Em uma bela noite de verão, a brisa batia rente as arvores que ali estavam na rua, o som era melódico, calmo, tranquilo, capaz de deixar qualquer um em estado de transe quase que instantaneamente.
Já se passavam das onze horas quando levantei de meu banco na praça do Descobridor, lugar de referência na pacata cidade onde eu residia. Enquanto caminhava pela calçada o vento ressoava ao pé dos meus ouvidos, quase que cantando uma suave melodia que me fizera viajar por meus pensamentos por um curto período de tempo, quando de repente uma moça aparece do meio dos arbustos correndo em minha direção com olhos fechados sem saber que estava indo de encontro a mim, fiquei sem reação, apenas me preparei para o impacto e então ...PLAFT, ela se choca contra mim, e nós dois caímos no chão. Ajudei-a a levantar, e eis que quando fui perguntar o por que dela estar correndo daquele jeito, senti algo molhado em minhas mãos, era...uma lágrima escorrendo em seu rosto delicado e muito assustado.
Perguntei a ela com a voz calma e serena
- Moça, por que a senhora está chorando?
Ela aos poucos foi se acalmando e respondeu:
- Me desculpe, não olhei para onde estava indo e eu....
Então ela vem de meu encontro e me abraça...me da um abraço quente, carinhoso, confortante.
-Moça...?
-Por favor me ajude, eu não aguento mais...e eles estão atrás de mim, não aguento, eu não aguento...
-Não aguenta o que?
Neste momento ela desmaiou em meu colo, não sabia o que fazer, não havia ninguém na rua que poderia me ajudar, meu celular estava descarregado, e não havia um hospital por perto, tive de aconchegar ela em meu colo até que alguma ajuda aparecesse naquela rua. Olho ao redor procurando uma resposta para tudo aquilo, uma explicação ou algo do tipo, mas não havia nada...nada além de uma neblina densa e forte.
Aquela neblina não estava ali a um minuto atrás, não tinha como ela ficar daquele jeito tão rapidamente, seria coisa da minha cabeça ou eu realmente estava ficando louco? Eis então que a linda moça começa a resmungar algo inconsciente.
-Irmão...irmão... me desculpe, eles são muito fortes, me desculpe, eu, eu...
O que estava acontecendo? Quem era aquela mulher? Por que ela estava correndo daquela maneira, de olhos fechados, como se não tivesse um rumo ou destino a se chegar? Muitas perguntas para poucas ou até mesmo nenhuma resposta, minha noite já estava estranha o suficiente até que começo a escutar barulhos vindo dos arbustos que haviam ali perto.
Olhei novamente ao meu redor esperando encontrar um animal ou algo do tipo, mas não havia nada parecido, o que era pior já que o medo aumenta quando não conseguimos ver aquilo que nos assusta, mas encarei meu medo, tomei coragem, deitei a moça na calçada com cuidado e fui até os arbustos para ver qual era o motivo do barulho.
Ao se aproximar do arbusto senti a neblina ficando ainda mais densa, como se se sentisse ameaçada ou então me fazendo recuar, mas não adiantou, segui em frente e ao aproximar do arbusto sinto um calafrio muito forte correndo pelas minhas costas, algo forte capaz de me derrubar no chão, então começo a escutar risadas e comentários vindos de longe, mas que, estavam se aproximando mais, e mais, e mais... até que vejo na minha frente uma figura alta, magra, usando uma túnica preta com um capuz negro recobrindo seu rosto, fiquei paralisado de medo, não sabia o que fazer , tentei correr assustado em direção a moça que ainda estava desmaiada na calçada mas ao correr em direção a ela pude perceber, eu estava cercado por figuras semelhantes a aquela que agora estava atrás de mim, mas eram menores parecendo CRIANÇAS!