Ao anoitecer, quando todos já estavam de volta a casa, o sr. McAdams apareceu - ouviu falar que os d'Franklin chegaram.
Sua presença parecia mais irritante do que nunca. Seus olhos passavam por mim denunciando minha mentira. Eu sabia o que havia feito, mas isso não lhe dizia respeito. Henry McAdams não tinha o direito de me julgar. Esgotada, disse isso a ele.
- Como é, senhorita? - Todos estávamos no mesmo recinto. Assim que minhas palavras saíram, recebi olhares estupefatos.
- Foi isso mesmo que o senhor ouviu! Sei que não sou a pessoa mais adequada para dizer sobre o certo e o errado, sobre verdades e mentiras, mas não se sente um lixo por fazer o que faz com o cara que diz ser seu melhor amigo, Henry?
- Meredith, querida, o que está dizendo? - Rosa perguntou suavemente.
- Só acho que algumas coisas precisam ser esclarecidas. Veja só, Henry não é lá a pessoa mais honesta nessa sala...
- E você, certamente, é, suponho. - Cutucou o homem careca, interrompendo meu brilhante discurso.
- Meredith, deixa para lá. Não vale a pena. - Alan, como bom mediador que era, tentou impedir que eu falasse o que não deveria. O negócio era que Alan sabia a vida de Henry de cor e salteado. E ele me contou.
- Vale, sim. É injusto que um cara legal como Richard seja traído e enganado por um inescrupuloso McAdams, assim, na cara dura. - Não, que eu nunca tenha feito nada parecido com isso, sei que fiz, mas... isso não vem ao caso agora. - Sr. Declair, imagino que não seja o responsável pela "papelada", seu prestativo braço direito deve se incutir da tarefa, poupar-lhe das preocupações. O que te garante que tudo esteja correto, que todo o dinheiro chega ao senhor?
- Srta. Meredith, está fazendo acusações perigosas. Vamos ignorar que disse essas coisas e voltar a nossas atividades normais antes que se arrependa por dizer alguma besteira. - Não sei se Dick Declair se recusava a acreditar em minhas palavras ou se minha moral estava tão baixa assim, mas ouvir isso foi muito decepcionante.
- Exatamente, por que dar ouvidos a alguém que nem sabemos de onde veio? - McAdams acrescentou e em seguida soltou uma gargalhada.
Richard não o acompanhou, havia uma carranca em sua testa. Ele não me ouviu, porém, a pulga já estava plantada. Ah, mas essas pessoas não me conheciam se achavam que eu ia me calar e deixar por isso mesmo, não mesmo! Meredith Snigler nunca desistia.
- Não, não, não. - Jeremy, costumeiramente calado, se pronunciou. - Não vamos deixar as coisas assim. Isso faz muitas coisas se encaixarem. Sabe, seu comportamento é frustrantemente discrepante, McAdams. Para alguém tão viajado, estudado, inteligente, é de se estranhar que impeça meu pai de fazer certos investimentos... Nunca me deixa olhar os recibos e contratos... Além disso, se for inocente, e não roubar meu pai, pode provar, correto? - Que bom que Jere era sensato, era um apoio e tanto.
- Oras, eu não sou obrigado a ouvir isso calado. Se me dão licença, Dick, Rosana, estou de retirada. - Henry, como o covarde que era, fugia.
- Responda logo o garoto, Henry, ao invés de fugir. - Richard levemente irritado ditou. - Pode provar isso?
- Sim, eu posso. Mas amanhã de manhã. Te mostrarei os papeis!
- Ah, mas é muita cara de pau! - Não consegui me segurar. - Eu não confio em você! O que o impede de falsificar algumas assinaturas pela manhã?
Henry Mc Adams estava prestes a começar seu falso discurso, que provavelmente acarretaria uma enorme discussão, quando um leve pigarro interrompeu a seguinte tempestade que faríamos.
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Perdida no tempo
RomanceMeredith Snigler acaba sendo cobaia de um experimento de seu irmão cientista, Alan, e devido a um erro vai parar no século XVIII. Toda sua rotina de festas, nada para fazer e despreocupações acaba ali. Sem ter como se comunicar com Alan, a jovem lon...