Aquele era apenas mais um dia normal. Tudo voltou normal, a mesmice de sempre.
Eu acordei disposta, e posso dizer que estava feliz. Os dias se passaram e eu fui aprendendo a lidar com a dor, hoje em dia ela quase não me incomoda mais. Um dia ou outro eu passo a noite em claro lembrando dos meus momentos com Adam e aproveito para chorar. Minha mãe disse para eu viver a vida e chorar quando quisesse, e é isso que tenho feito. Nessas noite que fico acordada, uma das coisas que penso é sobre uma possível volta de Adam e, para falar a verdade, eu ainda tenho essa esperança. No ínicio eu o aceitaria de volta, mas depois de alguns dias eu passei a sentir raiva dele. Toda vez que entrava no meu quarto aos prantos, eu dizia a mim mesma que não o aceitaria de volta, mesmo ainda o amando demais. Hoje, depois de mais dias e dias pensando, posso dizer que perdoo Adam. Ainda não sei quais foram os motivos que o levaram a me deixar, mas quer saber? Hoje eu não me importo mais. Nunca fui de guardar rancor ou mágoa, meus pais sempre me ensinaram a perdoar e é isso que tenho feito. Por mais que Adam tenha me machucado, não posso ignorar o amor que ainda sinto por ele. Não é uma questão de ser justa, e sim de fazer o que é melhor. Não vou bancar a orgulhosa porque isso é inútil.
Hoje eu estou bem, a dor não me domina mais, eu já posso suporta-la. O amor ainda continua, mas sei que se não for de Deus, uma hora ele vai embora.
Quando me levantei pronta para começar mais um dia, vi uma carta em cima do meu criado-mudo. Achei estranho, nunca havia recebido uma carta em minha vida.
Quem é que manda cartas quando se tem toda tecnologia desse mundo?
A não ser a pessoa não tenha acesso a tecnologia, é claro.
"Para Isabella"
Tomada pela curiosidade, abri a carta o mais rápido que pude.
"Não posso começar essa carta sem primeiro pedir perdão por tudo que te causei. Me perdoe, por favor. Sei que o que fiz foi uma covardia e, confesso, fui um covarde. Talvez ainda seja. Por isso, não tive coragem de me despedir, já foi difícil demais te ouvir chamar pelo meu nome desesperadamente. Não consigo nem imaginar me despedindo de você, tendo que ver seus olhos vermelhos e marejados, as lágrimas rolando pela sua pele sedosa, sua testa franzida e seus lábios trêmulos tentando conter o choro, como você sempre fazia. Acredite, também foi difícil para mim, talvez não tanto quanto foi para você. Ou, talvez sim.
Tive que esperar esse tempo para ter certeza o suficiente de que não molharia todo esse papel com as minhas lágrimas, pois era impossível falar, pensar ou escrever sobre você sem que meus olhos colocassem para fora, em forma de lágrimas, todo o sofrimento por estar longe de você. Hoje eu estou bem, pelo menos na medida do possível. Coloquei um band-aid no meu coração, mas ele ainda continua ferido, porém, já posso escrever essa carta sem correr o risco das lágrimas molharem tudo.
Daria tudo para saber como você está, para poder te abraçar, te consolar, te fazer feliz de verdade. Mas dessa vez, sem tempo limitado. Daria tudo para estar com você aí ou aqui, em qualquer lugar, desde que estivesse com você.
Quem sabe ainda terei o privilégio de te ver novamente, e se tiver, serei o homem mais feliz.
Fica bem, por favor, não suportaria saber que você ainda estar sofrendo. Eu ainda te amo, e por esse amor eu vou lutar.Com amor,
Adam Turner."
Caí sobre a cama quando terminei de ler. Gotas de lágrimas caíram sobre o papel enquanto eu o lia. Meu coração ficou apertadinho quando imaginei Adam escrevendo essa carta. Ele ainda me ama! Ele ainda pensa em mim!
Era tudo que eu conseguia pensar.Mas não fazia sentido Adam me mandar uma mensagem em vez de ligar, ou falar aquelas coisas pessoalmente. Como eu queria ouvi-lo falar aquilo pessoalmente. Certamente eu o abraçaria o mais forte possível, forte o suficiente para não deixa-lo partir. Sim, ele me fez sofrer, mas Adam ainda me ama e eu o amo também.
O resto não importa, afinal, o amor sempre vence!
Corri para sala, gritando por minha mãe. Eu precisava compartilhar isso com alguém, e tinha quase certaza que minha mãe sabia como aquela carta chegou no meu quarto.
— Que foi, Bella? – ela perguntou.
Pela tranquilidade das suas palavras, tive certeza que minha mãe sabia mais coisas sobre a carta.
— Foi você quem colocou essa carta no meu quarto?
Ela me olhou e deu um sorrisinho.
— Pelo brilho nos seus olhos eu posso deduzir que já leu – ela disse, voltando a se sentar.
— Li e reli várias vezes. Agora me diz, foi você quem colocou? – perguntei, curiosa.
— Sim, fui eu – ela respondeu.
— E cadê ele?
— Quem? O Adam? – franziu o cenho.
— Sim, mãe! – sentei ao lado dela.
— Filha, o Adam não está aqui. Existe correio, sabia? – ela pega a carta da minha mão e coloca na mesa de centro. — Você pensou que foi ele quem me entregou?
— Sim – falei, com voz baixa.
— Ah, Bella, se ele tivesse vindo aqui ele mesmo te entregaria – ela passa a mão no meu cabelo, como sempre faz para me acalmar. — Mas a carta já é um bom começo, não acha?
— Queria que ele vinhesse me falar, mas tenho que admitir que é um bom começo sim – ri. — Ele disse que ainda me ama e que vai lutar por esse amor, mãe.
— Fico feliz, filha. Mas toma cuidado, tá? Não quero te ver passar por aquilo de novo. Vamos continuar em oração. Se...
— For da vondade de Deus ele vai voltar – completei a frase que ela me disse todos esses dias. — Eu sei, mãe. Já está nas mãos de Deus!
Minha mãe me abraçou forte, parecia estar orgulhasa de mim. E para falar a verdade, eu também estava orgulhasa de mim mesma.
Quando chegou a noite eu comecei a me arrumar para sair com Mia e Arthur. Depois de muito tempo tentando, Mia enfim conseguiu me convencer a voltar para o barzinho. De ínicio não gostei da idéia, mas acabei aceitando, afinal, eu não poderia passar o resto da minha vida evitando aquele bar. Mesmo que me tragam lembraças, vai ser bom encarar todas elas.
Continua...
Esse é o último capítulo de hoje, gente.
O livro só vai acabar quando eu postar o epílogo, que vai ser amanhã.
Beijinhos e até amanhã *-*
VOCÊ ESTÁ LENDO
Simplesmente Acontece
SpiritualAquele deveria ser apenas mais um período de férias comum, como todos os anos. Isabella se progamara para passar esse tempo na companhia do casal de amigos, Arthur e Mia, como de costume - embora sempre tenha achado a ideia de segurar vela uma droga...