Capítulo 14

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 Jorge narração inicial (...)

Ali enquanto meus dedos corriam sobre o piano, acariciando cada tecla e observando-a deitada sobre o mesmo me olhando, o tempo era eterno. Eu podia não amá-la, mas com certeza ela era minha musa inspiradora, uma mulher forte, uma amiga, uma guerreira, e a cima de tudo minha conselheira. Até hoje acho ridículo não nos amarmos sendo que somos tão bons juntos, e ela foi minha única mulher e eu sou o único homem que ela deseja, mas algo me falta para dizer que há amo, algo deixa um buraco imenso em meu peito, é quando ela ri e diz que somos diferentes, únicos e estamos bem assim. Mas, hoje eu descobri que não, não estou bem assim, quero sentir meus pés flutuarem do chão e saber que posso morrer por uma loba ou humana e ainda sim meu tempo terá válido a pena.

- Continue Jorge, adoro ouvi-lo tocar! Ela dizia com o mesmo sorriso do primeiro dia que se entregou a mim estampado nos lábios, a devoção que ela me olhava, era admirável. E por diversas vezes me senti mal por não retribuir.

- Preciso parar, por hoje! Fiz um movimento para estalar os dedos e sorri. - Mas posso tocar pra você, mais tarde! Prometo. Meu sorriso era amarelo e ela percebeu, vi seu rosto mudar, aquele brilho despretensioso e instintivamente alegre, desapareceu. Levantou-se do piano, se sentou ao meu lado no banco a frente do teclado, e deitou a cabeça sobre meu ombro.

- Somos amigos, pode me contar tudo, você sabe! Tentava me induzir a dizer que queria outra, eu sabia disto. Mas não queria outra, simplesmente achava que aquilo não era o melhor para nós dois.

- Talvez seja melhor assim, não é? Eu é quem devo me retirar desta situação como uma boa amiga!

- Eu não quero que você se vá, ou que fique triste quando eu me afastar! Me virei para ela e as lágrimas corriam por cima de um sorriso inconformado e amarelo. - Eu quero que encontre um homem que possa ser seu e de mais ninguém!

- Não quero outro homem, quero você! Mas se eu não posso ter você. Me conformarei com outro. Espero que possa encontrar seu Veigrht. Tocou as mãos dele, e saiu da sala.

Deixei a matilha após a morte de minha mãe adotiva, meu pai e eu sempre tivemos um péssimo relacionamento e isso só piorou quando ele quis me prometer a Isabella, não teria como isso dar certo, nós eramos amigos! Ele tentou de todas as formas, mas o que fazer se com todas as suas forças reunidas não havia conseguido amá-la? O sucesso não chegou em minha vida amorosa, mas havia chegado pra mim em forma de sucesso financeiro! Foi assim que comprei esta casa onde estou hoje.

Ao virar-se observou tudo ao seu redor, o lustre, a sala brilhosa de piso escuro, com detalhes em branco. Eu devia tanto aquela loba, tanto e nunca fui capaz de dar se quer um filho a ela. No começo ela achou que o problema fosse comigo, depois descobriu-se que o problema era de ambos, não sei o que temos, mas não conseguimos!

Passou as mãos aos cabelos e ficou em silêncio, desceu as mãos pelo rosto e em seguida ficou com ambas sobre o rosto e se permitiu chorar. Jorge era uma alma sensível e sabia exatamente como estava ferindo aquela loba, da maneira mais cruel que poderia ser feito.

Alguns dias depois, na matilha de Salisbury (...)

- Está ouvindo esse rebuliço lá fora? Peter virou seu rosto para a porta que dava na clareira de sua matilha. Levantou-se e andou até lá. - A que devo esta honra? Meisy estava ali e todos estavam em festa por recebê-la, era amada por aquelas pessoas, como se fosse sua própria matilha. Quando de trás dela saiu a pequena ruiva, magra de detalhes delicados, mas as feições fortes, como Meisy. O coração de Peter tremeu dentro do peito e seu inconsciente gritou que era sua filha.

Sangue Alfa Livro II - FervendoOnde histórias criam vida. Descubra agora