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A minha cabeça doía, demais até, sentia-me num fundo dum poço onde ninguém me poderia encontrar, era como que o que aconteceu á meras horas penso eu não tivesse acontecido mas eu sabia que havia acontecido e por isso mesmo eu não queria abrir os olhos, estava aterrorizada, não saberia como sair daqui mas eu conseguia ouvir o barulho lá de fora, barulho esse que me acalmava um pouco, a chuva cair em grandes quantidades deixava-me deprimida mas ao mesmo tempo o som suave acalmava o meu nervosismo. Decidi então abrir um olho e o que praticamente vi foi apenas o escuro, era horrível e frustrante não poder saber onde me encontro, se alguma vez poderei voltar para casa, é simplesmente horrível querer e não conseguir voltar a casa, para ao pé dele onde pensaria que estava segura mas infelizmente todos nós nos enganamos. Abri o outro olho e levantei da pequena cama, penso eu que era, ficando sentada sem saber o que fazer, o mais provável se eu me levantar e andar a vaguear era que encontrasse qualquer coisa indesejável ou fosse contra alguma coisa então prefiro ficar sentada esperando que algo acontecesse. O preto agora parecia a cor mais medrosa para mim neste momento, tenho medo do que possa encontrar aqui, eu nem sei onde estou, se isto é um barracão onde estou presa ou se é uma casa. Se ao menos eu tivesse-lhe dado ouvidos, provavelmente eu não estaria aqui agora.

FlashBack On

"Harry, que tal irmos passear com a Lucy?" implorei-lhe mais uma vez. Estava sempre fechada em casa e quando decido ir sair á rua praticamente que encurralam-me em casa, até a Gemma ordena que fique em casa e zanga-se comigo apenas quando eu saio até ao jardim, isso é sufocante mas eles fazem sempre isso que até já nem me importa muito.

"Não." falou firme tentando beijar-me mas eu desviei a cara, ele pensava que com um beijo iria esquecer? Estava muito enganado. Ouvi-o bufar levantando da cama e entrou na casa de banho sem me dirigir mais a palavra.

Aproveitei esse seu desfecho para sair do quarto sem fazer muito barulho e desci as escadas passando pela sala, parece que hoje todos decidiram desaparecer de casa pois ainda não vi ninguém desde que acordei. Saí de casa passando pelos seguranças que logo me deram passagem e caminhei em frente pelo passeio. Quando quero consigo ser uma pessoa teimosa e desrespeitosa, isso são uns dos meus grandes defeitos mas eu não os consigo evitar, depois recebo as consequências. Assustei-me quando senti uma mão grande tapar-me a boca e com a outra envolveu o meu nariz com um pano fazendo-me cheirar um cheiro tóxico, arregalei os olhos debatendo-me a todo o custo mas a pessoa que estava atrás de mim tinha mais força que eu e levou a melhor de mim, lentamente fechei os olhos apagando por completo.

FlashBack Off

Se eu tivesse ligado ao Harry pois ele estava certo, agora eu não estaria neste buraco. Só me apetece chorar num canto até amanhecer mas como poderia eu saber que horas são, não sei se é de noite ou dia e também não quero mostrar parte fraca, pois isso é o que eles querem e eu tenho de acreditar que irei sair daqui viva e não morta. Ouvi um barulho esquisito, não, era só mesmo a minha barriga a reclamar que tem fome, também não sei quantas horas eu dormi, é horrível estar assim horas sem saber o que fazer.

Ouvi outro barulho mas desta vez não era a minha barriga, ouvi uma porta ranger e logo tremi de medo encolhendo-me entre as minhas pernas. As luzes acenderam-se por consequência e eu recusava-me a levantar a cabeça para encarar quem quer que fosse.

"Olha quem já esta acordada." ouvi uma voz grossa, o que me fez encolher ainda mais no meu canto. Ouvi um estrondo e algo pousar á minha frente parecia ser comida, ganhei coragem e ergui a cabeça encarando um homem provavelmente com os seus trinta e tal anos de idade.

"Q-quem és tu?" perguntei a tremelicar, eu não deveria mas é impossível não estar com medo quando foste raptada e o mais provável é não saíres daqui viva. O homem que eu desconheço encarou-me por breves segundos e em vês de me responder começou a rir-se sem motivo, semi serrei os olhos. "Qual é a piada?" rosnei.

"Não abuses." ele avisou parando de rir, revirei os olhos.

"Responde-me." digo irritada. Ele num movimento pegou no meu queixo com força obrigando-me a ter que encará-lo nos seus olhos castanhos.

"Tu aqui não exiges nada minha querida." falou bruto.

"Isaac deixa-a!" ouvi uma voz fina. O desconhecido que acabei de saber que se chama Isaac largou-me e eu olhei em direção da mulher loira.

Mas afinal quem são estas pessoas?

"Quem são vocês?"  questionei já enervada de não ter respostas, ela sorriu-me sinicamente.

"Familiares da tua mãe, querida." franzi uma sobrancelha.

"E porque estou eu aqui?" perguntei mesmo já sabendo a resposta. Ela aproximou-se de mim.

"Sabes, a nossa família é muito religiosa. Nunca aceitamos o namoro entre os teus pais, e quando é assim ela deveria ter desistido de ter ficado com ele mas não, Gracie sabia perfeitamente o que aconteceria se tu viesses a nascer, eras morta mas ela não quis saber e foi em frente com a gravidez, agora, quem sofre as consequências és tu." arregalei os olhos, pelo contexto eles não sabem que eu sou filha da Mary e não da Gracie.

"E a Mary?" perguntei.

"Essa foi uma covarde que fugiu por um amor não correspondido pelo que sei, mas como a conheces?" questionou desconfiada e eu senti-me atrapalhada.

"A minha mãe falava-me bastante sobre ela." respondi-lhe.

Era obvio que eles não sabiam nem metade da história, eles não sabem que Gracie era estéril e assim quem me teve foi Mary, agora entendo porque Mary fugiu, iria ser acusada de cúmplice e provavelmente como esta família é, era capaz de lhe matar sem piedade. Mas que família louca, deveriam acabar todos num hospício, isto não é ser religioso, isto é crueldade o que fazem.

"É possível, elas as duas eram unha com carne." murmurou mais para si.

"Mas se querem-me ver morta porque não o fazem logo?" resmunguei revirando os olhos. Ela riu ligeiramente cruzando os braços.

"Tudo a seu tempo, ainda temos de esperar pelo teu pai para assistir."

Senti um enorme aperto no coração, é certo, nós podemos estar de costas viradas mas uma coisa eu sei, ninguém merece assistir a morte da filha e eu não gostaria de ser morta á frente do meu pai sabendo o desespero que ele teria. Eu preciso de ser corajosa e sair daqui o mais depressa possível.

Que família mais psicopata.

Hey Hey como estão?

Peço desculpa não ter publicado Sexta nem Sábado como é habitual mas em ambos estive fora e não houve tempo para eu escrever o capítulo em condições. Mas bem, espero que tenham gostado *-*

Love you all ^-^

Carolinaa :*

Delirium ||H.S|| ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora