo, seguido por duas malas bem grandes, que caíram em cima do tele transportador, rolando para o chão.

Dei uns passos à frente, pronta para ver o que meu irmão mandou nas malas, até que parei no terceiro estalo. Esperei e vi Alan aparecer em carne e osso na minha frente, vestido à caráter do século XVIII.

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Espero que estejam gostando da estória ^^
Desculpe a demora para postar, realmente fiquei sem tempo :(

Perdida no tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora