Beth desceu as largas escadas em espiral da estufa e sentou-se em um banco de madeira que ficava perto da saída. Alguns alunos passavam por ela e seguiam em direção às aulas seguintes, parecendo não notá-la. Pegou seu celular e ligou para Vicente e depois para Lana, mas ninguém atendeu. Sentindo-se frustrada, apenas fechou seus olhos e reclinou a cabeça para trás. Respirou fundo, espantando o sentimento ruim que sondava sua mente.
- Elizabeth - disse Theo, em tom firme e estranhamente urgente. - Acorde.
Ela despertou, sentindo-se confusa e sonolenta, surpresa por ter adormecido no banco.
- O quê? - perguntou, suspirando, tentando manter seus olhos abertos.
- Você está aqui desde que saiu da aula? - perguntou, exibindo um breve e discreto sorriso. - Já faz duas horas que terminou.
- Mas eu acabei de fechar os olhos...
- Não importa - seu sorriso desapareceu. - Ligue para Vicente e Lana e diga para não irem para a nossa casa.
- Por que não?
- Apenas pegue a porcaria do celular, ligue e avise - falou, comprimindo os lábios em um sinal de claro nervosismo.
Beth tentou telefonar, mas, novamente, ninguém atendeu.
- Droga - disse Theo impacientemente, parecendo que estava falando consigo mesmo. - Acho que teremos problemas.
- Do que você está falando? - Beth perguntou.
- Não saia daqui, entendeu?
- Não tenho tempo para brincadeiras - ela suspirou, pegou sua bolsa e começou a andar pelo corredor. Ele correu para alcançá-la em uma velocidade incrível.
- Você está surda? Eu disse que não é para você ir para casa.
- Você não manda em mim - disse Beth, empurrando-o de sua frente para que pudesse passar.
- Se você não me obedecer, vou ter que te impedir a força.
- O quê? - perguntou, incrédula. - Sai da minha frente, garoto.
Theo deu um passo ao lado para que ela passasse e caminhou atrás dela por todo o percurso. Durante os cinco minutos que levaram caminhando, olhava para frente e para trás periodicamente, como se estivesse esperando que alguém o matasse por suas costas.
Ao chegarem a casa, tudo parecia tranquilo do lado de fora, mas quando entraram o som estridente encheu seus ouvidos. Havia um cheiro forte de queimado e o barulho começava a ficar ensurdecedor. Puderam ver que tudo estava quase totalmente destruído: Os quadros de Augusto estavam cortados e caídos ao chão, a mesa de jantar quebrada ao meio e as paredes chamuscadas. Em alguns cantos da casa, plantas e móveis queimavam incessantemente. Um tremor percorreu o corpo de Beth.
- O que está acontecendo? - ela gritou por sobre o barulho, aterrorizada.
- Não fale nada - disse Theo, aproximando-se, parecendo alarmado. - Siga-me.
Caminhando rapidamente pela sala de estar, passando pela cozinha, ele abriu a porta da lavanderia e empurrou a grande máquina de lavar para o lado, deixando uma pequena porta de ferro à mostra. Com um simples esforço da parte dele, a fechadura estava aberta.
- O que é isso?
- É um esconderijo. Quero que você entre e não saia por nada. Não importa o que você escutar, está bem? - falou ele, impaciente.
- Theo, o que está acontecendo? - perguntou Beth, assustada.
- Por enquanto, nada. Fique aqui dentro e tudo dará certo.

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Confidente das Estrelas
FantasíaElizabeth estava certa de que teria o ano mais tranquilo de sua vida quando se mudou para um colégio interno, no estado do Rio de Janeiro, acompanhada de sua irmã, Lana, e de seu melhor amigo, Vicente. Mas então ela conheceu os outros moradores da c...