Capítulo onze

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Quando Beth chegou à torre, olhou para baixo através da pequena fresta entre duas das rochas da parede, relutantemente. Ela sabia que havia algo ameaçador lá embaixo, muito distante da altura em que se encontrava.

Dessa vez, não havia nenhum soldado da Corte ou homens de dois metros de altura. Tudo o que podia ver eram adolescentes se movimentando rapidamente com espadas na mão, atacando seus amigos sem pestanejar.

Theo guerreava ferozmente contra um garoto que parecia ser apenas um pouco mais velho. Apesar da situação, parecia estar quase se divertindo em meio às apunhaladas errôneas do outro Guardião. Ao seu lado, Agnes, Augusto e Lucas batalhavam contra outros três.

Em um momento de impulsão, Beth se pegou desejando ser como eles.

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Houve um estrondo, como o som de várias espadas se encontrando no mesmo momento e, pouco antes de ser acertado pela lâmina do outro garoto, Theo olhara para trás. A um quilômetro dali, iam correndo mais Guardiões para o ataque.

Theo não tinha tempo para sentir dor. Sabia que não poderia se dar ao luxo de desmaiar ou de contemplar seu corpo arder. Pensou que se não olhasse para baixo, não veria como estava ferido e não sentiria como se a espada ainda estivesse fincada em seu ombro. Mas se enganou, porque poucos segundos após ter sido apunhalado, a dor cortante e alarmante o invadiu e o jogou de joelhos ao chão. Sentiu como se cada pedaço de seu corpo estivesse em chamas e, a qualquer momento, não seria capaz de sentir coisa alguma.

O guerreiro que acertara Theo chegou próximo a ele mais uma vez, levantando sua espada para mais um golpe, mas antes que conseguisse acertá-lo, Theo, apesar de toda a agonia que estava sentindo, pegou sua própria espada do chão e o apunhalou.

O garoto caiu ao seu lado.

Theo teve vontade de deitar-se onde estava e esperar com que os outros chegassem e terminassem com sua dor. No entanto, sentiu duas mãos em seus ombros e ouviu vagamente uma voz familiar, que começou a fazer sentido apenas depois de alguns segundos.

- Theo, se levante. Vamos! – dizia Beth, incansavelmente.

Theo, sem conseguir pensar muito bem, apenas fez o que ela pedira e caminhou na direção onde estava sendo guiado. Suas pernas pareciam não responder a seus comandos e a sensação de ter fogo brotando de sua pele não o abandonou.

Ele não teve consciência do quanto caminhou, se estava ainda no mesmo lugar ou em outro país. A única coisa que ocupava sua mente era a dor insuportável que irradiava de cada poro de seu corpo e dançava sobre sua pele como chamas flamejantes.

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Quando Theo acordou, não sentia nada. Literalmente.

Durante alguns segundos, abriu seus olhos e, a única coisa que parecia possível, era olhar para o teto. Percebeu que estava deitado e reconheceu o interior do local imediatamente: Estava na casa de vidro, que era a estufa do castelo.

O lugar era razoavelmente grande - com certeza maior do que a que eles tinham dentro da escola. Suas formas externas lembravam um pouco o modelo vitoriano da casa em que moravam e, suas paredes eram todas feitas de vidro, fazendo com que um brilho incrível pairasse sobre ela em dias de sol. Era quase como olhar para uma estrela cadente.

Lembrou-se que não havia estado ali por muitos anos, e foi impossível não notar que absolutamente nada havia mudado durante o intervalo de tempo. Tudo estava igual: as mesas, as banquetas, os armários e os vasos de plantas. Era lindo. Perfeitamente lindo.

Seus movimentos voltaram quando ele ouviu a porta se abrir com alguém entrando; era Beth, que estava parecendo muito cansada e preocupada, carregando na mente o tipo de problema que humanos não deveriam ter.

Confidente das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora