A caminho para Yelloville

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O caminho de minha casa até a estação não era longo, e ainda por se contar de já ser dez e meia da noite em meu relógio, o trânsito até lá estava livre para que o ônibus que eu pegara, fosse rapidamente até o destino.


Ao chegar lá, tive a sorte de comprar a passagem justamente na hora em que o trem das onze horas estava chamando as pessoas para embarcarem, sai correndo para que pudesse embarcar.


O trem que iria me levar até Yelloville era antigo assim como a ferrovia, uma Maria Fumaça bem arrumada que mais parecia que havia saído de sua fábrica naquela mesma noite, sua pintura vermelha metálica se destacava na escuridão da noite. Ao sair da estação pude escutar seu apito avisando a todos de que teriam que esperar o próximo somente na manhã no outro dia já que aquele era o último trem da noite.


Fui de encontro ao meu lugar, por este trem ter mais de cem anos, ele não dispunha de poltronas, mas sim, verdadeiros mini quartos onde cada passageiro dispunha de dois lugares inteiramente para ele. Infelizmente aquele trem estava cheio e muitas pessoas tiveram que dividir seus lugares com as demais pessoas que estavam lá.


Passei alguns minutos procurando a cabine B-13, lá era o lugar onde eu deveria ficar. Finalmente depois de entrar em algumas cabines erradas eu encontrara a minha, e como já era de se esperar, havia alguém lá. Parecia ser um idoso com vestimentas como se estivesse indo a uma pescaria. Seu chapéu verde com um alfinete em cima com o formato de golfinho o entregava. Ele usava uma blusa preta que mais se parecia com uma capa de chuva por seu tamanho exageradamente grande. Suas galochas em seus pés pareciam molhadas, mas, não me lembro de ter chovido naquela noite.


Me sentei no banco de frente para o do Senhor que estava dormindo, já era tarde, tentei tirar um cochilo enquanto o trem seguia seu caminho, a viagem apenas no começo então eu tinha um tempo para descansar.


Olhei para a janela, lá fora estava muito escuro graças a uma neblina densa que rodeava o trem, tentei ver algo, mas não conseguia, então fechei os olhos e de repente já estava dentro de um sonho ou o que pelo menos, parecia estar em um.


Eu estava no trem ainda, mas o cenário estava diferente. As portas estavam diferentes, a decoração, os bancos estavam todos diferentes e eu estava sozinho em minha cabine. Olhei pelo corredor para ver se avistava alguém para me dizer o que estava acontecendo, mas não havia ninguém, e então, o trem faz uma parada brusca no meio de uma ponte sobre o Rio Ouni.


Minhas malas caem todas no chão fazendo um barulho muito alto, e por pouco não caiem em cima de mim o que causaria alguns machucados. Ao levantar resolvo andar pelo trem para ver se encontro alguém para me explicar o que estava acontecendo.


Minha cabine fica no setor final do trem para meu azar. Comecei a caminhar pelo longo corredor, e, fui passando de cabine em cabine, mas não havia ninguém lá. Então chego no vagão no restaurante, com certeza teria que haver alguém lá, mas, não, estava completamente deserto, nenhum passageiro, garçom ou cozinheiro, não havia ninguém, apenas os pratos nas mesas cheios de comida.


Pães doces e salgados, bolos, refeições completas, tudo estava ali, alguns até saiam fumaça indicando que fazia pouco tempo que haviam sido preparados. O cheiro estava bom e seu gosto provavelmente devia estar bom também, mas não estava com fome no momento, queria primeiro descobrir o porquê de o trem parar ali. Segui para a sala do maquinista para pedir informações.


A sala ficava logo após o vagão restaurante. Depois de atravessar o vagão cheguei a sala e bati na porta.


- Senhor, posso entrar? - Perguntei -.


Ninguém me respondeu. Insisti, fiquei batendo, batendo, batendo, mas ninguém me respondia. Girei a maçaneta e para minha surpresa a porta estava aberta. Abri a porta esperando encontrar o maquinista desacordado ou inconsciente, mas, para meu espanto não havia ninguém pilotando o trem.

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