Fiquei realmente mal com o que fiz. Mesmo não me dando bem com Adam, não tenho o direito de falar assim com ele, ainda mais quando na verdade ele só queria me ajudar. Então, deixei de lado as minhas diferenças com Adam e fui pedir desculpas. É o mínimo que posso fazer.
Olhei para frente e vi que ele já estava chegando perto de Mia, então comecei a andar mais rápido, se bem que é meio complicado andar rápido na areia fofinha, mesmo assim, andei o máximo que pude. Pensei em chama-lo, mas tive medo dele me ignorar, assim como fiz com ele. O único jeito era apressar os passos.
Quando consegui alcança-lo, o nervosismo bateu, me deixando completamente muda. Adam percebeu minha companhia e ficou me olhando como se já soubesse o que estava fazendo ali e esperava que realmente fosse feito, o que me deixou mais nervosa. Evitei olhar para ele, mas as vezes, quando ia olhar, Adam me olhava no mesmo momento. Em um dos encontros de olhares, me peguei encarando-o, olhando fundo em seus olhos, e lá estava aquele Adam que vi no cinema quando caí em seus braços. Bem no fundo do seu olhar um Adam, que ainda não conhecia, me instigava a conhece-lo o mais rápido possível.
— Me desculpa pelo que falei – comecei a falar, com um tom de voz baixo e olhando para o chão. — É que realmente fiquei assustada, sabe?! Não é sempre que um homem me agarra assim... Na verdade, nu...
— Tudo bem, Isabella – ele disse, secamente, interrompendo minhas desculpas.
Me calei e não consegui voltar a falar. A aceitação dele não foi exatamente o que esperava, para mim, ele ia surtar e me xingar ou começar a implicar de novo, mas não, ele simplesmente me ignorou e sentou perto da rocha grande. Imediatamente meu coração me mandou ir lá novamente, mas minha vergonha não permitia. Porém, era angustiante ver ele tão distante, ainda mais sabendo que era por minha causa. Pior que ser perturbada por Adam, é ser ignorada por ele e, tenho que confessar, ele é muito bom nisso.
Percebi que conversar com ele não daria certo, então, aproveitei que já estavam todos sentados, peguei o violão e comecei a cantar. A música é o único meio que consegue expressar os meus sentimentos com tanta clareza. E aquele era o único meio que achei para fazer Adam me ouvir.
— Não fuja de mim, não sei quase nada de você, mas o que eu sei, basta para não conseguir te esquecer. Não fuja de mim, eu não me programei também, but don't worry, isso não é mais um temporal – comecei a cantar, com a voz baixa e ainda envergonhada.
Não sei porque escolhi essa música, mas foi a primeira que veio em minha mente. Relutei um pouco antes de começar a cantar, forcei a mente para achar outra música menos comprometedora, mas meu coração me dizia que tinha que ser exatamente essa.
— Bastou ver o teu olhar, teu charme ao fotografar. Vamos ver o pôr-do-sol, dividir o luar. Bastou ver você sorrir, quem não vai se apaixonar? Parece loucura sim, mas eu me sinto em paz – continuei, me envolvendo cada vez mais na música.
— Não fuja de mim, não sei quase nada de você, mas o que eu sei, basta para não conseguir te esquecer. Não fuja de mim, eu não me programei também, but don't worry, isso não é mais um temporal – cantava olhando para Adam, desejando que ele entendesse o que estava querendo dizer através da música. Eu queria conhece-lo melhor, saber mais desse Adam que ainda não apareceu.
Já estava pronta para cantar a próxima estrofe, e, de repente, Adam pega outro violão e começa a tocar comigo.
— Sou parceiro de um doutor, sei de um tratamento – ele começa a cantar comigo, formando um dueto inesperado. — Terapia do amor, dos teus sentimentos, sem contra-indicações, é bom curativo, basta abrir teu coração. Fugir, só se for comigo – ele segue cantando, enquanto eu me calo, admirando a sua voz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Simplesmente Acontece
SpiritualAquele deveria ser apenas mais um período de férias comum, como todos os anos. Isabella se progamara para passar esse tempo na companhia do casal de amigos, Arthur e Mia, como de costume - embora sempre tenha achado a ideia de segurar vela uma droga...