O túnel era estreito, úmido, com uma passagem difícil de passar, muito escuro onde somente a luz que brilhava em meu braço intensamente, me guiando naquela escuridão total.O caminho era longo, parecia não ter fim até que ele se alargou um pouco, pude perceber que mais à frente haviam algumas tochas que davam uma pequena, mas boa luz. Peguei uma tocha para iluminar melhor por onde eu passava. Graças a tocha conseguia enxergar melhor as paredes do túnel e nelas haviam desenhos e marcas muito estranhas, marcas de arranhados como se quem tivesse feito aquilo teria garras muito afiadas para conseguir deixar uma marca daquela forma.
Todos aqueles desenhos macabros com pessoas amarrada em pilastras, outras sendo estranguladas, uma sendo esfaqueada... todas aquelas imagens pareciam ser um álbum de todas as mortes que já ocorreram ali perto e então eu vejo a minha imagem na parede!
O medo e o espanto percorreram meu corpo, como poderia minha imagem estar ali se eu não havia morrido? Olhei melhor a imagem e pude ver que ela não era algo que já havia acontecido, mas sim algo que ainda não poderia nem existir.
Eu estava em uma casa, mais especificamente, em um quarto onde a minha esquerda estavam várias sombras me observando, junto a porta havia um cadeado que certamente estava impedindo de sair, mais à minha frente havia uma janela com grades, antiga que estava aberta, mas eu parecia evitar, algo me fizera recuar, e eis então que eu vejo a minha direta na imagem a Senhorita Francis com um arpão negro cravado em seu peito.
Não, não poderia ser, seria uma imagem do futuro comigo, ali, imóvel apenas observando a Senhorita Francis morrer com um arpão negro em seu peito e eu não faria nada para salvá-la? Seria este o fim da humanidade? Futuro ou não, eu não poderia deixar aquilo se tornar verdade, tinha que fazer algo, tinha de achar uma resposta, e rápido, o tempo era meu inimigo agora, tinha de continuar o caminho para ver o que me esperava no fim dele.
Ver todas aquelas imagens enquanto caminhava me faziam o quão sofrido devia ter sido a morte daquelas pessoas. Em todas havia alguma entidade ao lado com seu sorriso diabólico e macabro ao ver as pessoas sendo mortas de formas tão horríveis, aquele túnel só poderia estar me levando ao túmulo de todas aquelas pessoas, provavelmente eu estava apenas encurtando a minha vida e indo em direção a minha cova.
Finalmente eu chegara no que parecia ser uma porta antiga de madeira. A luz em meu braço parara de brilhar no momento em que eu toco a porta.
Já estava ali, não teria porque voltar, respirei fundo, girei a maçaneta que parecia ser de ouro maciço, abro a porta devagar onde seu barulho ecoava pelo túnel de onde eu viera deixando assim o som mais alto e assustador.
Entro em uma sala bem espaçosa, com várias tochas ao redor para que pudesse haver uma boa iluminação. Suas paredes de tijolos acinzentados eram bem descoradas com cortinas vermelhas que envolviam toda a sala, quase me fizeram acreditar de que eu não estava mais em uma montanha, mas sim uma casa de luxo. O tapete vermelho parecia limpo e novo no chão, como se alguém houvesse vindo a poucos dias trocá-lo. No fundo da sala não haviam mais portas que indicassem uma continuação, havia apenas uma mesa grande e larga em madeira maciça e parecia ser de boa qualidade. Estava repleta de frutas e vinhos ordenados quase como se tivessem sido preparados para um banquete trivial, então olho para o lado e vejo uma estátua de algo que não se parecida em nada com um humano.
A estátua tinha um tom negro por conta do longo capuz que a cobria. Somente podiam se ver dois chifres tortos e grandes saindo, e, em sua mão direita, ou pelo menos parecia ser uma mão, um arpão igual ao da imagem que eu vira no túnel.
Fiquei parado ali olhando para imagem quase que como se esperasse que ela falasse comigo, o que não aconteceu. Fui então até a grande mesa ao fim da sala em busca de algo, mas somente encontro as frutas e os vinhos, não resisto e acabo comendo uma maçã, passara no máximo trinta minutos no túnel mas pareciam que já haviam se passado décadas.