Parte 5 - Chá Gelado

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- Rafael? - Era uma sensação de déjàvu, aquela voz doce falando comigo. Me virei e Elise vinha em minha direção, deixando Vanessa e os outros dois homens esperando na porta da boate.
- Oi Elise. - Respondi meio sem jeito.
- Oi. Você está bem? Eu fiquei esperando você me ligar.
- Isso é uma história engraçada. Peguei chuva ao sair do hotel e o papel molhou.
- Ah, entendi. - Ela não pareceu acreditar em mim. - Mas o que faz aqui?
- Vim buscar meu carro, deixei ele aqui na noite passada. Depois eu ia... - Fui interrompido por Vanessa avisando que ia esperar Elise lá dentro da boate. A atenção dela logo se voltou para a amiga e ela mal notou o que eu havia falado. - Você pode ir, não quero atrapalhar.
- Não, tudo bem. O que você estava dizendo mesmo?
- Nada, deixa. - Minha vergonha e falta de jeito era visível. Eu sentia que estava perdendo ela. - Você não quer ir para um lugar mais calmo? - Resolvi tomar uma iniciativa.
- Acho uma ótima ideia. - Ela sorriu e logo sua atenção parecia ser cem por cento minha.
- Tem um bistrô aqui perto que faz uma ótima torta de maçã. - Eu comecei a andar até o local e ela me acompanhou.
- Adoro torta de maçã!
-Sério? Então você vai adorar essa, sempre comia ali nas terças quando saía do trabalho.
- Falando em trabalho, você não me contou onde trabalhava, me disse o que aconteceu mas não me contou onde.
- Ah, não é muito importante, quero esquecer aquele lugar e focar no futuro!
- E já tem algo em mente?
- Ainda não, na segunda irei procurar vaga nas empresas concorrentes da que eu trabalhava, afim de conseguir algo.
- Entendi, boa sorte então!
- Chegamos! - Entramos e fomos para uma mesa afastada da entrada, mas que ficava próxima a um grande janela com vidraças enormes, que proporcionava uma ampla vista da cidade. Logo a garçonete chegou.
- Olá Rafael. Duas tortas?
- Sim, por favor. Você irá beber o que Elise?
- Tem chá gelado?
- Tem sim. - Respondeu a garçonete enquanto fazia anotações em um pequeno bloco.
- Eu vou querer um suco de manga. - Eu disse a moça que sempre me atendia saiu.
- Então, chegou bem em casa? - Elise me perguntou.
- Cheguei sim, mas estava bem cansado, só tomei um banho e fui dormir. E você?
- Eu não consegui descansar, assim que você saiu eu comecei a me arrumar para outra sessão de fotos.
- Você gosta mesmo de ser modelo?
- Adoro! - O sorriso dela era tão espontâneo e o complemento com seus olhos verdes brilhando fazia seu rosto parecer uma obra de arte.
Nossas tortas chegaram. Começamos a comer enquanto continuávamos conversando sobre nossas vidas, até que ela interrompeu uma das minhas inúmeras histórias da época de criança para limpar um pouco do recheio de maçã que estava no canto esquerdo da minha boca, foi um gesto tão delicado e simples, que me fez gelar por alguns segundos, até que ela me pediu para continuar falando. Por mais chato que minhas histórias pareciam ser, ela mostrava bastante interesse e ria bastante de minhas piadas, me recusava a acreditar que aquilo era apenas educação.
Terminamos de comer e fomos andando de volta para a boate. Chegando lá, paramos próximo a meu carro.
- Você vai entrar? - Perguntei.
- Não estou com muito clima para balada, só vim porque a Vanessa insistiu muito.
- Posso te levar de volta para o hotel se quiser.
- Se não for te atrapalhar.
- Atrapalha não, como eu já disse, é caminho para a minha casa.
Entramos no carro e continuamos a conversa que havíamos começado na lanchonete, era incrível como o assunto fluía entre nós, poderia escolher qualquer assunto: de cinema a TV, música a passeio. Ela sempre me entendia bem e compartilhava dos mesmos interesses. Chegamos ao hotel, desci no carro primeiro e abri a porta para ela.
- Obrigada. - Ela disse enquanto saía do veículo e parava a minha frente. - Eu adorei a noite.
- Eu também, me diverti muito.
- Sim, foi muito divertido.
- Verdade. - Entre uma palavra e outra, dávamos uma pausa com sorrisos constrangedores e suspiros.
- Então é isso. Boa noite!
- Boa noite!
- Tchau. - Ela me deu um beijo no rosto e se virou para ir embora. Eu a segurei pelo braço, a puxei de volta e a beijei. Foi um surto de loucura repentina, parecia errado mas eu queria tanto, e para minha surpresa, ela colocou seus braços envolta do meu pescoço e continuou a me beijar...


EveliseOnde histórias criam vida. Descubra agora