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Abotoei o botão das minhas calças, calcei as minhas botas e atei o meu cabelo preto numa cebola desajeitada sabendo que estaria toda despenteada e não poderia sair daqui daquele jeito. Depois de estar pronta olhei para Harry e este também já estava pronto, caminhei para a saída e quando ia abrir a maçaneta da porta esta encarregou-se de rodar sozinha e abrir o que me assustou dando dois passos para trás. De lá apareceu uma senhora já de idade com um molho de flores na mão esquerda, assim que olhou para nós deu um salto.

"Quem são vocês? O que estão a fazer aqui?" perguntou um pouco bruta e zangada por estar-mos no seu compartimento, penso eu. Mal ela sabe o que estávamos a fazer á pouco menos de quinze minutos na sua loja.

"Queria-mos comprar um ramo de flores mas como vimos que está fechado não podemos fazer nada. Um resto de bom dia para si." Harry respondeu rapidamente empurrando-me para fora daquele espaço sem deixar a mulher zangada responder. Assim que nos encontrávamo-nos na rua várias pessoas conhecidas que eu vi no funeral de Brenda começavam a sair do cemitério, uns com lágrimas nos olhos fazendo-me fazer sentir mal mas logo desviei o olhar para cima encarando Harry, este que teimava em olhar para a frente com uma expressão neutra, algumas mexas de cabelo estavam coladas na sua testa e este estava um pouco suado podendo ver algumas gotas pela sua cara facial. Enquanto caminhávamos lado a lado as nossas mãos de vez enquanto batiam uma na outra pelo o movimento o que me causava uma corrente elétrica que não conseguia explicar. Vi-o sorrir de canto e logo a seguir olhou para mim o que me fez desviar o olhar envergonhada por me ter apanhado a observá-lo.

"A observar-me Amber?" fez uma pergunta retórica sorrindo mostrando as covinhas que ele tem, apesar de ser adorável o seu sorriso fui incapaz de não revirar os olhos pela sua convencisse. Ele sabe que é charmoso e sedutor então usa esses mesmos truques para ter as mulheres todas aos seus pés mas comigo engana-se porque eu não sou de andar atrás de homens e parece-me que ele já percebeu isso.

"Olhe, peço desculpa." antes que pudesse responder á sua provocação ouvi uma voz grossa surgir atrás de nós, viramo-nos para ver o intruso. Era um homem baixo de cabelos grisalhos, eu não o conhecia e parece-me também que Harry nem desconfiava quem era pela sua expressão confusa no rosto.

"Sim? Em que podemos ajudá-lo?" perguntei já que nenhum dos dois falava e eu queria sair deste sitio.

"Queria dar as minhas condolências pela morte da sua prima Mr. Styles." olhei para ele confusa após aquele homem ter dito aquelas palavras. A prima dele? Ele estava a falar da Brenda?

"Prima?" perguntei confusa cruzando os braços e virei-me para Harry á espera duma explicação para o que o ser ao meu lado tinha dito. Será verdade?

"Não é nad--"

"Sim, a menina Brenda é prima de Mr. Styles." o homem respondeu-me com educação cortando o que Harry ia dizer. Arregalei os olhos olhando para Harry, como assim a Brenda era prima dele? Porque ele nunca me disse? Não faz sentido, desta eu não estava á espera. Eles nem sequer eram parecidos, aliás, tudo neles era diferente.

Para ser primos não precisa de ser parecidos.

Atirou o meu subconsciente ao qual revirei os olhos mentalmente. É claro que não e agora faz todo o sentido do porquê que Anne se dava tão bem com ela, do porquê da cumplicidade que elas tinham no hospital e na preocupação de Brenda quando soube que Anne estava internada no hospital. Achei tudo muito estranho mas deixei passar pensando que era só paranóias da minha cabeça mas afinal não, porque é que ele mentiu-me ao dizer que Brenda iria ser a ama da Lucy? E depois da pequena ter-se ido embora ele arranjou outra desculpa para ela lá ficar em casa, mas, porquê? Porquê disto tudo? Olhei uma ultima vez para os dois homens e segui para fora do cemitério num passo apressado ouvindo Harry chamar por mim tentando alcançar-me o que não demorou muito para isso acontecer e senti o meu corpo ser rodado fazendo-me encara-lo com raiva. Era o que eu sentia depois de ter descoberto que afinal Brenda era prima dele, agora fazia sentido do porquê dele a defender muitas das vezes nas minhas discussões com ela, ele fez de mim parva.

Delirium ||H.S|| ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora