Don't Cry, Princess

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Segunda, terça, quarta, quinta. A semana estava passando em uma velocidade inacreditável, e isso nem era o mais impressionante, o incrível era que ela estava normal. Não havia acontecido nenhum problema, eu e o Harry estávamos bem, o Louis não apareceu mais e o Niall parecia estranhamente tranquilo, ele não tinha mais tocado no assunto do encontro no sábado, até por que eu também não havia dado uma resposta para ele.
Saí da minha segunda prova do dia pronta para encontrar o Harry e a Izzie para almoçarmos, eu sentia que era capaz de comer qualquer coisa que colocassem na minha frente. Entrei no refeitório, peguei uma bandeja e um prato com talheres e fui me servir. Levei um susto quando braços rodearam minha cintura e me arrepiei quando senti alguém beijando meu pescoço, eu não precisava me virar para saber quem era, o cheiro dele é inconfundível.
- Eu já te pedi para não me assustar, não foi? – falei ainda de costas para ele.
- Eu não resisto. – ele falou deixando uma trilha de beijos do meu pescoço até o lóbulo da minha orelha.
- Você precisa de autocontrole, Harry – provoquei me virando para ele e erguendo uma sobrancelha. 
- É quase um sacrilégio você me querer que eu tenha controle perto de você, Leah. – ele disse sorrindo ironicamente e se inclinando para me beijar.
Foi um beijo rápido, mas isso não evitou as várias reclamações que recebemos das pessoas atrás de mim na fila do caixa, na verdade, eu quase tinha esquecido que estávamos de frente para a funcionária e ela estava nos encarando com impaciência.
- Iai? Eu vou ter que dar espaço para vocês transarem aqui no balcão ou a mocinha vai pagar e a fila volta a andar? – ela falou nos encarando.
- Quanto de espaço você acha que nós precisamos? – o Harry me olhou com expressão de duvida. – Você acha que consegue tirar essa caixa registradora daí? – dessa vez ele se dirigiu à atendente.
Corei instantaneamente com o comentário, mas ele parecia estar se divertindo com tudo aquilo. Paguei minha comida e saí dali o mais rápido que pude com o Harry ao meu lado rindo. Do lado de fora, corri o olhar pelas mesas e encontrei a Iz sentada em uma delas com a cara enfiada em um livro de física. Caminhamos até ela e sentamos.
- Ei, Iz. – o Harry a cumprimentou e sentou de frente para mim.
- Olá para vocês. – ela disse levantando o rosto do livro para nos olhar, depois de focar o olhar nele por um tempo ela perguntou – o que você fez, Harry?
- Como assim? Não fiz nada. – ela levantou os braços em rendição, mas o sorriso travesso ainda estava nos lábios dele.
- Pare de fingir, conte logo para ela. – falei enfiando uma garfada na boca aborrecida pelo constrangimento que ele me fez passar.
A Iz ficou revezando o olhar entre mim e o Harry, enquanto ele relatava a situação. Depois que ele terminou de contar e ambos riram da minha cara, eu tentei mudar o assunto da conversa, eu tinha que esquecer aquela cena.
- Você tem uma facilidade absurda de deixar a Leah com vergonha, eu admiro isso. – a Iz falou para o Harry enquanto voltava a abrir o livro.
- Iz, por que esta estudando agora? Você não tinha estudado ontem? Quando eu fui dormir você tinha acabado de começar a ler sobre física. – perguntei olhando para ela.
- Eehh.... – ela começou gaguejando – Não deu tempo de aprender tudo, sabe como é né? Não sou boa com exatas. – ela falou parecendo... nervosa?
Fiquei um pouco intrigada com a resposta incerta dela, ela não fazia esse tipo de coisa. Mas fui obrigada a deixar esse pensamento para depois quando um menino loiro apareceu ao meu lado.
- Boa tarde, gente. – O Niall falou acenando com uma mão. - Leah, posso falar com você um segundo? – ele pediu.
Tirei meus olhos do Niall  olhei para o Harry, ele estava sério, impassível, o sorriso no rosto dele desapareceu. A Izzie também pareceu notar a repentina mudança de humor dele. Voltei meu olhar pro garoto em pé perto de mim, me levantei e o segui até uns 4 metros da mesa onde eu estava.
- Eu passei a semana toda esperando você me responder, Le. Eu não forcei nada, fui sutil e normal. – ele falou parando para respirar – Eu realmente quero que você saia comigo, eu quero a sua companhia, porque ela me faz bem, você me faz bem. Então, Leah, mais uma vez, você aceita sair comigo no sábado?
Eu encarei aqueles olhos azuis cheios de esperança. Ele estava animado e não parava de esfregar as mãos em sinal de nervosismo. Estava sorrindo a cada 5 segundos. Eu simplesmente não podia estragar aquilo daquela forma, ia contra todos os meus princípios.
- Tudo bem... Eu aceito sair com você no sábado. – falei pensando se essa foi realmente a coisa certa a fazer – Mas eu tenho uma condição.
- Pode falar – a felicidade estava explicita.
- Não quero forçar nada, ok? Somos amigos e não quero clima pesado entre nós. Está bom para você? – perguntei
- Com toda certeza. Eu te pego às sete, viu? Até mais, Le. – ele colocou a mão no meu braço, me deu um beijo na bochecha e se afastou.
Me virei para a mesa e encontrei o Harry me encarando com uma raiva evidente no olhar. Quando me aproximei do meu lugar, ele simplesmente se levantou e saiu. Esse ato fez com que a Iz parasse de estudar, seguisse Harry com o olhar por um segundo e depois me encarasse com uma expressão de "O que aconteceu aqui?", devolvi o olhar dela com apenas um erguer de ombros voltei a comer.
O Harry não tinha o direito de ter ciúmes, até porque ele nem sabe como a conversa se desenrolou. Nós não tínhamos nada certo, não éramos namorados, nem ficantes, ou qualquer classificação normal. Ele mudava de humor repentinamente e eu tinha que aceitar isso numa boa. Todos esses pensamentos me fizeram perder toda a fome, então simplesmente larguei a comida no prato, peguei minha bolsa e levantei, indo para minha última prova do dia.
Apesar do meu mau humor, fiz uma boa prova, eu era boa em cálculo até de olhos fechados, modéstia à parte. Saí do prédio 1 de exatas pronta para me jogar na cama e ver maratona de série até dormir. Segui o caminho até meu quarto, mas fui barrada no meio do caminho, como sempre.
- Como você pôde? – ele falou me puxando pelo braço até uma área mais afastada.
- Pude o que, Harry? Não tenho ideia do que esteja falando. – falei soltando sua mão do meu braço.
- Sair com ele, Leah. Não se finja desentendida. – ele parecia prestes a explodir.
- Você nem sabem como isso realmente aconteceu, você nem sequer me perguntou! Você agiu como um babaca de novo, e ainda esta fazendo isso.
- Agora você é a vítima? – ele me olhou incrédulo – O que você quer afinal com isso? Um só homem não basta para voce? Ah, é verdade, eu havia esquecido, voce precisa de mais de um para te satisfazer. – ele falou rindo ironicamente.
Eu olhava para ele não reconhecendo o menino que estava na minha frente, meus olhos estavam marejados e eu controlava a vontade de chorar, ele estava mesmo me magoando.
- Eu sou qual, Leah? O número 3? E o Niall? Ele é o primeiro, né? Ele, realmente, deve ser muito bom de cama para ficar com esse título por tanto tempo. Ser o 1° da Leah Hansen é um puta título, é de se orgulhar. Por quanto tempo eu iria durar? Três semanas? É seu novo recorde ficar com alguém por tanto tempo. Eu acho que voce devia...
- Cala a porra da boca, Harry! – a essa altura eu já estava chorando, de ódio, de raiva, de dor. – Voce não me conhece. Não sabe quem eu sou e isso que você esta falando é uma completa mentira!
- Ahhhh, me perdoe, eu não sabia que a boa moça presente se considera virgem. Mas só para te avisar, sexo oral e por "trás" é considerado sexo, tá? Sinto te informar que voce não é mais "pura", então não precisa chorar, princesa. – ele falou rindo com desdém.
Quem era aquele idiota? Onde estava o meu Harry? Eu não conseguia mais ficar ali, simplesmente não podia. Não sei de onde tirei forças para sair de perto do Harry e correr para o meu quarto. Entrei correndo e ao fechar a porta me arrastei até o chão, deixando todo o choro que eu havia prendido sair. A dor invadia meu corpo de forma avassaladora e eu só consegui me levantar do chão e ir tomar banho quando o entorpecimento me controlou. Quando saí do banheiro a Iz já estava no quarto, ela não notou a minha indiferença e simplesmente me deu um "oi" enquanto mexia no celular. Deitei na minha cama e fechei os olhos até dormir, o que não demorou muito.
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Eram 5 horas da tarde e eu estava vendo serie na Netflix, meu dia se resumiu a isso praticamente.
Quando eu acordei, a Iz estava se arrumando para ir numa festa da piscina de alguma fraternidade, ela me chamou para ir, mas neguei o convite afirmando sentir dor de cabeça. Eu não comi nada o dia inteiro. Depois que a Iz saiu eu voltei a dormir e acordei meio dia, depois fiquei assistindo seriado.
