Cheguei em casa perto das 19:00. Depois do banho de mar com Alex, fomos até a casa dele para nos secar e arrumar.
Assim que entrei pela porta, vi mamãe sentada no sofá, seus cotovelos apoiados nas coxas e sua cabeça apoiada em suas mãos. Lágrimas escorriam pelos seus braços. Ela estava chorando.
Se tem uma coisa pior do que chorar, é ver sua mãe chorando!
Larguei minha mochila no chão e corri até ela.
-Mãe! O que aconteceu?? Não chora, por favor!
Ela olhou para mim. Enxuguei suas lágrimas.
-Filha...eu te amo tanto! - Choramingava ela.- Me prometa que, aconteça o que acontecer, você nunca irá deixar de me amar?
-Ah mãe...eu te amo! Te amarei para sempre! Mesmo que o planeta terra vire pó e os céus virem fogo, eu continuarei te amando. -Meus olhos estava cheios de lágrimas.
Eu estava ajoelhada em sua frente. Ela me abraçou. Seus braços estavam em volta do meu pescoço, e coloquei os meus em volta de sua cintura. Ela estava chorando em meu ombro. O abraço estava tão gostoso, tão aconchegante, tão acolhedor, que eu a abraçaria eternamente se pudesse.
Ela acariciava meu rosto com suas mãos macias. Eu não entendia o porquê disso tudo, mas se eu perguntasse ela nao me falaria. Não me falou antes, não irá me falar agora. Conheço minha mãe.
-Filha...vá tomar um banho. Irei preparar um sanduiche para você.
-Tudo bem mãe.-Falei, sem querer tocar muito no assunto do "choro".- Você já comeu?
-Já comi sim, meu amor.- Respondeu ela.
Já voltando do banho, indo para a cozinha, senti o cheiro do sanduiche que mamãe acabara de fazer.
Sentei-me a mesa e saboriei a comida. Dava para sentir o gosto de cada ingrediente. Presunto, queijo, requeijão, tomate e alface. To jeitinho que eu gostava.
Mamãe ficou o tempo todo me observando. Me olhava como se fosse a última vez que me veria. Isso estava me assustando, mas não falei nada.
Assim que terminei o sanduiche, mamãe falou:
-Agora vá escovar seus dentes, depois deite na cama e eu lhe darei um beijo de boa noite.
Não disse nada, apenas sorri para ela e fui em direção ao banheiro.
Deitei em minha cama. Dona Isabely entrou pela porta e sentou ao meu lado.
-Eu te amo filha. Você terá que confiar em mim. Eu sei o que eu estou fazendo. Vai dar tudo certo. -Falou ela, entre lágrimas, pegando em minha mão.
-Eu confio em você mãe. Confiaria minha vida a você. - Sussurrei, acariciando seus dedos com os meus.
Ela sorriu, com lágrimas nos olhos.
-Boa noite filha. Eu te amo.
Ela beijou minha testa e acariciou meu rosto e meu cabelo. Se levantou, saiu do quarto e fechou a porta.
**********
Fui acordada pelo toque do meu celular. Era Alex.-Alex. -Falo, meio grogue, esfregando a mão no olho.-Espero que seja mega importante pra você me ligar de madrugada.
-Bom dia, Lory. Você ja deu uma olhada no relógio?- Fala ele, com um tom sarcástico.- São 10h da manha! Onde você esta?
-O que?! 10h da manhã?! Ai meu Deus, eu perdi o horário! Dona Isabely deve ter esquecido de programar o despertador! - Falo, admito, um pouco arrogante.
- Acho melhor você ficar em casa hoje. Não adianta mais vir para a aula. -Diz Alex.- Só liguei mesmo para ter certeza que estava tudo bem com você, amor.
Ainda não me acostumei com Alex me chamando de "Amor".
-Bom...está tudo bem...vou acordar minha mãe para ela não perder o primeiro turno no hospital. -Respondo.- Boa aula, amor.
-Obrigado. Nos vemos a tarde. Beijos.
Guardei o celular, vesti minhas pantufas e fui acordar minha mãe.
Chegando no quarto dela, me deparei com a cama vazia.
-Mãe?! -Chamei, esperando por respostas.
Mas nada da dona Isabely responder. Fui para a cozinha e, em seguida, para a sala de estar.
-Mãe?!!- Chamei, e novamente não obtive resposta.
Ela não esta em casa. O trabalho dela só começa as 11h....por que ela sairia agora?
Peguei meu celular e disquei o numero dela....chamou até cair. Tentei mais tres ou quatro vezes, mas assim como na primeira tentaiva, ninguém atendeu.
Ta bom. Agora eu realmente estou preocupada.
Percebo, então, que havia um papel em cima da mesa de jantar. Chego mais perto. Era uma carta.
Lorena Forbbs,
Minha Lory, meu amor. Não acho palavras para lhe escrever esta carta, e o que falta em palavras, sobram em lágrimas.
Cada célula do meu corpo te ama. Eu te amo como se você fosse parte de mim, e a 16 anos atras você realmente foi, e essa também foi a época que minha vida virou de cabeça para baixo, assim como a sua irá virar de hoje em diante.
No mundo, minha doce Lorena, há coisas que estão muito além da compreensão, da razão. Coisas que não podem ser explicadas, só sentidas e aceitas. E você terá que aceitar, assim como eu aceitei.
Na vida, é preciso sacrificar-se diariamente. Pelo trabalho, pela família, pelo amor. E hoje, Lory, eu me sacrifico por tudo isso, pelo mundo, mas principalmente por você.
Neste momento, enquanto você le esta triste carta, eu já estou no céu, já estou com o divino, já virei um anjo, que sempre estará ao seu lado, te protegendo. Desculpe-me, meu amor. Me desculpe. Um dia, você irá entender, e quando esse dia chegar, saberá que fiz a coisa certa, pelo bem de toda a humanidade. Pelo seu bem.
Quero que saiba que não te deixei sozinha, saiba que sempre estarei ao seu lado, mas além disso, lhe coloco nas mãos de Katherina e Isaac Graymoon. Estas são as únicas pessoas em quem você poderá confiar. Eles te explicarão tudo, sobre o porquê do meu sacrifício, sobre o mundo invisível e, principalmente, sobre quem você é, e quando eles o fizerem, simplesmente acredite.
Eu te amo. Muito. Seja forte, é só o que eu lhe peço.
Isabely Forbbs.
Isabely Firewood.
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Alma de Fogo
Teen FictionLory era uma adolescente de 16 anos perfeitamente normal, quando de repente o passado de sua mãe volta a assombrar a todos que ela ama e faz sua vida virar de ponta cabeça. Sua mãe morre, seu melhor amigo sofre um grave acidente, um garoto mist...