Insónias,
sinto os olhos colados ao chão,
a cafeína a colar ao sangue,
as pernas a colar ao ar,
os braços fracos, caiem para onde tendem sempre a cair,
e a minha mente vai tropeçando, com as minhas horas de sono,
saio de casa, a pensar que vou passar o dia todo, a pensar na altura em que chego a casa,
quando finalmente chego,
pouso a cabeça na almofada,
olho para o teto,
e vejo toda a minha vida projetada,
não consigo dormir,
vou passar mais uma noite a escrever, o porquê de não conseguir dormir,
enquanto vou queimando cigarros, para me sujar os pulmões,
para se esconderem no resto da sujidade, do meu interior.
Às vezes fico a pensar na quantidade de corpos que o Tejo esconde,
quantos cadáveres estarão naquelas águas serenas,
sou assim mesmo,
consigo estragar qualquer beleza que haja nas coisas,
e isso faz-me querer saltar,
e penso,
se me atirar, conseguirei voar?
Entretanto vou continuar a embebedar-me com qualquer coisa que não me saiba a realidade,
enquanto me vou afogando num mar de insónias,
juntando-me ao mar de corpos no Tejo, desfeitos com a idade.