Capítulo V- Sorria

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Meu Deus o que eu havia aceitado?, os pensamentos não paravam um segundo na minha cabeça, enquanto íamos em direção à o mesmo ford azul da noite passada, mais como?, ele estava intacto:

- Não me diga que esse carro é aquele de ontem?- Perguntei olhando indignada pra o mesmo ford azul.

O garoto ainda andando em direção ao carro fala:

- Claro que não, vai demorar um tempo do cacete até eu recuperar meu carro, talvez nem recupere, esse é do meu amigo emprestado.

- Amigo confiante esse- Falei.

Ele olhou de relance pra mim com um sorriso e falou:

- Ele teve a mesma coragem que você a aceitar o convite.

Isso já me deixou com muito mais medo, entramos no carro que era um modelo bem bonito, e ele deu partida, durante o caminho eu apenas olhava pra janela, silêncio eterno, e também percebia que de 5 em 5 minutos ele me encarava, até que se manifestou em falar:

- Então, quais lugares sua prima te mostrou- Ele pergunta olhando para frente.

- Hum...fomos ao obelisco espacial, ah...alguns lagos e parques, o mais legal deles foi em u...

-Union, ele me interrompe, bom...Ela te mostrou locais bem convincentes daqui, mais não te mostrou os Melhores, já sei aonde iremos.

Comecei a observa-lo, com o rosto todo roxo, parecia nem se importar com o que acontecerá, seus olhos concentrados a frente, talvez conhecer alguém diferente seria uma vantagem mais fácil de viver aqui, e ele não parecia ser chato.

Ele estacionou o carro, perto de umas árvores, era uma praia muito bonita, eu estava mais encantada por aquele lugar do que todos que vi hoje, tinha em meio a areia duas trilhas de trem e dava pra ver todas as luzes da cidade, já o segundo fomos até o portão de entrada:

- Está fechado- Falei enquanto ele se mostrava não preocupado e outra era tudo muito legal mais estava escuro, e eu com medo daquele cara.

- Não seja por isso- Ele pula a cerca, vamos dessa vez eu te seguro- Ele sorri.

- Claro que não, está me dando um motivo pra ter medo de você, fora todos os outros- Falei recuando.

- Espera, eu paro, ninguém vigia aqui a noite, e os que fazem isso são inúteis, ninguém vai nos ver aqui- Ele me olha com uma cara de cachorro perdido da mudança.

- Meu Deus porque fui aceitar isso- eu segui pra subir a cerca e dessa vez ele me segurou.

Seguimos uma trilha, até chegarmos a praia, ficava tudo muito mais lindo sendo visto de perto, eu não sabia o que dizer, sentamos na areia perto de um dos trilhos, ele tirou seu gorro e mecheu um pouco no cabelo, eu só admirava feito uma criança tudo aquilo:

- Eu disse que valia a pena- Disse ele abrindo um sorriso frio.

- Ok...então porque estavam atrás de você ontem?- Perguntei.

- Porque eu te diria?- Ele fala já com a expressão seria.

- Talvez porque sou sua "convidada" e você disse que nos conheceriamos, justo não? - insisti.

- Comprei...umas coisas na mão deles é acabei atrasando o pagamento, Rushell não é um cara de negócios assim- Ele fala.

- O loiro? - Pergunto.
Ele assentiu.

- Drogas não era?- tentei ser direta.

- Bom...olha minha vida nem sempre foi boa, meu pai era um bêbado que batia na minha mãe toda noite, e quando fugimos dele vinhemos pra cá, ela conheceu outro cara e nem me dava mais atenção- Ele parou de falar e começou a olhar pra praia,- mais ela pelo menos parece feliz, eu já perdi minha chance fudida na faculdade e agora ando assim....- Ele olha pra mim- me desculpe pela melosidade aqui- e já abre um sorriso.

- E você? Garanto que deve ter uma vida bem melhor, morando naquela casa....

Nem sabia o que dizer, Sam parecia sofrer, já eu:

- Meu pai....Ele..e..Ele morreu quando eu tinha 5 anos, desde isso minha mãe não conseguia mais mais nos manter e assim tivemos que mudar, fomos pra New Jersey só que depois disso...sempre foi assim, nunca paramos em um local, então...

- Não precisa mais falar- Ele interrompe- nossas histórias não Sá lá de impressionar- no rimos.

Olhando pra aquele lindo lugar por mais alguns instantes, nos saímos, Sam queria ir à outro lugar, e acho que meu medo havia sumido.

- Aonde vamos agora?- Perguntei curiosa.

- A um outro bom lugar, que acho que você vai gostar, então Alex você bebe?- Ele pergunta.

- Não, ah céus....um bar?, não quero ser babá de ninguém ouviu- Falei logo, já havia até entendido a dele.

- Relaxa, não é um bar qualquer- Ele falou com uma expressão Alegre.

Parecia o centro da cidade, ele estacionou o carro em uma vaga e saímos, o bar realmente parecia ser legal, nos entramos.

Ele foi logo pedindo uma cerveja, eu pedi um café:

- Só não beba demais, ainda não tenho fatores suficientes pra saber quem é você- Falei tomando um pouco do café.

- Não vou decepcionar minha convidada- Ele falou sorrindo.

Durante esse tempo eu até havia esquecido que quando eu chegasse em casa estaria em uma grande encrenca, mais que se dane, eu pela primeira vez nos meus 17 anos estava me divertindo e com Sam.

Ele já havia tomado mais de 8 cervejas, já era muito tarde, e eu já estava preocupada:

- Acho melhor nos voltarmos, estou vendo que vou ser a babá aqui- Falei.

Fomos em direção ao carro de volta, ele procurava as chaves que obviamente eu já havia pego, tirei as chaves do bolso as levantando e falei:

- Não acha que eu vou deixar você dirigir nesse estado não é Sr.Sam.

-Mais como...Alex, vamos me dê as chaves- Ele falou com um sorriso estendendo as mãos.

- Não, eu dirijo- Falei.

- Alex, não queira brincar agora- Ele falou com um sorriso malicioso.

Ele veio atrás de mim tentando pegar as chaves, e eu de todas as formas desviando dos seus ataques:

- Estou perdendo pra perdida?, não aceito isso- Ele riu e eu também.

A brincadeira não durou muito até que ele veio pra cima de mim aproximando meu corpo a uma das paredes e deixando o dele bem colado ao meu, eu virei instantâneamente e dava pra sentir o hálito de álcool dele, com aquele olhar verde e fixante.

Consegui desviar de seu corpo, e ainda vermelha:

- Não faça mais isso Sam.

- Pensei que era brincadeira- Ele falou abrindo um sorriso malicioso,- tudo bem, eu desisto, dirija jovem Alex, e não nos perca em Seattle.

Coloquei ele dentro do carro e dei partida, com certeza o momento mais vergonhoso da minha vida.

Chegando na minha casa, tudo parecia apagado, acho que eles nem perceberam que eu sai, agora o problema era Sam, eu não iria deixar ele voltar daquele jeito pra casa:

- Vamos, eu vou te colocar na garagem, amanhã antes que te vejam você sai- eu falei.

- Eu posso voltar sozinho, sem problemas.

- Não senhor, você vai dormir aqui- Falei o pegando pelo braço não machucado.

Ajeitei um bom local pra ele dormir na garagem, e como estava frio, colocamos o carro pra dentro e ele se acomodou:

- Boa noite perdida, até amanhã- Ele fala já deitado.

- Perdida...boa noite Samuel- o provoco.

- É Sam- e assim eu saiu fechando a garagem.

Ok, essa noite foi muito divertida mais também depois do que ele fez comigo no estacionamento eu já estava com outros pensamentos, consegui subir de volta pro meu quarto e realmente ninguém havia notado, pelo menos eu acho, tomei um banho, me troquei e logo depois de me jogar na cama apaguei.

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