Capítulo 6 - Parte 2

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- Zoiiiiiiiiiii!! Acorda, mulher!

- Hm? Alice...? O que...

- Você vai se ATRASAR!!!

Levanto num pulo, mesmo sem me lembrar para o que eu ia me atrasar. Mas logo lembro.

-Que horas são?

- 8:00!

Fui voando para o banheiro e tentei escovar meus dentes na velocidade da luz, o que não é nada saudável e eu quase vomitei. Que dia para acordar tarde. Eu me acostumei a acordar realmente cedo (apesar de dormir de novo, na maioria das vezes) mesmo assim as vezes dormia demais. Depois, tinha que escolher uma roupa, decidi ir com uma calça jeans de sempre e uma camisa do Snoopy. Fui tomar café.

Exatamente quando eu estou no último gole a campainha toca. Dou um suspiro de alívio por ter conseguido fazer tudo a tempo e vou atender a porta.

- Bom dia! -diz Chase, contente.

- Bom dia. -respondo.

- vamos, a igreja é a poucos quarteirões daqui.

Seguimos caminhando. Ainda bem que hoje não está tão quente, então você pode caminhar pela cidade sem derreter no sol. Chegamos em poucos minutos e eu recebo uma onda de nostalgia.

- Eu... Conheço esse lugar... -claro que conhece, sua anta. É aqui que você conheceu Chase, aqui que vocês brincavam depois dos cultos.

Entramos e o culto começou. Houve alguns louvores e leituras bíblicas; tive que pedir pra ler na bíblia do Chase e explicar pra ele que perdi a minha já tem algum tempo. Saber disso deve ter sido preocupante pra ele, por que de repente seus olhos se focavam em um ponto distante e ele parecia mergulhado em pensamentos, com uma expressão estranha. Mas eu acho que ele está tramando alguma coisa.

Quando chegou a hora da mensagem resolvi me esforçar para prestar atenção, eu já estava cansada de nunca prestar atenção em nada e estar sujeita a cair no sono 24hs por dia. (Isso é um atraso de vida!)

O pregador falou sobre a hipocrisia em que muitos vivem nos dias de hoje, pessoas que só acabam enganando a si mesmas e tendo vidas vazias. Por algum motivo eu achei  uma pregação bem interessante.

Enquanto todos estavam dividindo as classes, uma garota veio falar comigo.

- Zoey? É você mesma? Oi! Sou a Ana, lembra de mim?

- É... Ana? Desculpe, eu não me lembro.

- Sério? -ela parecia confusa, Chase estava pensativo de novo. Ele então disse:

- Vamos entrar pra classe, Zoey. -e eu segui ele.

- Quem era Ana?

- Era uma das crianças que brincavam de manja-pega com a gente de vez em quando. Tinham várias, tudo bem você não lembrar. -ele parecia estar tendo lembranças de novo-...você nunca teve uma memória tão boa, haha.

Apesar de rir ele ainda parecia triste, ou distante... Isso está me enlouquecendo.

- Chase... -ele provavelmente não me ouviu, então eu deixei pra lá. Deve ser apenas impressão minha.

Entramos na classe de adolescentes. A atmosfera aqui é tão boa, agora vejo como senti falta de estar aqui. Mas mesmo assim... É como se algo estivesse faltando. Não lembro se me sentia assim antes, mas isso me incomoda a ponto de eu não conseguir me concentrar em nada do que o líder diz. Ou consigo? Estou confusa.

Quando tudo termina, vou tomar água enquanto Chase conversa com algumas pessoas. Ele parecia contente, mas logo se despediu. Ainda bem, porque eu quero ir pra casa. Vamos caminhando de volta, a casa dele é um pouco depois da minha. Nenhum de nós fala nada, e ele está novamente no mundo da lua. Engraçado. Normalmente sou eu quem fica viajando na maionese. Paramos em frente a minha casa.

- Bom, é isso. Até amanhã, Chase. -me despedi. Ele me olhou levemente confuso.

- Você não vai pro culto da noite?

- Ah, é mesmo, o culto da noite... Na verdade eu já tenho planos pra essa noite. -planos esses que incluem minhas séries favoritas e um balde de pipoca.

-...Certo! Então até amanhã! -e lá se vai ele. E eu vou de volta para minha casa.

-//-

E lá se foi mais uma pedra. Quebrá-las no muro tem realmente me distraído. Jogo elas com toda a força, sem ter pena de nenhuma. Meus braços doem e eu estou cansada. Quando percebo já estou deitada na grama. Respiro fundo e fico vendo os desenhos no céu, que já começa a avermelhar. Devo ter ficado nisso a tarde toda. Olho mais acima, e uma forma estranha me chama atenção. Ainda está lá. Velha e cheia de folhas mas ainda está lá. A casa da árvore em que passei tanto tempo.

Me levanto e vou em direção a ela. Subo corajosamente os degraus, que são tábuas pregadas no tronco da árvore. Elas tremem. Isso é realmente muito perigoso, não sei como meus pais me deixavam brincar aqui. Passo pelo buraco que chamávamos de porta e me sento na beira da nossa "varanda" (agora vejo que deve ter faltado madeira na parede e meu pai nos convenceu que fazia parte do estilo da casa, pôs uma cerca e disse que era uma varanda). Passava meus dedos por aquelas tábuas. Sinto algo molhado escorrendo pelo meu rosto. Por que estou chorando? Basta eu pensar nisso para começar a chorar de verdade (Mas acredito que algo no meu subconsciente saiba o motivo).

Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas acabei caindo no sono.

Um Começo ao Teu Lado (hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora