Prólogo

6.3K 395 42
                                    


Tudo parecia normal olhando pela janela da cafeteria. Lá fora, a chuva caía fazendo as pessoas correrem para se esconder e não se molhar. Outros, entravam naquele ambiente acolhedor e pediam um chocolate quente ou um bom café para se aquecer. Um sorriso sem humor surgiu em seus lábios ao olhar para terceira xícara de café que tomava. Por que nada parecia lhe aquecer naqueles últimos doze dias? Não era o tempo nublado ou a chuva constante, era um frio de alma. E ela precisava acabar com aquilo, tudo o que tinha que fazer era entrar naquele enorme prédio de escritórios da Avenida Paulista, entregar toda a documentação e torcer para não encontrá-lo. Depois, era só entrar no carro e pegar a estrada. Com um suspiro, pagou a conta e saiu para chuva, parando em frente aquele gigantesco prédio. Não poderia adiar aquilo que estava por vir e com mais um suspiro, entrou. Logo estava no elevador que a levou ao décimo oitavo andar e uma secretária a anunciou.

- Como vai Rebeca? - perguntou o senhor de olhar astuto, porém bondoso, ao apertar-lhe a mão. - Quer tomar algo?

- Não obrigada. Não vou me demorar. Vim apenas lhe entregar esses papéis. Não confio em ninguém para deixar isso - ela lhe passou um envelope grande com vários documentos. - Gostaria que entregasse tudo ao Guilherme, em mãos se possível. Estou indo embora de São Paulo e queria deixar tudo resolvido antes de ir.

- Mas segundo esses documentos você esta devolvendo o cômodo e todo o dinheiro que ele lhe deu para abrir a livraria. Olha, eu sei o que aconteceu, mas Guilherme me afirmou que não lhe pediria nada de volta e até onde eu sei a livraria é um sonho antigo seu.

- Sim é um sonho antigo, mas nunca usaria o dinheiro de uma pessoa que não confia em mim. Eu vou lutar pelo meu sonho e quem sabe um dia eu não o realize. Mas não tomarei mais seu tempo - ela estendeu a mão. - Foi um prazer conhecer o senhor.

- O que ele está fazendo com você não é justo. Ainda não compreendo como as coisas aconteceram, mas posso afirmar que você nunca o trairia. Quando ele esfriar a cabeça pode ser tarde demais.

- Já é tarde demais! E eu já vou indo, caso contrário eu posso começar a chorar. Adeus - ela saiu, se despediu da secretária e logo chamou o elevador. Esfregava as mãos tentando aquecê-las em sinal de ansiedade. O elevador chegou vazio e ela entrou, quando ouviu seu nome ser chamado:

- Rebeca! - um par de olhos verdes que falavam de mistérios algumas vezes, olhos que expressavam paixão outras tantas, mas no momento somente frieza e um Q de surpresa a encarou. E ela soube que passaria anos sem vê-los ou talvez a eternidade, quando a porta do elevador se fechou.


Reencontrando o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora