3. Novidades no reino

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I.

Apesar da crescente preocupação de Jeremy com as cartas do mágico na festa e o que elas poderiam significar, os dias se passaram e Hastabur foi retomando sua pacata rotina. O povo ansiava por novidades e melhorias agora que a paz havia sido restaurada. Jeremy, sabendo disso, decidira nomear os cavaleiros da guarda Real e também formular uma assembleia para tratar dos problemas do povo. Havia mandado mensageiros para todas as cidades de Hastabur para que chamassem o povo para ir à capital dentro de vinte dias e ajudar a decidir tais questões.

Aquelas semanas foram muito tranquilas. Nada demais aconteceu. As primeiras de total serenidade desde... desde muito tempo. Os dias se arrastavam e muitos homens que foram para a batalha não assumiram para suas famílias, mas no íntimo eles partilhavam o mesmo sentimento de que queriam voltar para a guerra. A ação os deixara viciados em adrenalina.

Para que a população de Hastabur pudesse descansar um pouco no pós-guerra, o rei havia encomendado grandes quantias de insumos. O relacionamento entre Hastabur e o reino imediatamente após suas fronteiras ao norte, Liokan, era muito bom. Por vezes, os reinos juntaram seus povos para realizar grandes eventos. Dragov, o rei de Liokan, era um homem nobre de uma linhagem muito antiga de reis, andava com muita elegância e sempre bem vestido. Um homem digno de ser rei. Apesar da nítida diferença entre as personalidades dele e de Jeremy, marcado pela humildade e pela insistência em tentar fazer o povo de Hastabur enxergá-lo como apenas um homem comum, o relacionamento entre eles sempre foi bom. E foi graças a isso que Dragov aceitou ajudar o povo de Hastabur sem pedir nada em troca.

***


II.

O dia do plebiscito chegou. O palco no qual o conjunto musical fez suas homenagens no dia da festa agora serviria como palanque para o rei. Com a ascendência do sol aos céus as pessoas iam chegando de todos os cantos do reino. Muitos chegaram a pé, outros montados em cavalos, carroças e charretes. Jeremy observara da varanda do castelo com crescente fascinação. Pouco tempo atrás muitos desses homens estavam num campo de batalha lutando por suas vidas e agora pareciam tão calmos, como se tivessem esquecido tudo o que passaram nos últimos cinco anos. As pessoas iam se aglomerando próximas ao palco. O rei desceu do castelo quando julgou ter gente o suficiente para iniciar o debate.

- Hoje, Hastabur, farei a nomeação da guarda Real. Homens honrados que convocarão e liderarão as tropas, quando necessário, para manter em segurança todo nosso reino. Estou ficando velho demais para batalhar. E também será criada a assembleia popular, um grupo formado por vocês para debater as necessidades das cidades de Hastabur e então repassá-las a mim, para que sejam tomadas as devidas providências. - A população estava agitada com as novidades.

- Bem, para começar - discursava o Rei - formaremos a assembleia. Para iniciar, gostaria que vocês elegessem um representante da cidade onde vocês vivem para que os problemas e necessidades cheguem a mim. Façam isso e o escolhido suba aqui, por favor.

As pessoas confabularam por alguns minutos, o rei podia ver os pequenos grupos se formando para que os cidadãos pudessem definir o que ele havia pedido. Treze pessoas, uma a mais do que o número de cidades do reino, apareceram no palanque.

- Pelo que vejo há um impasse em alguma cidade. Quem são os candidatos e qual a cidade?

Dois homens deram um passo à frente, ajoelharam-se frente ao rei e se apresentaram.

- Eu sou Hart DeMarani, vossa alteza.

- Eu sou Bard DeMarani, vossa majestade. Somos da cidade de Baran.

A dama de amareloOnde histórias criam vida. Descubra agora