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Acordo desse pesadelo chamado meu passado e choro. Como ela teve coragem de fazer isso comigo? Agora sei porque ela comprava aquelas roupas para mim,porque ela me vestia daquele jeito,porque ela me maquiava daquele jeito. Tudo por dinheiro.
Eu poderia estar arrumando a árvore natalina junto com ela nesse momento,a rir sobre oque fizemos esse ano e eu faria outro espetáculo de ballet... Ah,o ballet... Que saudades tenho do ballet, das aulas e até mesmo da Lia a estragar minha vida (e meus collants). Será que o dinheiro compensa tudo isso?
Jogo um livro em alguns pratos e o barulho de vidro se partindo ecoa pela minha casa. Minha casa... Quanto tempo esperei para ter um lugar para chamar de meu. Eu queria muito isso. Mas não desse jeito. Confesso que tive de me prostituir mais vezes para comprá-la,pois minha mãe não permitiu que continuasse meus estudos. Quando fugi eu simplesmente não tinha nada. Michael me ajudou no começo,mas seu pai descobriu e o mandou ficar longe de mim. Fiquei sozinha. Com fome,medo e dor. Não tinha noção alguma sobre quaisquer matéria, a única coisa que sabia fazer era ler e escrever. E dançar. Procurei por algumas academias de dança,mas nenhuma me aceitou,tanto pela minha condição financeira como pela minha nova aparência. Cabelos oleosos e despenteados,mal odor e... Enfim,eu estava acabada.
Dessa vez eu me prostituí por conta própria. Todo o lucro ia para meu bem estar e consegui me manter por algum tempo. Retornei as aulas e aos treze anos comecei a trabalhar em um supermercado durante o dia. Durante a noite eu me prostituía. Ninguém desconfiava. Mas um dia o dono do supermercado me viu nesse segundo "trabalho" e me demitiu.
Trabalhei em mais um supermercado como empacotador. E depois fui trabalhar no caixa. Depois fui trabalhar como atendente em uma loja de calçados e depois no balcão de um consultório de odontologia. Meus trabalhos foram variando,cheguei até a trabalhar fazendo colunas de jornais e revistas. Até que cheguei no meu atual trabalho. Hoje em dia trabalho em um consultório de advocacia. Confesso que preferia estar trabalhando com a dança,com o ballet. Mas conforme eu fui tendo minhas ocupações,fui esquecendo esse sonho. Não sou advogada,sou apenas uma estagiária. Às vezes ajudo as pessoas com alguns casos,mas nada demais. Eles me aceitaram aqui porque estou no meu segundo ano de direito.
Mando todos meus pensamentos embora e vou limpar a bagunça que fiz. Tiro os cacos de vidro do caminho e os coloco em um saco plástico,colocando em seguida no lixo. Pego o livro do chão e o observo por alguns segundos.
Logo em seguida me desando a chorar e soluçar freneticamente.

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