Perfect Resolution

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Aproximo minha cabeça da água e encaro meu reflexo, percebo uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, uma representação do meu estado de espirito. Eu não tive nem tempo para pensar direito sobre tudo que aconteceu, minha cabeça ainda latejava.
Não tinha ideia do que fazer, eu não podia encontrar o Harry hoje, eu não conseguiria vê-lo, era de mais para mim. Entre tantas coisas ruins, tantos desastres, o Niall havia me salvado. Seria uma catástrofe se alguém não houvesse impedido o Tony.
As lembranças da noite anterior ainda me assombravam, os lugares onde eu havia sido tocada por aquele idiota ainda doíam, como se ele tivesse marcado território pelo meu corpo. Eu me sentia suja e fragilizada, toda vez que eu tentava fugir das memorias, tudo voltada e parecia que ele ainda estava com as mãos em mim.
Eu não conseguiria passar por tudo isso sozinha, eu precisava de alguém. De alguém que sempre me ajudava e me entendia. Naquele momento, eu precisava do Niall. Levantei da grama e comecei a andar para o lugar mais vazio do compus no momento: o auditório principal. Eu estava torcendo para não encontrar ninguém conhecido e ter que inventar uma mentira do porquê deu estar chorando. Ou ser grosseira e depois ter que me desculpar. Eu não estava no clima para conversas fúteis.
Cheguei ao prédio e segui para a porta de serviço, o silêncio era confortável. Dia de segunda e de quinta não há aula aqui, porque é dia das atividades extras, então esse lugar torna-se um refúgio. A porta dos fundos me levou para o corredor da escada de emergência, andei reto e saí na frente do palco, olhei ao redor e vi as centenas de poltronas vazias. Fui me distanciando do palco e subindo as escadas em direção as cadeiras mais altas, ultrapassei os últimos acentos e fui para o corredor central. Parei entre aquelas várias entradas distintas até encontrar a escada para o terraço.
Um dos segredos da Universidade de Miami é que ela fica ainda mais bonita vista de cima. Subi a escadaria até estar do lado de fora encostada no parapeito olhando o campus. Avistei o lago enquanto pegava meu celular para ligar para o Niall. Disquei o número e torci para ele atender. Primeiro toque, segundo, terceiro, quarto. Então os bipes pararam e uma voz conhecida apareceu.
- Leah? – ele estava sussurrando – Como você está? Você saiu correndo do refeitório, achei que precisava de um tempo, então preferi não te seguir. Mas fiquei preocupado.
- Por que sussurrando? Está na aula? – eu havia me esquecido que ele poderia estar ocupado.
- Estou, mas não importa. De qualquer maneira você não me respondeu, está tudo bem? – ele insistiu.
- Eu não sei, Niall. Eu fiz muita besteira ontem, eu preciso conversar com alguém, preciso organizar tudo isso antes de encarar a realidade de novo. – Dei uma pausa e encarei o lago novamente. – Eu preciso de você.
Uma longa pausa do outro lado da linha, escutei um suspiro, um som de zíper fechando e de alguém levantando da cadeira. Alguns passos apressados e então ele volta a falar.
- Onde você está? – ele pergunta.
- No terraço do auditório principal.
- Sempre em lugares altos, em Leah? – sei que ele está sorrindo. – Chego em 2 minutos, não saia daí.
Então a ligação acaba. Guardo o celular no bolso, fecho os olhos, inspiro bem forte e deixo o ar sair intensamente. Eu estou desabando, as coisas estão girando e chocando-se contra as outras dentro da minha cabeça. Estar em lugares altos me distrai, ver tudo de cima me dá a sensação de controle e conforto, mesmo que ela seja falsa, me faz sentir segurança.
Escutei a porta ser aberta, me virei e dei de cara com o Niall arfando de cansaço. Ele parecia à beira de um colapso, mas, mesmo assim, quando me viu, sorriu e veio até mim.
- Você sabe que não precisava vir correndo, não é? – ri e o abracei.
- Eu disse que chegaria em 2 minutos, lembra? – ele disse nos soltando e apreciando a vista. – E então, pronta para conversar? – ele se virou para mim.
- Não sei como vou lidar com isso. Eu traí o Harry, fui drogada e quase fui estuprada. – passei a mão sobre meu rosto. – Eu estou tentando absorver tudo antes de contar para mais alguém. É tão estranho, eu lembro de tudo, mas não parece real. É como um pesadelo que esperamos ansiosamente para acordar. – me apoiei na sacada suspirando.
- Sabe, Le, você esqueceu de mencionar que você só traiu o Harry, porque estava bêbada e sob efeito de entorpecentes. Além de ter sido forçada, você não tinha como impedir o Anthony. – ele fez uma pausa. – O Harry pode ser bem explosivo, mas não acho que ele vá condena-la, na verdade, acho que ele vai querer espancar o cara por ter feito aquilo com você.
- Eu estou com vergonha de mim mesma, eu me submeti aquela situação, fui descuidada de mais. – abaixei a cabeça.
- Todos temos momentos de fraqueza, não se culpe por isso. – ele colocou a mão em volta dos meus ombros. – Você sabe que devíamos prestar queixa sobre o que houve, não é?
- E quem vai acreditar em mim? Eu estava bêbada e o beijei antes de irmos para o fora da boate. Para a justiça ser feita em nosso país, alguma tragédia tem que acontecer, infelizmente. -  declarei.
Um silêncio se instaurou no local, cada um mergulhado em seus pensamentos. Talvez o Niall estivesse certo, talvez o Harry não me odiasse, mas eu havia ficado com o Tony na boate, antes dele partir para a agressão, eu não me afastei. Pensei no que Niall disse, cada palavra. Tentei digeri-las. Então me toquei de uma coisa que eu havia deixado passar.
- Ni, como você sabia o nome do Tony? – eu não tinha contado à ele.
- Um dos garotos que estavam comigo, Joey, reconheceu ele. Disse que o Tony estuda aqui, ele está no último ano. Ele era do time de futebol americano, mas foi expulso ano passado por agressão, que novidade em? Desde então parece que ele anda meio sumido, sozinho, ninguém ouvi muito falar dele. – ele disse.
- Que ótimo, então realmente há o risco dele e do Harry se esbarrarem? Não poderia ter noticia melhor. – a ironia era nítida em minha voz. 
- Foda-se esse cara, Le. Eu mesmo poderia mata-lo, mas ainda é crime fazer isso. Estou mais preocupado em como você está. Você sabe que teremos que contar ao Harry e à Izzie, certo? – ele me virou para ele. – Com todas as experiências que tive com o Harry, sugiro que contemos primeiro para a Iz. – ele disse soltando uma risada fraca.
- Acho que você está certo. – coloquei meus braços em sua cintura. – Vamos. – E fomos descendo as escadas até o térreo.
Estávamos andando para falar com a Izzie, eu havia ligado para ela assim que saí do auditório, pedindo para me encontrar no banco na frente do prédio do refeitório. Ela gritou comigo pelo telefone por ter saído daquela forma ontem, ela estava preocupada e se sentia culpada por ter mentido para mim. Eu só pedi para ela relaxar por enquanto e ir para onde eu pedi, para conversarmos. Foi difícil fazê-la aceitar os termos de não falar com o Harry ainda, mas no fim eu consegui.
Encontramos ela no local onde eu havia marcado. Ela me abraçou com tanta força que eu quase não pude respirar. Ela fazia perguntas sem parar e não me soltava, ela parecia com medo de me perder de vista. Fiz ela se sentar antes de começar a falar tudo. Dei uma última olhada para o Niall antes de começar, em busca de apoio, ele retrucou me dando a coragem que eu precisava. Então contei, tudo, sem esquecer qualquer detalhe. As feições da Iz mudavam conforme o relato era dito: surpresa, preocupação, e até medo.
As coisas começaram a mudar quando o Niall começou a falar sobre a parte fora da boate, eu não lembrava de muita coisa. A Iz apertou minha mão mais forte quando ele disse os detalhes, ela parecia prestes a chorar, por mim. Quando o Niall acabou, ela olhou para mim, diferente dessa vez, mais compreensiva.
- Le, me desculpa. Por tudo. – ela me abraçou – E esse canalha ainda por cima estuda aqui? Eu vou estrangula-lo com minhas próprias mãos!
- Calma, eu já estou melhor. Deixa esse idiota para lá, tenho mais coisas com o que me preocupar agora. – falei me afastando dos braços dela. – Falar com você foi fácil comparado ao Harry, eu não sei se ele vai aceitar muito bem tudo isso.
- Você não teve culpa, Le. Se ele não entender, vai ser ele que cometerá um erro. – ela disse.
- A Iz tem razão, ele seria um idiota de te deixar por causa de uma situação onde a vítima é você. – ele olhou para mim.
É nesses momentos que eu estaria no fundo do poço se não fossem meus amigos. Eu estaria encolhida em algum lugar escuro, com medo de mais para levantar a cabeça ou ligar a luz. A Iz estava do meu lado e o Niall na minha frente, ambos me olhavam com uma cara de "você sabe o que precisa fazer". Por que as vezes o certo envolve tanto sacrifício?
"Briga! Briga! Briga! Briga! "
Me virei para descobrir de onde vinha a gritaria. Meus olhos pararam em um grupo de pessoas organizadas em círculo, mas do local em que eu estava, não dava para ver o motivo de tanta algazarra. Voltei-me para meus amigos e eles já estavam em pé olhando para a confusão. Imitei eles e começamos a ir para perto das pessoas.
Era muita gente e eu não conseguia enxergar nada com tantos corpos na minha frente. Deixei o Niall e a Izzie para trás e comecei a empurrar as pessoas para chegar até o centro do círculo. Eu esperava ver os tipos de brigas de sempre: duas garotas se estapeando por um garoto, bêbados gritando coisas sem sentido, meninos discutindo para saber quem é mais másculo. Mas encontrei algo completamente diferente.
De um lado do círculo o Louis estava de joelhos com a mão em cima de sua boca que sangrava, atrás dele com as mãos em seus ombros e olhando para a frente estava Tony. E se você já acha isso ruim, ainda não sabe da pior parte. Na outra extremidade do círculo, estava o Harry, com um olhar assassino em direção ao Louis.
- Ora, ora, ora, o que temos aqui? – o Louis se levantou me olhando com aquele sorriso sarcástico. – Agora que sua namoradinha chegou, pode escutar da própria boca dela o que aconteceu ontem à noite.
O Harry me encarou com o rosto confuso, todos me encaravam, eu queria tanto sumir. O Tony me olhava também, com aquela mesma cara de quando eu tentava afastá-lo de mim, eu não tinha forças para falar.
- Temos um sério problema aqui, Harry. Acho que estamos presenciando um caso de amnesia a curto prazo. – o Louis revezava o foco entre mim e o Harry. – Vamos refrescar a mente dela, talvez ela se lembre dos detalhes. Tony, você poderia ficar entre mim e esse cara? Vimos que ele não reagiu muito bem as primeiras informações sobre o que a namorada dele fez noite passada. – ele se referiu a sua boca sangrando.
Então o lábio partido do Louis havia sido um soco do Harry. Isso era ruim, muito ruim. O que o Tony tinha contado para o Louis? Tudo, provavelmente. Mas o mais preocupante, o que o Louis havia contado para o Harry? Tudo parecia que ia ruir, bem na minha frente, e eu não conseguia me meter para impedir. Tony se pôs entre o Harry e o Louis. A barreira. Me preparei para o pior.
- Acho melhor começarmos, antes que o horário de almoço termine, não queremos que ninguém se atrase para a aula, não é mesmo? – sorriso sarcástico, voz carregada de ironia, humor doentio, o conjunto que formava o perfeito babaca. – Pronta, Leah? Esquece, foi uma pergunta boba, até porque acho que não dá para se sentir pronto quando se sabe que sua traição ao seu namorado vai vir à tona.
Eu abaixei a cabeça e senti meu corpo gelar inteiro. Minha mente gritava "Fala, garota! Se defenda, fale a verdade! ", mas eu estava com vergonha de mais, fraca de mais, a única coisa que consegui fazer foi fechar os olhos por uns segundos. Senti mãos me abraçando e percebi pelo cheiro que era a Izzie. "Graças a Deus! ". Ouvi a risada do Louis ao perceber tudo que ele estava gerando.
- Chega de enrolação. – ele começou. – Vou resumir o máximo que conseguir essa história, para não perder meu tempo. – eu o vi encarando o Harry e se movendo em quanto destruía mais ainda meu dia. – Nossa querida Leah Hansen, decidiu extravasar sua raiva e frustração "se divertindo" numa boate aqui perto. Até ai, nada que um adolescente normal não faria. Meu amigo, Anthony Lewis, a encontrou no bar e lhe ofereceu uma dose. Eles beberam, conversaram e ela o puxou para a pista de dança.
O Louis olhou ao redor para ver a reação do seu público. Ele percebeu que o Harry não estava tão alterado. Não era esse o efeito que ele queria. Então ele fez a pior coisa que podia ter feito. Ele deu a palavra para o Tony.
- Acho melhor uma pessoa que estava presente contar a partir daqui, já que a Leah está meio calada, vamos deixar o Tony falar. – Tony sorriu e percebeu o que o Louis queria fazer. Ele mergulhou de cabeça.
- Eu vi aquela garota de longe, sentada sozinha e ela era tão gostosa. Eu pensei que seria mais difícil baixar a guarda dela, mas foi só dá uma dose de whisky forte que qualquer empecilho desmoronou. – ele fez uma pausa e sorriu para mim. Eu estava com medo de olhar para o Harry. – A ideia de ir para a pista de dança não foi minha, mas cara, quando ela me puxou e começou a dançar comigo daquela maneira... Meu Deus, eu devia ter tido aquela ideia antes. – ele falava com um tom excitado, enquanto relatava. – Ela estava tão sexy, nossos corpos tão próximos, nos aproximamos mais e o calor energizava tudo. – Puta que pariu, o Harry não ia nem me deixar falar a verdade. – Começamos a nos beijar e as coisas estavam ficando quentes, ela nos afastou e continuou a dançar, quando fomos nos beijar de novo ela saiu da multidão e foi para fora da boate. A ação recomeçou na parede do lado de fora, coloquei minha mão por dentro de sua blusa sem qualquer questionamento da parte dela, estava tão excitante. – ouvi um rosnado vindo do Harry e só então o encarei, ele estava sendo segurado pelo Niall e seus olhos ardiam com lagrimas de ódio. – Infelizmente, fomos interrompidos quando um amigo dela chegou e a levou para longe de mim. – ele fingiu uma cara de decepção. – Se não teríamos continuado não é, Le? Estava tão bom.
Todas as lembranças voltaram, e eu comecei a chorar, simplesmente não consegui conter, eu me sentia tão suja, exposta. A Iz me abraçou, então o Harry finalmente olhou para mim. Acho que foi a gota d'água para ele. Não sei o Niall não aguentou mais segurar o Harry, ou se ele simples o largou. Só sei que o Harry foi para cima do Tony, derrubou ele e começou a soca-lo repetidas vezes, cada murro mais forte que o anterior. As pessoas ao redor pararam de incentivar a briga, porque perceberam que agora era uma pancadaria, o Tony não revidava, ele nem se mexia, mas o Harry não parava de bater nele.
Eu adoraria ver aquele canalha continuar apanhando, mas se o Harry não parasse, ele é que iria se prejudicar. O Harry não ouviria ninguém. Além de mim. Juntei todas as forças que eu tinha e comecei a correr em direção a cena. Agarrei o Harry e o fiz olhar para mim.
- Eu sei que ele merece isso, mas se você feri-lo mais, você é quem será castigado. – falei segurando suas mãos meladas de sangue.
Ele pensou por um segundo, depois se levantou de cima do Anthony e foi andando até a enfermaria comigo. O Niall e a Iz não nos seguiram, eles sabiam que precisávamos de um tempo sós. Ao longe vi garotos ajudando o Tony se levantar e levarem-no em direção ao dormitório masculino, acho que ele era orgulhoso de mais para deixar mais alguém ver ele naquele estado: semi- inconsciente e coberto de sangue.
