Capítulo 4

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A medida que a semana passava e o dia do casamento se aproximava, mais nervosa eu ficava. Cateline fazia questão de lembrar cada vez que eu me aproximava de Elijah, sobre o casamento, não que fosse constante eu me aproximar, já que nem ele nem Pyter paravam quietos no mesmo lugar.
Sentia meu coração sair pela boca, quando percebi que a cerimônia seria no dia seguinte. Julliet não me deixava passar para o jardim, desde o começo da semana.
- Está preparada para amanha?
- É a sexta vez que você me pergunta isso. E só estou contando hoje.
- Eu estou tão animada! Mamãe vai chegar amanhã, o casamento vai ser lindo!
- Vai, sim.
- Não parece estar animada.
- Você é animada por nós duas.
Cateline continuou a falar descontroladamente, mas não me esforcei para acompanhar, na verdade não dava a mínima.
- Posso roubar, Katherine de você?
- Claro!
Elijah pegou minha mão e me acompanhou até seu pequeno quarto, sem falar absolutamente nada e nem demonstrar nada.
- Algum problema?
Suas mãos me trouxeram para perto e seus lábios me tocaram. Nossas línguas travavam batalhas, minhas mãos estavam em sua nuca e as dele em minha cintura.
- Não case com ele, podemos fugir.
- Não posso fazer isso.
- Você o ama?
- Não.
- Então, pode fugir. Vamos lá, Kate.
Ele me puxou novamente para outro beijo, dessa vez mais calmo, mas ainda assim sem tempo ou vontade para acabar. Eu precisava de Elijah, não conseguia ficar alí se não fosse ao seu lado. Era o meu sol, todos os problemas se iam quando estávamos juntos.
- Vem ser feliz comigo.
Então era isso, vamos fugir e nos casar, ter uma pequena casa e um ou dois filhos. Parecia simples, mas a verdadeira felicidade estava lá, junto de meu amor. Esquecer tudo.... Como esqueceria o tratado?  Minha mãe? Minha irmã? E o pior.... Meu pai. Seria uma decepção, algo que acabaria com ele.
- Eu não posso ir, Elijah... Não posso abandonar isso tudo.
Ele se afastou, parecia magoado. Senti lágrimas escorrendo por minha face, mas eu não podia deixar tudo.
- É por que eu sou pobre, não é?
- O que? Claro que não! Elijah, como pode falar algo assim?
- Você diz que me ama, mas não quer ir embora comigo.
- Não posso abandonar meu pai, nem minha irmã.
- Seu pai não vai gostar de te ver triste, Kate.
- Não. Eu não posso largar, Pyter. Estamos na véspera do casamento.
- Essa é a sua palavra final?
- Sim.
Rodei os calcanhares e sai do quarto, sentindo o coração se quebrando, parei na escada e respirei fundo, aproveitando para limpar as lágrimas. Aqueles beijos não saíram de minha cabeça, tão cedo. Talvez nunca sairiam. Como será daqui pra frente? Ele vai querer ir embora?  Logo o peso da culpa me atingiu, não acredito no que fiz.... Mesmo que estivesse apaixonada, eu traí Pyter! Isso é inaceitável. Senti meu ombro tombar com alguma coisa, mas não dei importância.
- Katherine, você está bem?
Levantei a cabeça, Stefan me fitava preocupado.
- Estou sim, por que?
- Não minta. Está mais que visível como você está triste e abatida.
Ele estendeu a mão e limpou algumas lágrimas, como ser forte? Deixei ser puxada para um abraço, e eu não queria que acabasse.
- Sabe que pode confiar em mim, não é?
- Obrigado.
- Não lhe forcarei a nada, também não ia gostar de estar triste e me forçarem a falar. Mas gostaria de dar uma volta, para se acalmar?
- Seria um prazer.
Tomamos rumo ao norte do castelo, falamos sobre qualquer coisa que não tivesse haver com o casamento. Descobri que como eu, ele também gosta de livros , dividíamos o amor por quase os mesmas obras.
- Tenho a impressão que quanto mais falamos, mais eu me sinto feliz.
- Que bom, também gosto de você.
Talvez fosse impressão, mas acreditei ter visto Stefan corar.
- Bom... Já está ficando tarde, gostaria de voltar.
- Não são nem cinco horas.
-  Amanhã vai ser um dia cheio.
Ele deu ombros e me escoltou até a porta, novamente dizendo ter assuntos importantes a tratar.
- O que fazia com Stefan?
Me assustei com o tom de voz de Mira, seus olhos parecia uma faca afiada.
- Estava em uma caminhada e o encontrei por acaso.
- Ridículo. - ela se aproximou o suficiente para eu poder escutar seu tom de voz baixo e gélido. - Para seu próprio bem, espero que seja fiel a Pyter.
Senti um bolo na garganta e tive dificuldades a respirar, mas me contive, não ia derramar lágrimas alí.
- Mira, o que está fazendo?
- Nada, Julliet. Estava falando sobre o casamento com Katherine, os nervos devem estar a flor da pele.
Escutei passos se aproximando e Mira foi embora. Desabei no sofá, fazendo muito esforço para não chorar alí mesmo.
- O que a Mira te fez? Olha... Não de muita importância, ela faz isso com todos.
- Acha que seria capaz de agredir alguém?
- Agressão?
- Sim... Ou  matar alguém.
- Nossa, claro que não, Katherine. Eu sei que ela é difícil, mas tenho certeza que nenhum Campbell faria algo assim.
Julliet pareceu meio ofendida com isso, mas não tinha certeza, dei ombros e respirei um pouco aliviada. Talvez Mira, fosse uma irmã preocupada e estivesse com medo de ver o irmão sofrer. Mesmo assim, estava certa. Eu não devia trair Pyter, não seria justo.
- Ah... Quase me esqueci, chegou um envelope para você, hoje cedinho.
Ela me passou uma correspondência grande, num papel pardo. Sem remetente, com uma letra impecável. " Para Katherine".
Sorri agradecida e decidi abrir depois, talvez na biblioteca. Sim, seria o lugar perfeito. Quem sabe não fosse de meu pai,  com muita sorte um cancelamento de casamento.
- Vou para a biblioteca, se você não se importar.
- Claro, preciso ir ver Alec, mesmo.
- Obrigado pela conversa, Julliet.
Sorrimos uma para a outra e eu caminhei lentamente até lá, sem muita dificuldade de achar o lugar.
- Então, vamos lá.
Disse alegremente, para a carta. Sem muita demora abri e vi que em toda a extensão do papel, só três frases estavam ali. Um frio percorreu minha espinha e por pouco não soltei um grito.
" O amor pode matar. Pense duas vezes antes de se casar. A primeira a cair é a mentirosa. "
Só poderia ser coisa de Mira. Aquela.... Como ela ousa me ameaçar? Senti o sangue ferver ao repensar a conversa que tivemos hoje.
Rasguei a carta em inúmeros pedaços e tentei me acalmar, querendo acabar isso o mais rápido possível, com toda aquela balbúrdia.

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