I Hope You Have Decided

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O resto da minha quinta-feira tinha passado entre pensamentos e músicas, eu, realmente, havia deixado o Harry sem palavras? Ou ele era apenas mais um garoto inventando uma desculpa? Não, com certeza a primeira opção, ele podia até ser grosso ás vezes, mas acho que não fazia o tipo mentiroso. De qualquer maneira, ele não tinha o direito de simplesmente me ignorar, o fato dele passar por mim como se nada houvesse acontecido me afetou mais do que eu imaginava. Minha cabeça ultimamente se resumia ao Harry, era assustador pensar a forma como ele havia tomado tanto espaço em tão pouco tempo.
Para piorar essa minha confusão de relacionamento (se é que aquilo que estou vivendo é um), eu ainda tinha que ver minha melhor amiga/colega de quarto brava comigo. Aguentar a Izzie irritada é estressante, você sente vontade de pular em cima dela e implorar para ela falar com você, porque ela te faz entrar em desespero ao te tratar como um nada. A Izzie é muito boa em dar gelo nas pessoas e eu que tinha que arcar com as consequências dessa capacidade dela.
Na quinta de noite quando cheguei ao quarto ela estava no computador de costas para a porta, a cumprimentei, mas não recebi nada em troca, decidi não deixar explicito o quanto eu queria que ela se virasse e pelo menos olhasse para mim, então fui pôr o pijama e dormir.
Acordei ás oito e estranhei o fato de não haver sol batendo no meu rosto, o tempo estava nublado. Ao levantar da cama e ir até o banheiro percebi que a cama da Iz estava arrumada e ela já havia saído, o que era estranho, porque ela nunca arruma a cama dela. Preferi ignorar o fato e me arrumar. Ao terminar minha higiene matinal fui checar minhas aulas do dia e percebi que havia apenas três: Cálculo II, física e química. Coloquei os livros na bolsa e saí do quarto em direção ao prédio de exatas apesar da minha aula ser apenas dez horas e ainda serem nove e quarenta e cinco. Atravessei a ponte do lago e virei à direita, quando ouvi alguém me chamando.
- Ei! - um garoto com cabelos castanho claro disse- você é a Leah, certo?
- Sim sou eu, quem te disse? - o questionei
- Não faz diferença, você vai descobrir quem foi, ele apenas me pediu para te entregar uma coisa. - ele me encarou pondo as mãos no bolso nervoso.
- Que coisa? - disse querendo acabar com aquela conversa constrangedora.
Ele tirou uma das mãos do bolso do jeans e ao abri-la percebi que havia um papel ali, dobrado cuidadosamente no meio da sua palma.
- Isso - ele disse estendendo o papel para mim - Sinto muito, mas eu tenho aula agora, foi um prazer te conhecer. Até mais, Leah - ele se despediu depositando o objeto na minha mão e indo para o outro lado do lago, me deixando ali sozinha com um pedaço de papel.
Fiquei estática um momento sem saber exatamente o que fazer, mas antes de eu decidir algo eu olhei para o meu relógio e percebi que faltavam apenas cinco minutos para minha aula e uns duzentos metros até o prédio. Enfiei o bilhete na bolsa e corri em direção à classe torcendo para não me atrasar.
Escancarei a porta da sala arfando de cansaço e recebi alguns olhares de reprovação, mas não teve importância, porque eu consegui chegar na sala com dois minutos de sobra. Sentei na segunda fileira e respirei fundo para recuperar o ar, mas não tive muito tempo, porque uma menina encostou em mim puxando conversa.
- Essa aula é um saco, né? - ela disse se inclinando para frente.
- Para falar a verdade não. - eu não estava com paciência.
- Você gosta de matemática? Você não é humana, garota.
- Na verdade eu sou exatas.
- Piadinha infame, em? - ela falou me olhando de lado.
- E quem disse que foi uma piada? - olhei de volta.
- Não precisa ser grossa. - ela disse se afastando um pouco.
- Eu não fui, você que está dizendo. - me virei para frente pedindo aos céus para aquela garota sumir.
- Não quero discutir. - pelo menos em algo nós concordávamos - Eu queria te pedir um favor. - lá vem... - Eu vi que você anda bastante com o Niall e eu queria saber se você poderia me dar o número dele, pode?
Eu não deveria sentir nada, simplesmente escrever uns números em uma folha de caderno e entregar àquela menina para ela parar de encher meu saco. Mas eu só estava parada olhando para a cara da minha colega de classe, apenas isso, eu não estava escrevendo nada e nem cogitando a ideia de escrever. O quê que eu estava fazendo, afinal? Eu, definitivamente não ia dar o número do Niall para ela, apesar deu saber que o certo era entregar o maldito número.
- Iai? Pode ou não? - a menina chamou minha atenção balançando a mão na frente dos meus olhos.
- Ahh... desculpe, é que eu não sei se ele iria gostar que eu entregasse para uma estranha o celular dele - sério, Leah?! Essa foi a melhor desculpa que pôde inventar?! - Eu não quero arrumar confusão, ele é meu melhor amigo. - Essa com certeza foi pior.
- Claro... amigo... - ela prolongou as pausas enquanto se afastava - Tudo bem então, mas era muito mais fácil falar que vocês estão tendo um caso. - ela disse e foi para outra fileira.
Eu podia ter levantado e falado que não tinha nada com o Niall, mas eu não levantei, eu nem sequer soltei algum ruído. Só me virei para frente e olhei o professor entrando na sala e se organizando para começar a aula. Por que eu não dei o número? Por que? Perdi mais uma aula afogada em pensamentos, se eu continuasse nesse ritmo eu iria reprovar bem rápido.
Saí da aula de Cálculo I com nada na cabeça além do meu mais novo ato idiota. Percorri o corredor sem prestar muita atenção em quem estava na minha frente, mas meu caminho foi barrado pelo dito cujo.
- Bom dia, Le. - ele sorriu para mim enquanto seus olhos azuis me olhavam.
- Bom dia, Niall. - respondi sem muito entusiasmo, o que logo foi percebido por ele.
- Está tudo bem? - ele perguntou preocupado. Por que ele tinha que ser tão fofo e atencioso?
- Está sim, eu só estou com um pouco de dor de cabeça. - minhas desculpas do dia estavam péssimas.
- Quer que eu compre um remédio? Ou busque água? Podemos ir à enfermaria. - ele disse me guiando para fora do prédio.
- Não precisa, não se preocupe, vou melhorar. - falei tentando parecer normal.
- Tem certeza que eu não posso ajudar em nada? - ele falou virando de frente para mim e segurando minhas mãos.
- Pode ficar tranquilo, estou bem. Você não tem aula agora? - perguntei.
- Tenho, mas se quiser posso ficar aqui com você.
- Não falte aula por causa de mim, pode ir. Ficarem ótima, prometo, te mando uma mensagem depois. - falei tentando convencê-lo.
- Se é isso que você quer, eu vou. Vou esperar o SMS, ok? Tchau! - ele disse soltando minha mão e seguindo para o outro lado do campus.
Ele não tinha o direito de ser tão perfeito. Ele era atencioso, brincalhão, preocupado, lindo e fofo. Ele era o que qualquer garota mataria para ter... O que eu estava fazendo?
Continuei andando em frente sem saber realmente o que fazer quando lembrei do bilhete. Abri minha bolsa e a percorri até encontrar um pedaço de papel dobrado, peguei ele e o abri, não estando preparada para o que tinha escrito.
"Leah,
Me desculpe por ontem, eu cometi um erro, na verdade, eu cometo vários erros, mas ontem eu fui um babaca por te evitar. Eu queria te recompensar com uma surpresa em um dos lugares que mais gosto, posso? Gostaria que fosse minha companhia no almoço e me encontrasse no terraço da biblioteca às 12. Espero que venha.
                                                                                                                                    - Harry"
Eu queria guardar aquele bilhete no lugar mais protegido do mundo, porque eu sabia que com a bipolaridade do Harry, aquele bilhete podia perder todo o sentido com apenas algumas grosserias dele. Mas naquele momento não fazia diferença, eu estava muito feliz e nada ia tirar o sorriso besta do meu rosto. Olhei no relógio e já eram onze e quarenta, levantei e comecei a andar até a biblioteca do outro lado da universidade.
Eu estava mais leve, mais feliz, o efeito que ele causava em mim era tão forte que me dava medo e ao mesmo tempo vontade de querer mais. Eu estava ficando maluca? Não tenho a menor ideia, só sei que eu estava feliz e isso que importava. Cheguei à construção enorme e entrei indo em direção às escadas. Ao subir mais um degrau meu nervosismo aumentava, as borboletas na minha barriga davam voltas e mais voltas, meus pensamentos estava em um frenesi total, minha mão suava e tremia quando a coloquei em cima da maçaneta da porta do terraço. Então a girei e me deparei com uma visão maravilhosa.
Não só o fato de ali de cima eu conseguir ver todo o campus, mas também por ver o Harry sentado em cima de uma toalha quadriculada com uma cesta de piquenique ao seu lado e uma rosa na mão. Eu estava com vontade de chorar, literalmente.
Ele estava cabisbaixo com o cabelo cobrindo os olhos, quando ele me ouviu entrando ele levantou a cabeça e abriu o sorriso mais lindo que já vi na vida. Aquilo estava extremamente clichê, mas idai?
- Surpresa! - ele disse levantando-se com um sorriso tímido nos lábios.
- Harry... Eu não sei o que dizer. - falei olhando ao redor e depois focando naquelas órbitas verdes que me faziam delirar.
- Não precisa falar nada, eu que preciso me desculpar. - ele falou me entregando a flor - Sei que isso tudo parece meio exagerado, mas você merecia depois do que fiz. - ele chegou mais perto - Sei que sou bipolar, Leah, mas me perdoa, por favor?
- Não precisa pedir duas vezes. - terminei de falar.
Não precisávamos de palavras, aquilo estava além da capacidade de uma comunicação verbal. Ele simplesmente se inclinou e selou nossos lábios como se tivéssemos nascido para fazer aquilo, como se aquele sempre tivesse sido o motivo de tudo, a razão pelo qual o mundo se move.
Não tinha desespero no beijo, não tinha mentira, só tinha sinceridade, delicadeza, afeto, tinha as coisas que não podíamos expressar em palavras. Os beijos tem que ser assim, eles tem que ser uma forma de demostrar afeição e paixão, quando as palavras já não são suficientes. E foi isso que aconteceu.
Ele separou nossos lábios, mas sem se afastar de mim, ele ainda me segurava pela cintura. Olhei nos seus olhos esperando encontrar o Harry estressado, mas não encontrei nada além de um menino feliz e sincero com um olhar brilhante.
- Amanhã vai fazer uma semana que nos conhecemos. - ele disse rindo baixo.
- Não gosto muito de lembrar daquele dia, não nos demos muito bem, em? - respondi rindo também.
- Quem diria que estaríamos aqui? Se alguém me falassem isso há uma semana eu o chamaria de louco.
- Um pouco de loucura não faz mal a ninguém. - respondi dando um selinho nele.
- Não mesmo... - ele respondeu com o mesmo gesto - Acho melhor almoçarmos, Leah. - ele me puxou pela cintura até a toalha estendida no chão.
- Poxa, por que não podemos almoçar depois? - perguntei fazendo beicinho.
- Porque se você morrer de fome eu vou ser o responsabilizado, então coma. - ele falou entendendo um sanduíche de peito de peru para mim. 
- Aff - arfei e dei uma mordida no pão.
Ele deu risada e colocou um pouco de suco para mim depois de pegar o sanduíche que comeria. Durante o almoço recebi várias acusações de ser mimada, enquanto eu as rebatia alegando que isso era uma absurdo, recebendo varias gargalhadas do Harry de volta. Aquele dia não tinha como ficar melhor, o Harry grosso tinha sumido e havia deixado no lugar a pessoa por quem eu estava me apaixonando. Sim, eu estava e isso me assustava bastante, mas só de pensar nos beijos dele qualquer dúvida se dissipava. Só de pensar naqueles olhos verdes me olhando como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo qualquer sinal de covardia sumia.
Acho que agora eu sei o que estou fazendo. Eu não quero o Niall, ele pode ser perfeito, mas não para mim. Ele não causa o mesmo frio na barriga só de me olhar, ele não me enche de arrepios ao me segurar pela cintura, ele não deixa meus pensamentos em estado de loucura ao me beijar, ele não é o cara que eu quero. Ele não é O cara. Ele não é o Harry.
__________________________Oi amoras, preciso que vcs deixem suas opiniões, é importante.
Xx.

Blame Me // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora