Insónias pt.3

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O rio que me corre nas veias, está a secar,

enquanto desaguo lagos para o rio não morrer,

distancio-me do norte,

perdido, vou rumo a sul,

fico lá,

apático, azul,

assistindo ao funeral da minha alma,

lado a lado com a consciência,

que me dita palavras duras e àsperas,

fico parado a olhar,

sempre muito mais pávido que sereno.


A minha vida é tão outono,

disfaço folhas para me ajudar a subir,

doutra maneira era impossível rir,

a alegria é falsa,

a luz é escassa,

faz anos que nada se passa,

tento não pensar muito nisso,

para ir podendo viver,

vou morrendo em direção ao desconhecido,

prevertidas mentes que não o acham,

ainda estou à espera do dia em que a minha alma me ache,

mesmo que não me ache nada,

ao menos sei que a vi.


A cada passo que dou,

sinto-me a recuar,

sou tão míope, para poder ver as escadas,

sou tão pesado, para o elevador,

só a minha mente leve me ajuda a subir,

parto para o escuro,

e escondo-me debaixo do muro,

não tenho forças para o saltar,

não sinto cobardia,

pois não sinto que o possa sentir.



InsóniasWhere stories live. Discover now