Olhei para o Harry, que andava do meu lado, ele estava todo melado com o sangue daquele idiota, sua blusa, suas mãos, sua calça. Me toquei que leva-lo à enfermeira naquele estado seria estupidez. Ela iria pensar que ele matou alguém e depois foi consultá-la para ver se não sofreu nenhum machucado.
- Acho melhor irmos para o meu quarto, você vai ser levado direto para o diretor se te verem nesse estado. – declarei.
Ele não respondeu, só começamos a andar na direção do meu dormitório. Recebemos alguns olhares, provavelmente por conta do estado do Harry, mas eu decidi ignora-los. Entramos no meu quarto, ele se sentou no sofá e eu na cama. Ficamos em um silêncio desconfortável, até ele falar.
- Eu sei. – ele disse.
- Sabe o que? – perguntei intrigada.
- Da verdade, o que realmente aconteceu ontem. Da bebida. Do Tony. Da droga que ele fez você beber. E até... do que ele quase fez com você. – ele levantou o rosto e me olhou. – Le, eu sinto muito.
- Não sinta, eu vou superar, pelo menos não aconteceu. – sorri sutilmente para ele. – Mas como você soube?
- Niall. Enquanto o Tony falava a história distorcida dele, o Niall me falava a verdade. O que me estressava não era a história, mas como ele se referia a você. Como se você fosse uma vadia qualquer. Aquilo me tirou do sério, Leah. Mas a pior parte foi quando ele falou do fim, quando ele tratou aquela atrocidade como se você estivesse de acordo. Eu não aguentei. – ele colocou a cabeça entre as mãos. – Eu perdi o controle, me desculpa, é que eu queria calar a boca daquele desgraçado.
- Antes de eu chegar, você já havia batido no Louis. Por que? – eu tinha ideia da resposta, mas queria ouvir da boca dele.
- Ele te xingou, Leah. Me perguntou quanto eu pagava para você, te chamou de prostituta. – ele disse irritado. - Ele mereceu o soco que levou. Assim como o Anthony. – ele me olhou e sorriu, fracamente, mas sorriu.
- Eu ia te contar. Mas eu simplesmente não tinha coragem de fazer nada, eu estava com vergonha de mim mesma, como eu ia olhar para você? Eu ainda me sinto culpada, eu fui imprudente e idiota por pensar que ele não tentaria nada. É nisso que dá agir com a cabeça quente. – cobri meu rosto com minhas mãos, evitando mais raiva de mim. – A pior sensação do mundo é se olhar no espelho e não saber quem é aquela pessoa, quem é você.
Ouvi ele se levantar e sentar ao meu lado. Ele me envolveu em seus braços e beijou o topo da minha cabeça. Ali eu me senti segura, me senti bem comigo mesma pela primeira vez nas últimas 24 horas. Eu estava onde eu queria estar, onde eu devia estar. Depois de alguns minutos naquela posição, o Harry se levantou da cama.
- Onde você vai? – falei com uma cara de decepção.
- Não que eu quisesse sair daí, é que eu acho que preciso tirar essa roupa com sangue não acha? – ele aponta para as roupas com cara óbvia. – Acho melhor eu ir no meu dormitório.
Ele se despede e vem até mim para me beijar, eu recuo.
- O que houve? Tá tudo bem? – ele pergunta preocupado.
- Eu só preciso de um tempo, Harry. Para as lembranças de ontem à noite, perderem força. Se tornarem apenas memórias sem significado. Me desculpa. – digo abaixando a cabeça.
- Não tem problema. – ele se ergue, faz uma pausa e põem as mãos no bolso do jeans. – Arh... Vai fazer o que agora? Vai para a aula?
- Não estou com cabeça para ir hoje, então acho que nada. – digo.
- Não quer ir comigo? Depois deu passar lá podemos ir numa lanchonete ou algo do gênero. – ele propôs.
-  Claro, por que não? Eu só vou trocar essa roupa, estou com ela desde ontem. – falei. – Espera lá fora que daqui a pouco eu saio.
- Ok. – ele finalizou e saiu pela porta.
Fui até meu guarda-roupa, escolhi uma blusa de manga comprida e uma saia preta. Tirei a blusa e a calça jeans que eu estava usando. Exatamente no momento que eu estava seminua prestes a vestir a saia, o Harry entrou no quarto. Tomei um susto e a primeira coisa que fiz foi me cobrir, mesmo que só parcialmente, com a saia. Ele fechou a porta, me olhou de cima a baixo e veio andando até mim.
- Le, eu sinto muito. – ele estava mais perto. – Não dá para te ver desse jeito e não poder fazer nada. Me deixa te ajudar.
Eu não podia me ver, mas tinha certeza que meu rosto estava completamente corado. Eu não sabia o que falar, quem visse a cena acharia engraçado, porque eu estava completamente sem graça. Não sei de onde tirei voz, mas consegui responder ele.
- E como você pretende me ajudar? – falei olhando nos olhos dele.
- Da melhor maneira que existe. – ele sorri e coloca a mão na minha nuca.
Os pelos do meu pescoço se arrepiaram com seu toque, ele percebeu e sorriu. Ele me puxou em direção a sua boca e me beijou. Tudo da minha cabeça sumiu por uns instantes. Só havia eu e o Harry, nossos lábios se movimentavam cada vez com mais ferocidade, sua língua invadiu minha boca e um turbilhão de sensações invadiram minha mente. Uma de suas mãos apertava minha cintura, enquanto a outra se mantinha na minha nuca, elas puxavam meu corpo para mais perto dele regularmente. Coloquei meus braços em volta do pescoço dele e toda vez que ele colava nossos corpos eu puxava um pouco do seu cabelo, tornando o beijo mais quente.
Ele tirou o tênis e foi me empurrando até cairmos na cama, as coisas estavam indo muito rápido, mas eu não estava dando a mínima. Eu estava deitada de calcinha e sutiã com o Harry em cima de mim, ele realmente sabia como me fazer esquecer das coisas. Ele começou a descer sua boca pelo meu pescoço e uma de suas mãos segurava minha coxa. Desci minhas mãos e as coloquei por dentro da blusa dele, puxei-a para cima e ele terminou de tira-la. Passei meus dedos pelo seu peito nu, enquanto ele depositava um chupão no meu pescoço e subia novamente para me beijar.
Ele começou a pressionar minha cintura contra o colchão ao tempo que nossos lábios dançavam juntos. Meu corpo estava com êxtase, e gritava pelo dele. Suas mãos foram para o feixe do meu sutiã, ele parou um instante como se pedindo permissão. Eu nunca tive tanta certeza de uma coisa, quanto ao que estava acontecendo. Desabotoei sua calça e a puxei para baixo em resposta, ele entendeu o recado, então abriu e tirou meu sutiã. Com certeza eu estava exposta, absolutamente, mas seria bobeira usar como justificativa que eu confiava nele? Ele podia ser temperamental, muito até, mas eu confiava nele. Eu estava me entregando à ele de todas as formas possíveis. E estava feliz.
O Harry terminou de tirar a calça e a jogou no chão. Aproveitei o momento, derrubei ele de costas na cama e troquei nossas posições. Ficamos olhando um para o outro por um segundo até ele sorrir de lado e me puxar para si. Comecei a beijar o contorno de sua boca e fui em direção à orelha, dei uma leve mordida no lóbulo e ele pressionou meu seio para provocar. Soltei um leve gemido e foi como gasolina para ele. Senti ele descer mais e ficar com a cabeça na altura dos meus ombros, então ele me empurrou e voltamos a posição inicial. Seus cabelos cobriam parte dos olhos, mas eu pude ver olhando para aquele verde intenso, que ele não tinha nem começado.
Ele desceu e começou a beijar minha barriga, eram selinhos suaves, mas provocaram reações excitantes no meu corpo. Ele foi subindo até meus seios e começou a depositar beijos ao redor, ele estava me enlouquecendo. Ele beijou meu seio direito e sugou a parte superior até deixar uma marca avermelhada, fez a mesma coisa do esquerdo. Eu apertei suas costas e deixei marcas de unha, gemi com toda aquela preliminar. Voltamos a nos beijar enquanto ela massageava meu peito com uma das mãos, seus dedos livres foram descendo pela minha barriga até a parar na parte superior da minha calcinha, ele foi puxando ela para baixo com o indicador sem desgrudar nossas bocas. Minha última roupa intima foi jogada para o outro lado do quarto. Parei de beija-lo e o olhei.
- Você não acha que tem alguma coisa errada? – falei.
- O-o que? – ele gaguejou. – Eu fiz alguma besteira, Le?
- Não, bobo. – falei rindo. – Só estou dizendo que é injusto eu estar completamente sem roupas e você não. – dei um selinho nele sorrindo.
- Bom... Se é só isso. – ele pegou minha mão e a colocou no cos de sua cueca. – Podemos resolver rápido. – ele me olhou fingindo uma cara safada.
Eu ri mais e ele também, ficamos nos olhando por uns segundos até voltarmos de onde paramos.
- Tudo bem. Vamos dar um jeito nisso. – então tirei a cueca dele.
Eu estava nervosa, o que eu deveria fazer? Eu não tinha ideia. Acho que ele percebeu meu estado, porque ele me beijou como se para me tranquilizar. Eu realmente não tinha parado para pensar em qualquer detalhe da situação, eu não imaginava que iria acontecer, até porque o Harry é bem imprevisível, mas ele me passou confiança e tranquilidade a todo momento, até quando ele se abaixou para pegar um preservativo no bolso da calça. Ele o colocou e aproximou nossos rostos. Suas mãos estavam acariciando minha face.
- Eu quero que saiba de uma coisa, Leah. – eu podia sentir sua respiração quente. – Você é muito especial para mim, eu fiz muitas besteiras e quase te perdi, mas isso só me fez descobrir que desde que me deu a honra de fazer parte da sua vida não posso mais ficar sem você ao meu lado. – ele foi até meu ouvido e sussurrou. – Leah Hansen, você se tornou a coisa mais preciosa do meu mundo e eu a amo. Muito.
Uma lágrima escorreu do meu rosto suado, mas pela primeira vez ela não era a representação de dor, era da mais pura felicidade. Ele me beijou da forma mais carinhosa possível, enquanto me penetrava lentamente. Senti uma pontada de dor, mas eu estava entregue à ele. Ele ia aumentando a intensidade do movimento e minha dor se tornou prazer. Meus nervos estavam a mil e meu corpo parecia que ia explodir.
Durante os intensos minutos que se passaram, ambos soltavam gemidos de satisfação, que iam se tornando mais altos conforme o ponto máximo de excitação se aproximava. Minhas unhas cravavam em suas costas toda vez que ele entrava, mas ele tratava aquilo como combustível para a próxima. Eu sentia que estava quase no meu limite e percebi que ele também, porquê gotas de suor desciam por seu abdômen. Ele acelerou mais e meus murmúrios ficavam mais fortes. Chegamos ao topo, senti meus músculos se contraírem e uma sensação avassaladora invadir meu sistema nervoso. Acredito que o mesmo ocorreu com ele, porque ele acabou deitado ao meu lado na cama ofegante.
Ele virou a cabeça para mim, sorriu da forma mais linda possível e me deu um selinho. Sorri com a mesma intensidade e encarei aqueles olhos que agora estava em um verde bem claro e brilhante. Ele se levantou, jogou a camisinha no lixo, voltou para a cama e me envolveu em seus braços. Ambos estávamos cansados, suados e ofegantes. Mas havia sido maravilhoso.
Com o passar do tempo naquela posiçao, senti que os batimentos dele se suavizaram, sua respiração estava tranquila. Ele estava dormindo. Olhei para seu rosto e percebi que ele estava sorrindo. Senti seus braços envolvendo minha cintura e meus ombros. Aquele realmente, era meu lugar.
- Eu também amo você, Harry Styles. – então fechei os olhos e adormeci.

Blame Me // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora