As árvores têm plena consciência da vida,
têm uma noção exata do que é ser,
e um plano traçado desde do inicio,
não se ocupam a ser mais do que aquilo que são,
deixam o tempo agir por si mesmo,
porque não se preocupam com coisas que não lhes alcançam,
sentado num banco, numa obra qualquer de Saramago,
vejo o quão os humanos se aproveitam deste ser,
e ainda assim,
nunca vi nenhuma árvore com ódio aos humanos,
e porquê?
Porque elas conhecem as limitações do ser.
Tudo o que eu queria, era ser árvore,
mas sou muito mais folha,
caio todos os outonos, e sou pisado diariamente,
até aparecer alguém,
que me mete num saco, com o resto das folhas,
e joga-me para o lixo, com tanta naturalidade, que dói,
mesmo tendo passado tantos outonos,
continua a doer,
é que em pequeno, fui condenado a prisão perpétua,
numa prisão chamada dor.
