Mantenha em segredo.

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Ela voltou para casa pensando em quem poderia ser aquele cavaleiro, um cavaleiro negro a ajudando? Suspeito. Ela não queria pensar naqueles olhos mas foram a única coisa que ela pôde ver, a única coisa linda e brilhante que ela pôde ver. Ela chegou no castelo e já estava quase anoitecendo, adentrou os portões e logo avistou a serviçal de seu reino vindo em sua direção, ouviu um grito agudo vir de longe antes de cair ao chão por conta da dor que sentia em seu tornozelo, já não aguentava mais andar. Um dos soldados de seu pai, o rei, a tomou nos braços enquanto a empregada a cobria com a manta, ela manteve os olhos fechados pois já sabia que teria de encarar o rosto de sua mãe e sabia que se mantivesse os olhos fechados, não veria nada e nem escutaria sua voz irritante. Ele a levou para o quarto onde a deitou na cama, Miriã, a empregada, deitou sua cabeça sobre o travesseiro e suspendeu seu pé em cima de um travesseiro macio.

- Anabel Blackmore Val'Dettid! -sua mãe adentrou o quarto gritando- Onde estava? Por que está sem suas roupas e suja? O que houve com seu pé? - ela coçou a cabeça se aproximando da filha.

Miriã se reverenciou e deixou o quarto, a rainha se sentou na beira da cama observando a filha que bufava, ela se levantou novamente e lançou o olhar para o teto para observar as pinturas que ali estavam, rogou algo contra o anjo que havia sido pintado naquelas paredes e logo voltou a olhar para filha que parecia querer se pronunciar.

- Não fala nada, Anabel -ela levou a ponta dos dedos até as têmporas- Você vai se explicar para o seu pai!

- Agora? - Ela debochou

- Ah.. Minha filha, sua sorte é que eu estou com dor... Miriã! - ela gritou a pobre menina- Traga meu chá em nome do santo Deus! - ela olhou para a filha e logo se retirou.

Anabel riu porque não conseguia imaginar a sua mãe tão nervosa, aquela mulher tão doce e carinhosa de antes que hoje vive gritando a pobre da Miriã para lhe levar chás que, ela acreditava ter o poder de curar suas dores imaginárias. Ela se levantou com cuidado ajudada por outra empregada do castelo que a levou para o banheiro, ela entregou à empregada a capa e pediu para que pendurasse no cabide proximo a porta e entrou na banheira com cuidado, ficou lá de molho na água morna enquanto pensava naqueles olhos. Logo saiu e se enrolou no roupão, Miriã estava lá para ajudá-la a se deitar na cama novamente e colocar seu pé em repouso.

- Vou trazer as ervas para o seu pé, princesa.. - Ela disse enquanto ia em direção ao banheiro.

- Miriã! - a chamou.

- Sim, princesa! - ela disse.

- Acho que ouvi mamãe te chamar, já levou o chá dela? - fez uma expressão curiosa

- Chamou? - a olhou confusa.

- Sim! - confirmou com a cabeça - Acho melhor ir, sabe como ela é...

- Mas eu preciso trazer suas ervas... - a olhou.

- Deixe ai, deixe que outra traga, não me importo! - sorriu para ela.

Assim que ela se retirou do quarto, Bel levantou e caminhou até o banheiro se apoiando nos movéis, ela pegou a capa pendurada ali e a enrolou levando a mesma até o seu armario e a guardou no fundo de um baú vazio, logo ouviu um barulho na porta de seu quarto e viu uma das empregadas adentrar o mesmo, Bel disfarçou e disse que estava a procura de uma roupa para vestir, pois estava frio e não queria pegar uma doneça. A empregada a ajudou com as roupas e ela logo se deitou novamente para que a mesma pudesse passar as ervas sobre o seu tornozelo e enfaixá-lo, a empregada saiu e apagou algumas velas deixando apenas as que pudessem iluminar a área da cama onde a princesa dormiria, e ela teria uma longa noite pela frente. 



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