CAPITULO 7: ENTRANDO NUMA FRIA
Sexta-feira era dia de acampar. Por isso os rapazes largaram o trabalho mais cedo, e vieram nos ajudar. Depois de conseguir as barracas, os sacos de dormir, a comida e todos os mantimentos necessários, nós nos dividimos em duas camionetes e partimos em direção a clareira. Claro que antes disso Nora ficou dando avisos para nos comportamos, para não fazermos nenhuma besteira, e com certeza para não ingerir álcool de jeito nenhum perto das crianças. Mais especificamente ela deu este aviso para Gabe e Nolan, os únicos com mais de dezoito anos. Eu só esperava que Vallie estivesse certa, e eles nos permitissem beber. Por que Gabe e Nolan parecem ser muito responsáveis para serem capazes de ir contra os avisos da mãe. Só sei que eu necessito de uma bebida, e meu único jeito de consegui-la é indo acampar com eles.
No começo aquilo estava tedioso demais. Eu ajudei Vallie a arrumar lenha para uma fogueira, os rapazes montaram as barracas. A noite foi chegando, os barulhos entre as arvores começaram a me assustar. Liz e Maggie riram de mim quando um grilo foi parar na minha cabeça. Eu não via sinal de outras pessoas, ou de bebidas. Na verdade era apenas um dia comum na fazenda, só que dormindo na rua. E só pra deixar claro, estava muito, muito frio.
Foi só quando eu desabei ao lado de uma arvore perto da fogueira, que os ruídos me alertaram da presença de carros. Observei de longe quando duas camionetes, e um jipe estacionaram ao lado dos nossos carros. Eu podia ver algumas pessoas no interior, e um barulho infernal de musica country alcançou os meus ouvidos. Nesse momento eu queria cavar um buraco e esconder-me embaixo da terra para não ter que lidar com aqueles caipiras.
Alguns rapazes desceram da caminhonete e puxaram um engradado de bebidas da parte de trás. Foi então que eu me levantei, por que enfim tinha algo de bom naquele lugar. Quatro garotas vieram caminhando em direção a clareia. Vallie abraçou cada uma delas, então os rapazes também se juntaram a elas. Três homens bonitos, e com sorrisos imensos. Eu fiquei parada lá, olhando aquela cena, eles se cumprimentando com abraços, e rindo um dos outros. Eu nunca fui assim com os meus amigos, seria considerada uma imbecil com problemas mentais. O máximo que fazíamos era chamarmos uns aos outros de idiotas antes de começar a fumar maconha. A não ser que fosse Agatha. Ela é a minha melhor, e a única com quem eu tinha mais liberdade. Falar em amigos me trouxe a memória de que eu não avisei Agatha para onde eu estava indo. Ela deve estar louca por eu não ter aparecido nos encontros de quarta-feira que é quando pichamos algum muro ou invadimos a escola para fazer rituais satânicos – não que acreditamos nessas coisas – mas sim por que o diretor Borris acredita, e ele fica morrendo de medo sempre que vê as nossas obras de artes nos corredores da escola. Também vou sentir falta disso, a escola se foi, e eu ainda não tenho certeza do que vou fazer em Londres. Só sei que quero ir para bem longe da minha madrasta, do meu pai desnaturado, e das minhas irmãs bruxas.
— Hey pessoal. — Vallie chama atenção de todos. — Esta é a Ariel, ela é da Califórnia, e está passando o verão com a gente. Ela veio essa noite à procura de alguma bebida, e um pouco de descanso da fazenda. Vamos ser legais com ela, ok?
— Oi Ariel. — A garota ao lado de Vallie, vestida dos pés a cabeça como cowgirl se aproximou e estende-me a mão. — Eu sou Beatriz.
Eu aperto a mão da garota de cabelos castanhos, e olhos verdes.
— E eu sou Liah. — Uma garota baixinha, de cabelos curtos e olhos azuis se aproxima de mim, e me puxa para um abraço que eu não estava esperando, por isso retribuo um pouco sem jeito.
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Sunset (Disponível até 30\12\16)
Literatura FemininaAriel Caldwell tem problemas, e não é nada comparado ao uso abusivo de álcool e drogas. Ou aos pircings e tatuagens espalhados pelo seu corpo. Seu pai acredita que um pouco de trabalho duro, e um lugar distante poderá ser a solução para livra-la de...