Mi Suerte

The luck

Iraque, outubro 2009

Acordei mais uma vez com aquela maldita sirene de todos os dias e mais uma vez me pergunto por que escolhi me alistar ao exército dos USA. Hoje seria uma dia normal, os soldados sairiam para mais um missão e eu ficaria no ambulatório aguardando qual deles voltariam vivos ou em pedaços, mas fui chamada pelo Tenente Stwart a me apresentar em sua sala. Quando cheguei e bati na porta escultei um simples "entre" ao qual logo atendi.

-Bom dia soldado Jauregui.

-Bom dia tenente Stwart, me chamou?

-Sim soldado, infelizmente não por minha vontade ou que seja do meu agrado, você é minha melhor médica aqui mas infelizmente cumpro ordens.

-Perdão, não entendo tenente.

-Você sabe que temos enfrentados tempos difíceis soldado, além de muitas perdas em batalhas, mas neste momento estamos planejando um ataque decisivo e de extrema importância.

-Sim senhor.

-Preciso de sua ajuda Jauregui, preciso que você seja a médica a acompanhar a missão, a nação precisa dos seus serviços.
Eu não sabia o que pensar agora, isso nunca fez parte dos meus planos e nem das minhas obrigações, as mulheres não iam a campo, mas o que eu poderia fazer, algo me diz que isso não era um pedido além do mais era pelo bem do meu país e dos meus companheiros de exército e convenhamos Jauregui, você não tem nada a perder nessa vida mesmo.

-Seria uma honra senhor.
(...)

Já fazia uma semana que o tenente Stwart havia me explicado a missão, se tudo ocorresse bem eu voltaria sã e salva e teria minha dispensa do exército, o plano era para captura de um dos maiores terroristas de todos os tempos o que me fazia pensar que não seria fácil regressar, só que mais uma vez eu não senti medo, afinal, o que tenho a perder. Sairíamos de madrugada e o plano era pega-los desprevinidos ao amanhecer, na teoria estava perfeito, veja bem, teoria.

-Hey Jauregay, preparada? - escultei meu amigo Lucas me chamar com aquele apelido ridículo que criou pra mim.

-Você não pode levar nada a sério por um tempo Lucas? nem em uma missão suicida deixa de fazer piadas?

-Já vi que seu humor hoje não esta dos melhores pra variar, por acaso é TPM? - sorriu sínico, eu poderia bater nele agora mas não me dei ao trabalho.

-Muito engraçado! desculpa se não estou entusiasmada para ir em direção a morte, não é meu trabalho ir a campo, não sei agir em batalha e não estou com humor para piadas. - ele frangiu a testa pra mim.

-Você aceitou ir Laur, achei que queria.

-Digamos que não foi exatamente um pedido Lucas, você sabe como funcionam as coisas, eles mandam e nós obedecemos, eu não reclamei por que não tenho nada a perder. - falei sem expressar muito minhas emoções, não que ultimamente eu tivesse alguma, não quando não se tem pelo que lutar.

-Qual é Jauregui ! não me vem com essa, você tem a perder! tipo... sua vida? você tem 24 anos Lauren, uma vida inteira pela frente, por favor não desista! - Lucas era a única pessoa que sabia sobre mim, sobre meu passado triste de menina orfã com pais assassinados em um sequestro.

-Não é como se eu me sentisse viva Lucas... não acredito em Deus, não quando ele levou meus pais e meus irmãos, pessoas inocentes, não sei o que faço aqui, não sei por que eu não fui naquela maldita viagem com eles, eu não deveria ter ficado.

-Cala a boca Lauren! as vezes tenho vontade de te bater - que coincidência amigo, também tenho vontade de te bater as vezes.- Eu sei que a minha história não é trágica como a sua, meus pais "apenas" morreram em um acidente de carro.- fez aspas no apenas como se não fosse triste também- Mas eu não me deixei abalar por isso, por que sempre temos pelo que lutar Laur, eu lutei por mim e por minha irmã, e não pense que foi fácil, doeu mais do que posso lembrar, mas passou.