A longa vida montada em muitas montanhas com altos e baixos e planos sacrifícios para viver, esse era o sentido que a vida tinha para ela, sem luta não há ganho, afinal, se a vida não tiver altos e baixos a gente morre. Quem dera que ela seguisse o pensava, quem dera que ela seguisse pelo menos um pouco do que sua cabeça sugeria, alta sabedoria rondava sua mente mas também muita curiosidade que desprovia sua tão inocente mente sábia, mas claro que era inteligente até demais para seguir seus próprios pensamentos. Ela gostava do fruto que ninguém gostava, gostava daquilo que ninguém suportava, comia daquilo que ninguém provava, ela não era igual nem diferente mas era única, apenas única.
" Oh bel, largue este cavalo, não se equilibre onde há amor e não caia onde há amor, mantenha seu coração no chão quando se apaixonar, porque do chão ele não passa."
Ela estava caminhando, ou melhor, correndo pelas florestas de Myrath onde as lagartas viravam borboletas em um piscar de olhos e as quedas d'água encantavam com apenas o barulho que faziam ao cair em meio aquela imensa extensão, ah, como era bom. Bel se esquecia de que vivia em um reino e de que seus comportamentos eram motivo para um belo castigo mas ela não se importava, queria viver, então continuou seu caminho, seguia até o lago, aquele que além de belo era perigoso e a atraia pelo simples barulho. Ela se sentou a beira daquela grande bacia cristalina de água, abraçou os joelhos por cima do vestido enquanto riscava algo no chão com um graveto que achara a beira do lago, enquanto desenhava pensava em como a água poderia estar e como seria refrescante e agradável para seu corpo naquele calor, olhou em sua volta e não viu ninguém e então retirou sua roupa ficando totalmente nua, mostrando seu belo corpo escultural de pele lisa e pálida como a neve. Entrou no lago aos poucos deixando que seu corpo se acostumasse com a água fria, se deliciando inteiramente com a água refrescante daquele lago.
Enquanto ela se deliciava nas águas do lago, a vila de seu reino era devastada pelos cavaleiros negros que era tão temidos pelos vilões e comerciantes que habitavam o lugar, Bel também temia os cavaleiros negros pois desde pequena era ameaçada por seu líder que prometeu a seu pai sequestrá-la e torturá-la antes de levarem sua pobre filha para a fogueira. Mas ela estava nadando e nada se passava por sua cabeça naquele momento que ela mesmo chamava de mágico, ela desejava ter aquele momento para sempre mas de repente algo a assustou, um barulho vindo de longe a alertou e logo ela pode ouvir eles chegando, ouvia de longe o barulho das cavalgadas porém havia um grande problema, ela não podia sair dali pois estava nua mas também não poderia abandonar suas roupas, não pensou duas vezes e saiu do lago indo para a parte de trás onde havia uma grande rocha, enquanto olhava os cavaleiros passar sentia seu coração palpitar até que eles resolveram parar, e o que estava à frente do bando desceu de seu cavalo e caminhou lentamente em direção as roupas que estavam jogadas ali, agachou e pegou a saia do vestido entre os dedos, retirou uma das luvas para sentir o tecido e logo o levou ao nariz para inalar o cheiro e identificar à quem aquele vestido pertencia. Ele sorriu, olhou para os seus súditos e apontou em direção a mata, Bel se encolheu e ofegou.
- Ela não deve estar tão longe! - Ele disse
Ela ouviu e então segurou a respiração por um tempo até soltar e correr em passos curtos pela floresta, tomando cuidado para não chamar a atenção de quem vinha atrás, ela corria enquanto olhava para trás e os cavaleiros seguiam pelos lados a procura da dona das roupas sem fazer ideia de que a dona era ela, Bel desviava das plantas pelo caminho até tropeçar na raiz de uma grande árvore e cair pelo chão, ela olhou para trás e para os lados e não viu ninguém, olhou para seu pé e viu que ele estava preso e dolorido, tentou se levantar e se viu perdida até que lançou seu olhar para trás e pode ver um homem parado lá, o tempo fechou e os corvos que haviam pousado na árvore voaram gritando, ele se aproximou e colocou a mão sobre sua boca o que fez ela se calar e tremer de medo, com os olhos arregalados ela pode observar suas roupas e identificá-lo como um deles, um cavaleiro negro.
- Sh.. quietinha! - Ele sussurrou.
Ele olhou para trás e pode ver os outros seguindo em frente com as espadas na mão seguindo o líder, logo olhou para ela que se mantinha calada e soltou seus lábios, ela respirou fundo e continuou a olhá-lo, observando aquela máscara negra que cobria todo o seu rosto menos seus olhos, ele puxou sua capa e cobriu seu corpo com ela, se aproximou de seu pé e o retirou da raiz onde ele havia prendido e a olhou novamente, ela se cobriu com a capa e continuou ali enquanto ele seguia em frente para longe, ela se levantou com dificuldade e se apoiou no tronco da árvore respirando com alívio. Olhou para a direção por onde ele havia seguido e olhou para trás voltando para onde estava, enquanto mancava ela pensava nos olhos do cavaleiro e a todo instante olhava para trás pensando que a qualquer momento eles poderiam estar de volta, ela não tirava aqueles olhos de sua cabeça mantendo fixo na mente a bondade daquele homem no olhar, a beleza que eles carregavam, ela poderia lembrar deles toda vez que os vissem novamente e era isso que ela queria, encontrar o dono daqueles belos olhos.
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Lycanthia
FanfictionOito espadas e nenhum coração. Anjos caídos são como cães com asas, principalmente quando eles caem por amor.