Corpos vazios, no chão,
copos cheios, na mesa,
chamo de novo a um ano, que nada tem diferente do o outro que passou,
afasto-me de preocupações, fujo em contra-mão, sem nunca olhar para trás,
e agora, que mais um ano se vai esgotando, reparo que nada mudou,
acho que esta é uma das normas da minha vida, não ter normas,
sem normas, quem vai proibir as mudanças de não se imporem,
afogo-me na minha própria liberdade, e acabo preso,
preso e condenado, por mim próprio,
sou o ser que mais me deseja mal,
desde muito cedo, que tomei consciência disso,
ainda antes até, de perder a consciência,
em pequeno, empurrado para a ciência,
moldaram a minha essência, para um perfume caro, mas vulgar
esta não se quis moldada,
e eu tratei do assunto com garrafas, e filosofia,
fiquei assim com um perfume barato, ainda vulgar
de qualquer forma, acabei maltratado,
por querer menos para mim, do que aquilo que me escreveram.
Se pudesse definir esta obra numa palavra, diria remendo,
pois não mudou nada, o buraco continua lá,
mas disfarçou,
disfarcei aquilo que senti por entre linhas, em frente a um caderno,
às tantas da madrugada, por ser a altura
em que me consigo sentir livre,
talvez por se fazer sentir mais a dor, que de dia se disfarça com as preocupações,
na noite elas existem, mas são aliviadas pelo prazer momentâneo de não estarem presentes,
com a janela do meu quarto, penso o quão desnecessário me tornei,
que até as estrelas desapareceram da minha janela, pois preferiram ir inspirar outros poetas,
não pareço preocupado, pois faz parte de mim, nunca alcançar as minhas metas.
Os sinais de fogo na minha mão,
são o maior sinal de fraqueza,
as lágrimas que guardo num frasco,
são a maior prova que não posso provar nada,
pois já nem os cacos do frasco guardo,
partiu-se, depois de o encher com medos,
e os deixar cair , passado escassos minutos desfocados,
o passado pouco me satisfaz, assim como o presente, e o futuro,
não me quero dizer que perdi amigos, prefiro me dizer que não os escolhi,
escolhi assim, ficar sentado,
à espera que algo caía do céu, e se não for algo que me altere,
então que seja algo tão pesado, quanto a minha consciência,
para me fazer esquecer desta cena toda, à qual sinto repugnância,
anseio o dia em que as minhas preces, coincidam com os acontecimentos.
Acima de tudo, espero que não seja preciso outro ano,
para por fim a esta obra,
não a esta obra em concreto,
mas ao que ela representa, e a todos os sentimentos que foram utilizados para a tornar possível...
