Marius andou sem rumo. Só voltou para casa de madrugada. Foi acordado por
Courfeyrac e outros estudantes, seus amigos.
- Você vai no enterro do general Lamarque? - perguntou Courfeyrac.
O general Lamarque fora um herói do exército de Napoleão Bonaparte. Seu
funeral tornou-se, na verdade, o estopim para a revolta de 1832 contra a restauração da
Monarquia. Toda essa questão política tivera origem na Revolução Francesa, com a
deposição da realeza e a instauração da República. Mais tarde, Napoleão Bonaparte
conquistara o poder. Mas, após o Império Napoleônico, a casa real de Bourbon, dos
antigos reis franceses, reconquistou o trono. Os partidários de Napoleão e também os
republicanos, adeptos das idéias da Revolução, não se conformavam.
Marius pretextou uma indisposição. Os amigos partiram. O rapaz colocou no bolso
a pistola que Javert lhe havia entregue na noite em que os Thénardier prepararam a cilada
para Jean Valjean. Como deixara a casa de cômodos logo em seguida, nunca devolvera a
arma. Vagou por Paris, sem perceber que começava uma rebelião sangrenta.
Entrou no jardim da rua Plumet, como prometera a Cosette. Não a encontrou. As
janelas estavam fechadas. Não havia luz ou ruído vindos do interior. Sentou-se nos
degraus da entrada. Pôs as mãos na cabeça:
- Se perdi Cosette, prefiro morrer.
Uma voz o chamou:
- Senhor Marius!
Ergueu a cabeça. Uma voz rouca avisou:
- Seus amigos o esperam na barricada da rua Chanvrerie.
Pensou ter reconhecido a voz de Éponine. Ao olhar, só viu um rapazinho virando a
esquina.
Que acontecera com Cosette? Naquele dia, mais cedo, Jean Valjean fora passear,