A biblioteca do Instituto

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KHALLYNA

Àquela hora da madrugada Khallyna já estava quase sendo vencida pelo sono. Somente uma obcecada como ela para estar acordada até tarde, ainda por cima na biblioteca do instituto. Aquele lugar era um dos seus prediletos no mundo, o cheiro de conhecimento antigo era confortante.

O lustre negro de ferro a luz de velas não estavam cooperando com ela, sua luz estava quase se extinguindo. Mesmo com a iluminação tênue ela saberia descrever cada cantinho daquele lugar.

Era uma imensa construção arredondada de teto abobado com uma claraboia tomada por estantes e mais estantes com várias prateleiras circulando-a. As estantes tinham mais de cinco metros de altura e eram feitas da madeira do carvalho branco pintadas de marrom claro degradando ao escuro. Continham talhados vários símbolos mágicos.

A biblioteca mantinha-se suspensa por pilastras de mármore branco e preto e dividia-se por suas gigantescas estantes. Continha um amplo acervo de livros esotéricos, manuscritos e papiros com diversos feitiços que se organizavam por temas, títulos e autores de A a Z. Mesas de marfim preenchiam os espaços das divisórias entre as estantes.

Do lugar que ela estava não conseguia enxergar o balcão e a poltrona da Sr.ª Memphis que se encontrava no hall de entrada da biblioteca. Mas ela sabia que em cima do balcão estavam alguns livros grandes e volumosos, ao lado dos livros, empoleirado em um baú pequeno vermelho estava à coruja da Sr.ª Memphis. A coruja era de metal e folheada a ouro. Era um artefato mágico e especial para a bibliotecária do instituto, ela alegava que quando ativo o mesmo respondia qualquer pergunta em forma de enigma.

Uma ampulheta de madeira velha marcava o tempo. Ao lado do balcão uma escrivaninha continha várias gavetas trancadas com cadeados de metal. Khallyna sempre imaginava que tipo de segredos haveriam ali.

Talhados no teto símbolos mágicos que eram tão antigos que Khallyna não sabia ao certo quantos séculos tinham.

No meio da biblioteca, sobre um tapete cor de vinho com bordas brancas estava um pedestal de concreto, uma grande esfera de energia pairava sobre ele. Aquela energia era um recurso extra para feitiços que exigiam uma alta quantidade de magnum do feiticeiro.

No instituto havia outra biblioteca um pouco maior e mais contemporânea, mas não era tão cativante quanto essa. Essa era restrita apenas a instrutores e Conselheiros. Mantinha-se trancada por um feitiço que para a sorte de Khallyna ela o havia memorizado espreitando a Sr.ª Memphis o conjurar uma vez.

Por maior que fosse essa biblioteca e a outra, ambas não se comparavam com a do palácio do Conselho, mas abrigavam um acervo excelente de livros.

A biblioteca funcionava por feitiços assim como suas estantes que se moviam magicamente. Você conjurava um feitiço simples de localização falando o tema, título da obra ou autor do livro que magicamente os livros voavam de suas prateleiras formando fila, suspensos no ar envolvido por um circulo que variava de cores e símbolos, você tira o livro desejado e pronuncia a palavra "Retidum" e os livros retornam as suas devidas prateleiras.

Khallyna estudava um livro de capa dura bem velha que estava todo empoeirado, ela sempre tossia ao abri-lo. O livro era tão antigo que nem mesmo com os feitiços de decodificação de datas ela conseguiu obter sua idade primordial. Esse livro tinha mais de duas mil palavras e Khallyna não estava sequer na metade.
Iluminado pela luz tênue de uma vela ele demonstrava ser mais sombrio do que já era. "Forças elementares arcanas" era seu título.

As páginas setecentos e cinqüenta e setecentos e cinqüenta e um mostravam símbolos primários de água, fogo, ar, terra. Quatro triângulos separados: Para baixo, para cima, para cima com um traço no meio, para baixo com um traço no meio, eram respectivamente seus significados elementares.

O barulho ensurdecedor do horn toca assustando-a.

- Maldição! Odeio o aviso de emergências. - Reclamou Khallyna a sua única companhia. Wink, Wink era sua gata e fiel amiga.

Wink Fitou-a nos olhos com seus olhos amarelo escuro que pareciam jóias preciosas.

- Miau - Respondeu a reclamação.

Wink não era uma gata comum, como tudo na vida de Khallyna não era.
Na forma de gata ela não falava, mas na sua forma real sim.
Khallyna a tinha ganho do seu tio, o duque de Waterhall; ele a deu para sua proteção. Acabou por ficarem muito próximas.

Ahh... Quase esqueço de contar. A Wink era uma pantera negra, não de um tamanho comum, mas de duas vezes o tamanho normal.
Incrustada em sua testa havia uma pedra ametista de transformação, o que permitia sua mudança de gata para pantera.

Já com o livro guardado Khallyna caminha entre as cadeiras, mesas e estantes, rumo à porta.
Ao lado da imensa porta havia dois pedestais de canizu com corujas de prata empoleiradas. Em suas cabeças velas vermelhas estavam apagadas.

Khallyna desenha com os dedos no ar dois símbolos, um círculo com inscrições arcanas e uma chave de ponta comprida, os símbolos brilharam azuis e com um estalido à porta destrancou-se. Ao abrir tomou cuidado para não ser pega, a pena para alunos que entrassem ali era expulsão direta.

Khallyna há alguns minutos atrás tinha escutado pegadas que ela pensou ser dos alunos da classe de formação de soldados. Agora, entretanto, o pátio estava vazio.

Wink a acompanhava a caminho do outro lado do pátio dirigindo-se ao ginásio. Elas caminhavam a passos largos.

- O sinal de emergência tocou, o que pode ser que está acontecendo Wink? - Khallyna pergunta.

- Miau. - Responde Wink.

Já próximas da entrada avistam os alunos de sua classe sentados na arquibancada do ginásio.
Ao sentar-se ao lado de uma colega pergunta.

- Hazel, qual é a emergência?

- Não há emergência Khallyna, foi uma forma de nos despertar, Parece que é um exame surpresa para algo. - Responde Hazel aparentemente confusa.

No meio do ginásio a instrutora Morgana se preparava para dar explicações. Ela era conhecida como " feiticeira fantasma. "

- O exame determinará o aluno apto a competir no torneio do Conselho. - Explicou Morgana. Sua voz era calma e atraente.

- E como será esse exame? Poderia explicar novamente? - Perguntou um aluno que estava sentado a frente da Khallyna.

- Claro meu querido. - Respondeu Morgana.

- Vocês terão que sair do labirinto enfeitiçado, o aluno que sair primeiro será o vencedor. - Mas não será assim tão simples, vocês terão além do tempo vários monstros como adversários. - Feitiços de orientação são proibidos levando a desclassificação automática. - Explicou Morgana.

Morgana com seu corpo esguio, postura majestosa, cabelos amarelados e olhos brancos penetrantes trajava um longo vestido verde com gravuras de símbolos arcanos antigos. Da sua cintura pendia um livro volumoso preso por tiras de couro. Na sua mão um longo cajado com uma esfera transparente acoplado.

Com seu cajado desenhou um retângulo no piso do ginásio, tocou com a esfera que brilhou verde ao tocar o chão e deu vida a um labirinto colossal.

- Eu estarei acompanhando a todos através da minha esfera de observação, o aluno que queira desistir no meio da prova, levante os braços para o alto e com o dedo indicador aponte para a lua. - Disse Morgana enunciando as últimas explicações.

- É crianças, estejam preparadas, o show vai começar, quando eu der o sinal entrem no labirinto. - Por fim falou, apontou o cajado para as entradas do labirinto e deu o sinal.

Zennon: A Profecia Dos 5Onde histórias criam vida. Descubra agora