Danger Days

8. "And if you stay I would even wait all night"

Fiquei parada por um momento tentando entender o que havia acontecido e logo fiz meus pés me obedecerem e me levarem até o vidro no meio da porta, onde tentei espiar se Thom ainda estava pelo corredor, não pude enxergar nada além do corredor vazio e pouco iluminado. Sentei na cama e fiquei pensativa por um momento sobre o que teria acabado de acontecer, eu sentia uma sensação de aperto no peito. De repente a porta se abriu com certa força, era Thomas um pouco ofegante, colocou as mãos no meu pescoço me puxando e nos beijamos fortemente. Era um beijo um tanto apressado, ofegante; mas com um toque cuidadoso. Separamos-nos e cruzamos nossos olhares, Thom estava com um olhar de ternura.

- Eu preciso ir agora. - Disse ele se afastando, fechou a porta lentamente e foi embora.

Fiquei no mesmo lugar do mesmo jeito que ele me deixou, enquanto ele sumia na porta e eu via sua sombra se afastar. Senti vários sentimentos vindo a tona, ao mesmo tempo em que a felicidade me consumia, a tristeza começava a me invadir aos poucos roubando o bom que havia dentro de mim no momento, me fazendo lembrar-se de como isso parecia impossível de dar certo. Dentro de mim a certeza de que estava me apaixonando me dominava aos poucos, mas o medo de perdê-lo a qualquer momento também. Como me sentir feliz em uma situação assim, quando o risco de que a qualquer momento tudo pode acontecer estará sempre presente, onde ele pode não mais voltar de uma missão, onde além de tudo, pode se tornar um espantalho e não se lembrar de mim, e o único sentimento que ele irá possuir, será o de querer a minha exterminação. Não consigo me dar ao luxo de pensar que as coisas podem ficar boas, por mais que eu deseje muito que isso aconteça, sei que metades das coisas todos estão me escondendo, e enquanto eu fico achando que a situação já está ruim, ela pode estar dez vezes pior. Senti medo ao pensar que o futuro era cada vez mais incerto, e pensar que alguns meses atrás meu maior medo era de não conseguir ter um emprego bom e um salário para manter uma vida boa depois que eu passasse a viver sozinha. Sem saber o que fazer e o que pensar daqui para frente, deitei na cama e fechei os olhos tentando esvaziar minha mente e dormir.

Acordei com o som do alto falante transmitindo o barulho que desperta todos no local, levantei da cama indo direto para o meu banheiro tomar um banho para despertar depois da noite estranha, mas estranhamente boa, que tive. Apesar de toda a confusão presente na minha mente ainda, tentei relevar e esperar até que alguém viesse me dar alguma notícia ou algo para comer no café da manhã. Fiquei olhando para a porta durante um tempo e vi uma pessoa se aproximando do vidro, para minha surpresa, era Nike, vinha trazendo uma bandeja com o meu café da manhã. Esperei enquanto ele abria a porta e colocava a bandeja em cima da mesinha perto da cama cuidadosamente, logo depois parou perto de mim e começou a me encarar curioso, talvez esperando que eu demonstrasse algum tipo de sintoma, ou apenas querendo saber se eu estava realmente bem.

- Obrigada Nike. Pensei que tinham se esquecido de mim, haha. Eu achei que vocês não iriam se aproximar enquanto eu estivesse de quarentena. - disse enquanto pegava uma torrada na bandeja.

- Nós temos quase certeza de que você está bem, só te mantemos aqui por precaução, seguir o protocolo e tudo mais. - disse Nike, olhei para ele enquanto tomava um gole de chá.

- Vocês andaram passeando por uns supermercados ultimamente, hein? - disse olhando para minha torrada e minha xícara de chá.

- Hahaha, poderemos ter esse luxo por alguns dias, estava sentindo falta do gosto dessas comidas normais - disse com um sorriso de orelha a orelha.

- Que hoje em dia são raras, infelizmente - expressei tristeza no olhar e logo em seguida sorri.

- Vocês pretendem sair novamente? - perguntei a ele.