Quando o relógio marcou seis horas da tarde, fui me arrumar para sair com o Niall. Eu não estava muito animada, mas eu torcia para que ele pudesse melhorar meu humor, ele sempre conseguia. Saí do banho e vesti uma saia jeans com uma blusa estampada, coloquei um scarpin preto e sentei na poltrona enquanto esperava o Niall chegar.
Peguei meu celular em cima da mesinha e o liguei. Ele pipocou de mensagens e ligações perdidas, algumas das mensagens eram apenas de pessoas perguntando assuntos de prova e trabalho, mas 80% das mensagens e ligações eram do Harry, na mensagem mais recente ele implorava para eu responder ele. Ao ler o nome dele na tela, todas as palavras rudes de ontem me voltaram a cabeça, mas antes que eu começasse a chorar, o Niall bate na porta. Coloquei o celular no bolso e sai do quarto para encontrar minha companhia da noite. Ele estava lindo, usava uma blusa de manga comprida, uma calça preta e um sapato cinza.
- Uau, Leah, você esta incrível! – ele falou me olhando de cima a baixo.
- Obrigada, voce também não esta nada mal, em? – dei um riso fraco e seguimos até o carro dele.
Ele foi perfeito em tudo que poderia ser, abriu a porta do carro para mim, me levou em um restaurante maravilhoso, me fez rir, me fez sentir bem. Nossa ultima parada da noite foi no cinema, estávamos entrando na sessão quando meu celular tocou, o peguei e pelo visor vi uma foto do Harry fazendo careta, respirei fundo, rejeitei a ligação e segui o Niall. Ele não ia estragar a minha noite, eu estava me sentindo bem pela primeira vez nas ultimas 24 horas. Eu não ia permitir isso.
Infelizmente, isso estava além do meu alcance. O Harry não parou de ligar e mandar mensagem durante todo o filme, na 17° ligação eu estava de saco cheio já e o Niall percebeu, ele já tinha visto que era o Harry. Eu ia acabar logo com aquilo, pedi licença ao Niall e saí para atender o telefone.
- O que você quer? – falei grossa.
- Me desculpa, Leah. Me perdoa, eu sin..– ele estava chorando?
- Depois de tudo voce simplesmente quer me pedir desculpa por telefone?! Olha, Harry, eu estou no cinema tendo uma noite legal, estou me sentindo bem pela primeira vez depois que você acabou comigo! Não estrague essa noite também, por favor! – o interrompi e desliguei.
O Niall havia saído e estava vindo até mim, ele percebeu que eu não estava bem logo de cara.
- O que houve, Le? Posso ajudar? – ele falou me virando de frente para ele.
- Só alguns problemas, Niall. Vai ficar tudo bem. – respondi.
- Era o Harry não era? Ele está tentando falar com você a noite inteira. Ele te tratou mal? Você não parece bem, você parece prestes a chorar. – ele se aproximou de mim – Tem certeza que não posso fazer nada?
- Você já fez muito por mim hoje, voce me fez sentir bem de novo, foi uma noite muito boa, teria sido perfeita se... – então eu deixei uma lagrima escapar. Ela foi rapidamente retirada do meu rosto pelo dedo do Niall.
- Eu posso fazer isso todo dia, te fazer feliz. Basta você permitir. – ele foi se aproximando de mim ate a distancia entre nós ser de milímetros.
Quem diria? Eu e o Niall naquela situação. Meu corpo estava tenso, minha mente a mil, a dele parecia estar igualmente histérica. Aquele tempo pré-beijo pareceu durar uma eternidade, mas foram apenas segundos. Teria havido um beijo, se a minha Perdição não tivesse aparecido.
- Leah... –  Ele falou com dor na voz, eu e o niall nos afastamos antes de qualquer contato assim que o ouvimos– Eu vim até aqui quando você me lembrou o quanto eu fui idiota por tentar me desculpar por telefone. Eu vim ate aqui para te ver. Eu queria seu perdão. - ele estava parado há uns dois metros de nós, com olheiras sob os olhos, o cabelo bagunçado e nos olhando com um olhar vazio - Mas, me desculpe. Acho que não cheguei em um momento muito bom.  – então eu vi o motivo da minha loucura virar as costas e sair andando para longe de mim.
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Desculpa? Então gente, eu sei que faz um tempinho que não postamos, MAS, temos uma boa justificativa, ENEM :( ... Voltaremos a postar normalmente, quartas e domingos.
Espero que gostem desse capítulo e não esqueçam de deixar a opinião de vocês e votar <3.

Blame Me // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora