Bonus

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-Estou bem, Hames - grita me afastando - Como se você quisesse realmente saber.

-Eu quero saber... - sento no sofá afrouxando minha gravata - Você está passando mal há semanas, Helena.

-Eu estou bem - anda em direção ao nosso quarto batendo a porta.

Fecho os olhos sentindo minhas forças se esvaindo, depois que os meus três informantes foram mortos não sei o que mais posso fazer. A direção está querendo me afastar, afirma que a operação está parada, que estamos andando em círculos há meses.

Meu celular toca roubando minha atenção, atendo nervoso vendo capitão Greick falar do outro lado.

-Hames... - fala enrolado em uma tentativa de falar o português corretamente - Como anda o caso?

Depois que fui informado à respeito do processo administrativo que entraram contra mim, falei com capitão Greick a fim de saber como proceder da melhor maneira. Apesar de só morar há seis meses no Brasil, tem muita influência dentro da polícia.

-Péssimo - suspiro - Cortaram minhas verbas e não receberam os papeis dos homens que tinha mandado investigar James.

-Não receberam nenhuma papel?

-Não, pediram os depoimentos e disseram que não poderiam entrar em uma operação com apenas histórias contadas por telefone.

-Fouda - diz tentando xingar em português - Estou tentando abrir uma equipe de operação rápida para varrer o local, só precisamos achar a casa. Agora eu não entendo porque a polícia de lá não se manifesta.

-A área, segundo meu informante disse, é perímetro de traficante, polícia não entra por ali.

-Porra, mas James está ali..

-Mas não temos provas, apenas o que escutei...

-Já não é bastante? Você é chefe.

-Não - suspiro derrotado - A polícia não vai entrar em guerra com o tráfico sem provas concretas, quase toda a área ali é comandada por eles.

-Hm... Vou tentar agilizar algo com o FBI, já trabalhei lá e vou cobrar alguns favores. Até depois.

Desligo o telefone o jogando em uma poltrona ao lado do sofá, volto a me sentar sentindo que talvez uma nova esperança possa surgir.

-Hames... - escuto sua voz baixa se aproximando - Desculpa.

-Estou cheio de trabalho e você não entende - me viro olhando duro em sua direção - Não adianta pedir desculpa e não contar o que está acontecendo.

-Acho que o momento não é propício...

-Não é propício para que? Vai esconder outra coisa de mim? - vejo seus olhos vacilarem com minhas palavras. Eu sei que não deveria falar assim, mas ainda sinto rancor - Estou esgotado, Helena! Ainda tem a merda de saber que já se envolveu com um dos homens dele... Isso para mim é o pior.

-Ele estava me ameaçando... - sua voz começa a ficar engasgada - Ele me ameaçou, ameaçou nossa família.

-Eu sou da polícia, não poderia ter me falado? - fico em pé enquanto a vejo se sentar no sofá. O pior foi ter descoberto sozinho, nenhum momento ela pensou em me falar, nenhum momento confiou em mim - Eu iria te ajudar, iria confirmar em você... Você é a porra de uma prima, minha família - grito as últimas palavras sabendo que a magoam. Desde que começamos a ficar juntos, ela sempre pede para para-la de tratar como prima.

-Hames...

-Sabe o que estou passando? O departamento está em cima de mim, os meus dois casos recentes foram arquivados por falta de provas... 3 meninas morreram como queima de arquivo.

-Hames...

-Fernanda está lá sei onde, porra - grito a assustando mais - Você tinha como me ajudar e simplesmente não falou. Nem tente falar que me contou, só abriu a porra da boca quando eu pressionei.

-Não tenho culpa se ela foi sequestrada... - grita se levantando - Eu não falei com medo, só quero um pouco de compreensão... Um pouco de paz

-Você quer que eu ande em paz sabendo que a mulher que eu amo não está aqui? - Helena se afasta limpando as lágrimas, vejo mágoa e decepção quando me olha profundamente.

-O homem que eu amo está aqui na minha frente e não liga para mim - senta no sofá parecendo esgotada - Não sabe como é ouvir isso de sua boca.

Fico parado engolindo em seco, nunca tinha escutado da sua boca que me amava, nunca a tinha visto tão frágil, o remorso começa a bater.

- Tudo está dando errado... Estou esgotado... Estressado... - me sento no chão a sua frente alisando seus joelhos - Eu... Eu não tenho para onde correr, não tenho nada...

-Você tem a mim, querido - passo os dedos limpando suas lágrimas enquanto sinto suas mãos envolverem meu rosto - Você tem a nós.

Me permito chorar em seu colo, sinto um carinho em meus cabelos fazendo com que meu corpo entre em calmaria. Após alguns minutos levanto a cabeça sem ter notado o que disse.

-Nós quem, Helena? - me afasto assustado. Desço meus olhos em seu corpo e antes de chegar no canto que quero o meu celular toca.

Me levanto ainda temeroso tocando no aparelho, meus pelos arrepiam ao notar um número do exterior.

-Hames... - sua voz me diz em um sussurro - Não me retorna.

A chamada desliga antes mesmo de pensar em algo.

Achei
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17/02/16!!!

24 horasOnde histórias criam vida. Descubra agora