O Manifesto Primordial

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História de Arthor, página 22, cap.3 Acerca do Princípio de tudo.

A verdade é que ninguém sabe como tudo começou.

Mas todos concordam que de certa forma Ele estava lá no princípio, excelso, assentado acima das estrelas dos primeiros dias. Os elfos do norte o chamaram de Elohi, que no dialeto dos homens de Arthor significa "Aquele que veio antes", também o chamavam de "Iluminado" ou apenas "Supremo".

Os sábios dizem que os elfos estavam aqui incontáveis eras antes que os primeiros homens desembarcassem na Costa Tormentosa, ou que o primeiro Primogênito dos Dragões vagasse pelas montanhas de Sulfur. Eles contavam a estória do principio através de poesias e cantigas na língua antiga. Canções tristes e serenas, entoadas de tal forma que apenas eles saberiam reproduzir fielmente.

Muitas dessas canções foram esquecidas com as primaveras que vieram, contudo, algumas delas os sábios de Duergar guardaram para si, quando os Altos Elfos deixaram nossa terra durante a segunda Era das Correntes. Um pedaço de sua cultura e tradição ficou conosco e com aqueles que restaram na Elferia, como nós chamamos as terras élficas que restaram.

A primeira e mais importante delas é chamada de Manifesto primordial. Não se trata de uma canção, ou de uma poesia. Mas sim da única narrativa élfica que temos sobre o que havia No Principio.

Normalmente o manifesto era dividido em sete partes, cada um deles acerca de um "ato" da criação do Supremo. Poucos hoje acreditam nessas palavras, principalmente os magos, tão afoitos por conhecimento das coisas do mundo, segundo alguns, não passa de uma fábula alegórica.

A verdade é que até hoje não entendemos a verdade acerca da Era antes das Eras.

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"No principio nada havia.

E então Elohi disse: Haja luz!

E então a primeira luz brilhou em meio ao vazio, de seu brilho fugaz a primeira sombra surgiu. E então ali existiu Ordem e Caos, luz e sombra.

Sua essência se expandiu por distâncias incalculáveis até que a luz iluminou todo o universo, adentrou por entre os cantos mais obscuros e todas as formas se tornaram visíveis para o Supremo.

Mas ainda havia sombra na face do abismo. Na escuridão, vazios e sem forma, incontáveis mundo jaziam ali, disformes. Em locais onde a luz de Elohi não chegava.

Então o Supremo forjou para si os Primogênitos, e deu a eles a forma e a essência de si próprio. Deu a eles também asas, para que voassem pela face do abismo.

O primeiro, branco como a alva neve do inverno,  chamou de vida.

O segundo, negro como a sombra do abismo,  chamou de morte.

Ao terceiro, vermelho como as chamas do fogo primordial, o Supremo concedera o poder dos outros dois , e o chamou de tempo.

A essência d'Aquele que veio antes tornou se a expandir, e então os mundos disformes tomaram forma, terras e mares, fogo e ar se formaram da expansão de sua luz.

E Elohi viu que era belo.

Deu a seus primogênitos o poder de governar sobre os mundos que haviam se formado. Mas, eles ainda eram vazios e sem forma.

Foi quando o Supremo avistou o que estava escondido nas sombras. Da Ordem o Caos surgiu. Criaturas inimagináveis surgiram na face do abismo, cujas formas nenhum mortal conseguiria conceber, e estes foram chamados de Três Males e seus guardiões de os Grandes Antigos.

Então o Supremo fez para si os seus guardiões, aqueles que nós chamamos de Imortais. E antes que qualquer um de nós abrisse os olhos pela primeira vez, uma guerra foi travada.

Luz e Sombra.

No fim, apenas os primogênitos prevaleceram sozinhos na imensidão que o Supremo havia criado, e então a ambição veio aos seus corações e pelejaram entre si.

Quando os três usaram de suas essências para ferir uns aos outros, o Supremo ressurgiu dentre eles, nascido de sua forma.

Então se fez aquele que é três em um só. E Ele reinou absoluto.

Ele expandiu a sua essência por entre os vincos do universo, e tudo se formou através dEle. Até que desapareceu. Da sua luz que restara, fez se as primeiras estrelas que iluminaram nosso mundo, ainda vazio.

Houve então tarde e noite.

"O primeiro dia." (...).

Aqui termina a primeira parte.





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