À Beira da Morte

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Jean Valjean chegou à barricada. Vestido com o uniforme, pôde passar pelo


exército e penetrar por uma das aberturas. Ao chegar, trocou seu uniforme com um pai de


família, que queria partir. Era a única maneira de sair sem ser morto pelos soldados.


Marius o cumprimentou, surpreso. Mas não havia tempo para conversas. De manhã, a


artilharia investiu contra os rebeldes. Estes lutavam com heroísmo. Mas a munição


acabava. Subitamente, todos notaram um vulto de menino pular a barricada.


Era Gavroche, que voltara logo após entregar a carta. Levava um cesto.


Gavroche entrou no campo de batalha, entre os soldados e os rebeldes. Catava


os cartuchos deixados pelos soldados do governo mortos no ataque à barricada.


Courfeyrac gritou:


- Saia, está chovendo bala.


Gavroche cantava, como se nada estivesse acontecendo. As balas zuniam. O


menino ia de um cadáver a outro retirando os cartuchos. Sua atitude desafiava os


atiradores. Ria e cantava. Miravam contra ele, mas não acertavam o alvo. Parecia pular


entre as balas. No entanto, uma bala mais precisa o atingiu. O menino cambaleou. Caiu.


Os rebeldes gritaram. Gavroche ainda conseguiu sentar-se e entoou novamente


uma canção de desafio. Não terminou. Uma segunda bala o matou. Caiu de bruços, o


pequeno herói.


A tristeza tomou conta da barricada. A qualquer momento, sofreriam novo ataque


e já não tinham como resistir. Enjolras foi até Javert, que continuava amarrado.


- Não pense que o esqueci. Será executado.


Jean Valjean aproximou-se:


- Quero ter o privilégio de executar esse homem.


Javert ergueu a cabeça. Viu de quem se tratava.


- É justo.


Ninguém discordou. Nesse instante, ouviu-se um grito de Marius.


- Alerta.


Todos correram para as barricadas. Jean Valjean ficou sozinho com o prisioneiro.


- Vingue-se - disse Javert.


O outro pegou uma faca.


- Uma faca! - disse Javert. - Combina com você.


Jean Valjean cortou as cordas que o amarravam.


- Está livre - disse.
O inspetor de polícia não pôde conter um gesto de admiração. Jean Valjean


continuou:


- Não sei se sairei daqui vivo. Mas vou lhe dar meu endereço.


- Se pensa que vou ficar lhe devendo um favor porque me deu a liberdade, está


muito enganado! Prefiro que me mate! - disse Javert.


- Fuja enquanto é tempo.


Javert afastou-se. Conseguiu sair pela outra extremidade da barricada instantes

Os MiseráveisOnde histórias criam vida. Descubra agora