Insónias pt.19

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Insónias,

sinto os olhos colados ao chão,

a cafeína a colar ao sangue,

as pernas a colar ao ar,

os braços fracos, caiem para onde tendem sempre a cair,

e a minha mente vai tropeçando, com as minhas horas de sono,

saio de casa, a pensar que vou passar o dia todo, a pensar na altura em que chego a casa,

quando finalmente chego,

pouso a cabeça na almofada,

olho para o teto,

e vejo toda a minha vida projetada,

não consigo dormir,

vou passar mais uma noite a escrever, o porquê de não conseguir dormir,

enquanto vou queimando cigarros, para me sujar os pulmões,

para se esconderem no resto da sujidade, do meu interior.


Às vezes fico a pensar na quantidade de corpos que o Tejo esconde,

quantos cadáveres estarão naquelas águas serenas,

sou assim mesmo,

consigo estragar qualquer beleza que haja nas coisas,

e isso faz-me querer saltar,

e penso,

se me atirar, conseguirei voar?

Entretanto vou continuar a embebedar-me com qualquer coisa que não me saiba a realidade,

enquanto me vou afogando num mar de insónias,

juntando-me ao mar de corpos no Tejo, desfeitos com a idade.



InsóniasWhere stories live. Discover now