A noite se passara tão rápida quanto um carro de fórmula um, mal havia me deitado e ao acordar, já podia ver a luz do dia entrando pelas frestas de minha janela no quarto do hotel.
Meu corpo estava dolorido, parecia que eu não dormia direito a semanas. Minhas pernas pesavam tanto que eu mal conseguira ficar em pé ao tentar levantar. Cai de novo em minha cama quase que pensando em largar tudo e simplesmente ficar ali, sem fazer nada além de descansar, mas eu não podia tinha uma missão a cumprir. Mesmo cansado e exausto eu me levantei aos trancos e barrancos para poder ir tomar café no saguão da recepção.
Ao me vestir e arrumar minhas coisas para tomar o café da manhã e partir em busca de pistas, vi a adaga que eu usara para matar os três homens da fábrica na outra noite. O sangue deles ainda estava sobre a adaga, mas parecia que aos poucos ia sumindo, como se estivesse indo fazer parte deles novamente.
Algo naquela adaga me fazia sentir estranho, me fazia sentir conectado a aquela arma, e a luz que saiu da adaga junto a marca em meu braço me fizera lembrar e ver coisas que eu nunca havia visto, lembranças passaram em minha mente como um feixe de luz onde eu conseguira ver várias épocas de minha família, mas tudo aquilo que passara em minha mente parecia tão real, que parecia que havia sido eu que tivesse vivido aquilo.
Aquela adaga tinha algo, eu tinha que levá-la comigo. Guardeia em minha bolsa e peguei o elevador.
Ao chegar ao térreo avistei uma linda mesa de café da manhã no meio do saguão, repleta de frutas, pães, cafés, sucos, era um paraíso para meus olhos aquela mesa farta.
- Ó, vejo que acordou senhor Winter, bom dia - Disse a linda moça que me guiara para vitória na noite anterior -, gostaria de tomar um delicioso café da manhã?
Olhei assustado para a moça, pensei que ela fosse apenas um sonho de quando eu estava dormindo, mas não, ela era real e estava me perguntando se queria tomar café, minha fome falou mais alto e não pensei duas vezes em recusar.
- Sim, eu aceito - Disse a ela com a mão já na minha barriga-, mas como você se chama?
- A claro, me desculpa pela minha falta de educação, me chamo Sara, a guardiã da adaga mágica da família Winter.
- Adaga mágica?
- Sim, esperei pelo senhor por séculos a pedido de seu tataravô Clark Winter, ele me dissera que um familiar dele viria mais cedo ou mais tarde seguido pelas trevas e me pediu para lhe entregar a adaga porque somente a pessoa escolhida poderia ativar o poder necessário nela para dispersar toda a escuridão deste lugar, e esta pessoa é você, James Winter.
Tudo rodava em minha cabeça, as informações passavam igual a pessoas em meio a grandes multidões apressadas atrás de uma explicação para o que estava acontecendo. A sombra e a escuridão a tempos já queriam o mau de minha família, mas tudo aquilo com meu tataravô Clark era novo, nenhum de meus parentes jamais haviam me contado mais do que eu deveria saber sobre este tal de Clark.
Sempre que alguém perguntara dele, o clima ficava pesado, muitos olhavam com cara de que não se devia pronunciar mais aquele nome. Passei minha infância sem saber quem fora meu tataravô, quem fora Clark Winter.
- Você sabe para onde Clark foi depois de deixar esta adaga aqui?
- Ele fora enfrentar o exército de Demos na grande reunião, igualzinha a que vai acontecer daqui cinco dias, naquela época ele batalhara com o rei da escuridão por horas ajudado por uma guerreira escolhida pelos anjos divinos... o nome dela era Elie Francis.
- Elie Francis ajudara Clark? -Perguntei surpreso -.
- Sim - Disse Sara - você a conhece?
- Digamos que eu e elas já nos trombamos uma vez.
- Entendo. - Disse Sara parecendo não entender muito bem o que quisera dizer com aquilo-, ela junto com seu tataravô impediu que Demos renascesse e destruísse seu mundo, mas desta vez as coisas estão piores, seu exército está maior e mais poderoso, não será nada fácil derrota-los sozinho senhor Winter, mesmo com sua adaga mágica.
- Não posso deixar que eles revivam Demos, Clark os impediu uma vez de destruírem o mundo dos mortais e eu tenho o dever de seguir os passos de meu tataravô.
A vontade e a determinação me tomavam naquele momento, podia sentir aquele poder emanando da marca em meu braço, ele começara a brilhar intensamente igual a noite anterior, então Sara começa a olhar para aquela marca como se já tivesse visto ela antes.
- Esta marca...- Disse ela observando aquela marca em meu braço-, ela estava no braço de seu tataravô... essa não!
- O que? - Perguntei assustada ao ver o jeito que ela ficara ao lembrar da marca-. Eu sei o que esta marca faz, o anjo da verdade e do tempo já me contara que esta marca irá me matar se eu não impedir Demos.
- Não - Disse ela assustada-, ele não te contou tudo, esta marca não somente irá te matar mas irá destroçar sua alma por completo impedindo você de voltar a vida, ou seja, você nunca mais irá poder renascer ou ficar junto dos anjos, você, James Winter, irá desaparecer por completo como se sua energia cósmica nunca tivesse existido. Esta marca não está levando somente sua vida, está levando seu espirito também.
Agora sim eu tinha mais um motivo para lutar com todas minhas forças para impedir Demos e seu exército, não somente minha vida corria perigo, mas a de todos os humanos da terra também.
Ao terminar de engolir toda aquela história junto com um delicioso café da manhã, me perguntara se Sara saberia onde estaria Elie naquele momento.
- Sara você sabe onde a Elie está? Preciso encontrá-la.
- Eu não sei ao certo onde ela está, provavelmente deve estar sendo seguida pela terceira entidade já que uma escuridão cobre seus passos, mas a última vez que eu sentira ela foi no Museu de Artes de Yelloville, aconselho você a começar por lá.
- Ok, obrigado Sara por ter me ajudado a derrotar aqueles homens. Prometo defender esta adaga com todas minhas forças.
- Eu sei que irá senhor Winter, vejo uma luz emanando de você. Boa sorte daqui para frente.
Me despedi dela, peguei a adaga e coloquei em minha bolsa, a marca já havia parado de brilhar, mas eu ainda podia sentir uma pequena ardência emanando dela quase que como meus ossos estivessem sendo queimado até virarem pó.
Aquela com certeza fora uma noite muita complicada e eu já sabia que daquele instante em diante tudo se tornaria mais difícil, mas pelo menos eu já sabia por onde começar, Museu de Artes de Yelloville.