Miserável é o sentimento do pecador

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  Jezebeth continuava a pensar em onde sua querida filha poderia estar, sentia seu peito apertar toda vez que pensava nas possibilidades de sua princesa estar morta, aquele século era cruel e não era o tipo de crueldade que ele queria para sua filha, não, ela não. Miriã estava o tempo todo ao seu lado, consolando e ajudando sua rainha, não havia uma coisa que ele se negasse a fazer para ela, tudo o que era feito para Jezebeth era com gosto e amor. Uma devotada paixão que ela nunca poderia sentir por outra pessoa que não fosse ela.

- Miriã queria.. Acho que estou no meu fim. - A rainha suspirou

- Não diga uma coisa dessas, rainha.. - Miriã a olhou, desejando-a secretamente

- Digo, querida, porque é a mais pura verdade - A mulher se pós a chorar.

A dama caiu no drama do que era sentir a miserável saudade e se afundou num amor que talvez nunca tivesse sentido antes, ela era sua filha, indesejada, porém veio de seu ventre e deveria ser amada como tal. Jezebeth se arrependeu de não demonstrar quando esteve aqui e não queria acreditar que ela não voltaria mais só porque seu valor apareceu no momento em que ela foi embora. Pediu a mão de sua fiel amiga e acariciou a mesma com o polegar, se entregando a morte e sendo recusada.

- Este é meu fim, talvez aquela luz que eu sempre vejo e você sabe -Sorriu olhando para ela- seja meu anjo me chamando para a minha passagem.

Miriã sempre notou um parafuso à menos em sua rainha mas nunca comentou nada com ninguém pois todos a amavam, mesmo com algo faltando na sua cabeça, lá no fundo ela tinha algo que tornava tudo aquilo especial. Sorriu apertando a mão de Jezebeth, sugeriu um chá e então saiu para buscar a bebida quente de sua rainha enquanto ela ainda estava deitada na cama, controlava aquelas malditas lágrimas que insistiam em sair de seus olhos azuis, aquele mar estava transbordando e ela não queria aquilo, negava demais suas lágrimas até que não aguentou. Se sentou sobre a cama tapando o rosto com ambas mãos para abafar seu choro, borrou aquele rosto todo com a maquiagem que usara até que Miriã chegou no quarto.

- Senhora?! -Deixou que a xícara caísse pelo chão.

- Eu sinto tanta falta dela! -disse a olhando- olha pra mim... Olha o que ela está me obrigando a fazer! -mostrou as mãos sujas de preto pela maquiagem em seus olhos.

Miriã não disse nada, apenas abraçou a sua rainha deitando a cabeça dela em seu ombro e a mantendo calma, aquela era uma hora de confiança extrema e paz interior por mais que o espírito de Jezebeth sentisse a necessidade de gritar, Miriã não deixaria que ela caísse. Assim que Jezebeth foi se acalmando, ela sugeriu que saíssem para passear pela vila e aproveitar para comprar ingredientes para o jantar, Jezebteh aceitou, levantou daquela cama e ajudou Miriã com os cacos da xícara, esperou que Miriã se retirasse e logo foi tomar banho.

- Anabel... -disse fungando- olha como mamãe está, Anabel...

Tirou a roupa e em seguida entrou na banheira, continou ali sentada e pensativa enquanto algo mudava dentro dela e ela não sabia, Jezebeth nunca havia sentido aquilo antes mas pela primeira vez em tantas vidas ela sentiu.

Enquanto Miriã e Jezebeth se preparavam para sair, Bel sofria ainda jogada pelo chão daquele local imundo, com dores entre as pernas e por boa parte do corpo. G não apareceu mais ali e aquilo a preocupava, pois ali dentro ele era sua única esperança, uma esperança que mesmo machucada ainda vivia.

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