Floresta ao lado da Cidadela dos Homens. Ao norte de Arthor.
Na mesma noite.
Dificilmente os homens caçam depois do sol se pôr. As sombras da floresta intimidam e é nesse momento que os predadores mais hábeis saem para garantir a sua presa. O mais furtivo dos animais a se mover na escuridão, se define como o mais letal.
A única coisa que brilhava entre as arvores opacas era o brilho dos olhos verdes da fera, uma criatura felina, esguia e de pelugem negra que se movia cautelosamente por entre os arbustos. Seu alvo era um pequeno foco de luz alguns metros á frente, um punhado de tochas postas em círculo, às chamas já minguavam aos poucos. Alguns cantis e mochilas se amontoavam perto de uma das árvores, ao lado uma pequena garota dormia, não parecia ter mais de oito anos.
Uma presa fácil.
A fera se aproximava lentamente, a respiração era gradual e lenta, transpirava confiança. Contudo, ela não esperava que havia outra criatura ali, a espreita, escondida nas sombras.
Andjew estava atrás de uma árvore, percebera á aproximação da criatura á alguns instantes.
- Respira. Inspira. -
Ainda não.
Segurava com força as lâminas que carregava nas mãos.
- Respira. Inspira. - Só mais um instante.
- Agora! - Não. Calma. Você não pode errar.
Ele olhou de soslaio para a criatura, ela estava prestes a atacar, os passos mais firmes, um de cada vez, até que disparou em direção a garota.
- Agora!
Andjew saiu de trás da arvore em uma velocidade absurda, as mãos doíam por causa do frio, mas ele não pestanejou. A fera parou a investida subitamente, os dois se encararam. Dois predadores na noite.
Os patrulheiros, como Andjew, estão acostumados a lidar com animais, sejam eles selvagens ou não, a floresta é quase uma extensão do seu próprio corpo. Ele compreendia cada pequeno passo da fera, cada expressão felina, por isso, quando ela atacou, a resposta foi imediata.
A pequena garota acordou, mas não se assustou, apenas se recolheu para mais perto da árvore, foi com a mão para uma das bolsas e sacou uma adaga rústica, segurou contra o peito, como um amuleto de proteção.
A fera saltou, como uma sombra na noite. Grunhiu enquanto cravava as garras no braço esquerdo do patrulheiro. Ele segurou firme, sentiu a dor correr pelos braços e despontar na espinha, aguda. Se desgarrou da criatura e girou o corpo, as lâminas fizeram um arco no ar.
O primeiro golpe passou direto, mas, o segundo veio.
Na sombra do primeiro.
A lâmina desceu, indefensável. Atingiu a fera pouco abaixo do pescoço, o sangue jorrou. No mesmo instante ela se afastou, acanhada, soltando ganidos agudos.
Andjew pegou uma das poucas tochas que haviam sobrado e afastou a criatura, que correu para a escuridão da floresta, de onde havia saído. Ele arrancou um pedaço da roupa, limpou o sangue da lâmina e guardou as espadas.
- Pegue nossas coisas Rachel, temos que sair daqui.
A garotinha se encolheu, o rosto corado, lágrimas desciam.
- Ei, calma. Nós vamos sair daqui - Andjew agachou perto de Rachel. Enxugou as lágrimas.
- Eu só queria ir pra casa, apenas isso. - a voz era fraca, eles estavam na floresta há semanas, a comida já havia acabado.
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Lembranças de um deus caído
FantasyNikki é o último de sua estirpe. O último draconato vivo no mundo conhecido. Sem lembranças do passado, a única informação que ele tem é que sua linhagem descende de uma família poderosa e muito antiga. Em um mundo regido por leis de aço e magia...