24 horas

Começo do plano

O mal cheiro juntamente com o fino colchão molhado me fazem esquecer, por instantes, a dor na minha cabeça. Não consigo lembrar do que aconteceu depois que o telefone foi tomado das minhas mãos, minha visão ficou turva assim que senti um forte impacto.

Levanto dolorida sem saber se pegamos um jatinho ou ficamos pelo Brasil mesmo. Talvez a ligação mude em alguma coisa o que estavam planejando, talvez dê alguma pista para a polícia me encontrar, é nisso que tenho me segurar.

-A fedelha acordou - Marie aparece ao meu lado sem que tenha notado, permaneço calada até sentir um forte chute na barriga - Estou falando com você.

-Hm... - gemo tentando me proteger de seus ataques. Nos últimos dias tenho apanhado mais que toda a vida.

-Hm... - imita ironicamente - Você sabe a merda que causou? Tivemos que nos esconder neste fim de mundo por sua causa.

-On..onde estamos? - tento me levantar sem sucesso.

-Acha que vou te dizer? Loirinha azeda... Sem sal - me provoca ficando próxima a mim - James está tão furioso... Sabe o que ele falou quando saiu? "Vou dar cabo em alguém para a loirinha aprender" - imitou sua voz fazendo meu estômago embrulhar.

-Não tenho família... - gemo alisando minha barriga. Além da dor passo a sentir fome.

-Mas seu ex noivinho tem, otária - se afasta fechando a porta enferrujada.

Durmo encolhida tentando aliviar a dor, nao sei o que me faz dormir tanto, mas agradeço pois assim consigo esquecer o estado em que me encontro.

-Eu disse que ela iria fazer alguma merda - escuto uma voz masculina me fazendo acordar.

-Porra, eu nunca achei que ela fosse tão burra - James fala distante de mim.

-Vamos fazer o que com ela? - pergunta a outra voz.

-Vou segura-la mais um pouquinho aqui, estou adorando brincar de gato e rato com meu quase homônimo Hames - apesar de não enxergar, tenho certeza que sorri - Depois vou dar adeus.

-Vai mata-la? - meus pelos arrepiam e quase solto um gemido de medo.

-Estou pensando no leilão mesmo, ainda ganho um dinheiro com isso.

-Desistiu dela mesmo? - o outro pergunta com a voz um pouco mais perto.

-O que nós temos é pele, mas não sei se esta valendo a pena. Todas as vezes a cretina insiste em botar merda.

-É, se ela não ta dando conta na cama manda ela rodar logo...

-Vou pensar no que fazer - a porta bate e não escuto mais nada.

Não sei o que fazer, não posso ser vendida como uma coisa que não tem opinião, muito menos acabar morta no meio do mato sem conseguir me despedir de ninguém. Fico pensando e acabo decidindo que terei que ceder aos desejos de James, posso muito bem engana-lo ou faze-lo me libertar sem consequências gravosas.

Me levanto com dificuldade e começo a bater na porta tentando chamar atenção de alguém, depois de gritar e espernear Theodora aparece com cara de poucos amigos.

-Você ficou louca? O que quer? - me olha de cima a baixo com nojo - Está imunda.

-Preciso falar com James - peço.

-Está louca? É melhor deixar a poeira baixar...

-Não - a corto - Preciso falar com ele agora.

-Vista isso - me empurra uma calça e uma blusa branca - Vou ver o que posso fazer por você.

Acabo dormindo e quando acordo Theodora segura minha refeição com alguns comprimidos, como tudo e tomo os remédios mesmo sem saber para que são, pelo menos não fico acordada sem fazer nada.