O dia estava para amanhecer mas Bel não quis saber de levantar, pois seu pé ainda estava dolorido e o tornozelo parecia estar mais inchado do que estava na noite anterior, ela abriu lentamente os olhos por conta da luz do sol que adentrava seu quarto e iluminava parte de seu rosto esbranquiçado, bocejou, coçou a cabeça, alisou os dedos entre os cabelos, fez aquele velho ritual para despertar e logo se encontrava sentada na cama encarando um ponto fixo no canto de seu quarto, ainda estava sonolenta, muito sonolenta. Ela olhou para a janela e pode ver como o dia estava agradável, não lindo, mas agradável, o que à fez tentar se levantar e caminhar até a sacada, e foi o que ela fez, sentiu a brisa jogar seus cabelos para trás enquanto apoiava as mãos com firmeza sobre a sacada para conseguir apoiar o pé no chão, inalou aquele ar puro do campo suspirando baixinho observando os súditos de seu pai trabalhando em seu jardim.
- Por que me ajudou? - ela se perguntou olhando para o céu - Talvez se tivesse morrido eu não estaria com essa dor.. - revirou os olhos se referindo a dor que sentia em seu tornozelo.
Ela adorava rosas, mas se sentia incapaz de entrar no jardim de seu reino pelo simples fato de ter a pele tão sensível quanto a pétala de qualquer flor do mais belo campo de Myrath, Bel se sentava e chorava por algumas horas, nunca teve aquela sensação de poder tocar, acariciar ou até mesmo sentir o cheiro de uma flor. Naquele dia ela estava decidida, sabia que seus pais tinham um compromisso com outro reino, ele era fascinado em guerra e vivia disparando canhões em direção aos reinos rivais, acho que era isso que lhe dava o título de "Grande Rei". Ela se vestiu com uma capa diferente daquele que havia ganho do cavaleiro e desceu, Miriã não se deu conta pois tinha muito trabalho para fazer na cozinha e foi isso que facilitou sua fuga para fora dos portões reais, em poucos minutos ela estava livre e caminhando tranquilamente pela vila. Viu coisas que nunca pensou que fosse capaz de ver, ouviu as músicas da corte e pode sentir nos ouvidos a delícia que era aquele som, se afastou um pouco da vila pois um som diferente e distante chamava a sua atenção e ela não fazia ideia do que era mas a curiosidade a fez seguir em frente e procurar por aquilo, logo ela viu e não demorou muito, ficava distante dali e um pouco escondido, era um bar não muito conhecido e nem movimentado, era muito mal frequentado. Ela se escondeu atrás de fenos que haviam ali próximo e ficou observando de longe os homens coversarem sobre coisas aleatórias e fora de seus contextos, não conhecia ninguém ali, exceto um rapaz de cabelos brancos que estava afastado e sentado longe de todos, a pele pálida podia refletir a luz do sol, seus cabelos brilhavam num tom cinza quando as luzes batiam sobre os fios e tinha um sorriso de canto maravilhoso, ele a olhou e ela continuou a desenhá-lo em sua mente, devia estar com medo ou incomodada, mas sabia que reconhecia aqueles olhos que de longe a encarava.
Bel baixou o olhar para disfarçar quando um rapaz de menor estatura se aproximou dele e olhou em sua direção, ela suspirou enquanto voltava para o castelo certificando-se de que niguém havia a reconhecido por ali, enquanto caminhava ia recordando o caminho que fizera até chegar ao bar, sabia que ele estaria ali se voltasse e era o que ela queria e faria, voltar.

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Lycanthia
FanfictionOito espadas e nenhum coração. Anjos caídos são como cães com asas, principalmente quando eles caem por amor.