O rio que me corre nas veias, está a secar,
enquanto desaguo lagos para o rio não morrer,
distancio-me do norte,
perdido, vou rumo a sul,
fico lá,
apático, azul,
assistindo ao funeral da minha alma,
lado a lado com a consciência,
que me dita palavras duras e àsperas,
fico parado a olhar,
sempre muito mais pávido que sereno.
A minha vida é tão outono,
disfaço folhas para me ajudar a subir,
doutra maneira era impossível rir,
a alegria é falsa,
a luz é escassa,
faz anos que nada se passa,
tento não pensar muito nisso,
para ir podendo viver,
vou morrendo em direção ao desconhecido,
prevertidas mentes que não o acham,
ainda estou à espera do dia em que a minha alma me ache,
mesmo que não me ache nada,
ao menos sei que a vi.
A cada passo que dou,
sinto-me a recuar,
sou tão míope, para poder ver as escadas,
sou tão pesado, para o elevador,
só a minha mente leve me ajuda a subir,
parto para o escuro,
e escondo-me debaixo do muro,
não tenho forças para o saltar,
não sinto cobardia,
pois não sinto que o possa sentir.
