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Acordei ouvindo o assobio dos pássaros e com uma luz forte na cara, resmunguei mentalmente assim que abri os olhos mas logo os fechei de novo devido á claridade, cocei os olhos e tentei me levantar mas o braço do Harry que estava enrolado á volta da minha cintura impedia-me de realizar tal ato. Doía-me o corpo todo provavelmente por ter estado a noite inteira na mesma posição, com algum esforço lá consegui sair do seu aperto e sentei-me no banco da frente, do condutor. Decidi apertar o apito do carro causando um barulho o que fez com que Harry se assusta-se e acorda-se de olhos arregalados. Não consegui conter e gargalhei alto, este olhou para mim sério.

"Não tem piada." resmungou e eu revirei os olhos.

"Oh vá lá, deixa de ser cortes." digo virando-me para a frente. "Hoje eu conduzo."

"O quê?!" quase que gritou ele.

"Estava a brincar, calma." ri-me da cara assustada que ele fez e sai do banco para o de passageiro.

"Sabes que vamos ter que voltar certo?" ele passou para o lado do condutor ligando as chaves na indignação.

"Sei, escusavas de me ter relembrado." digo um pouco rude olhando pela janela enquanto Harry começava por se movimentar nas ruas longas. "E ainda iras-me dizer se sabias disto tudo." avisei-o.

"Eu não sabia Amber."

"Mentiroso." guinchei virando-me de lado de modo a encará-lo. Este olhou breves segundos para mim com a sobrancelha erguida mas logo retomou á sua posição atual. "Tu sabias que a Gemma era minha irmã." sussurrei mais calma.

Eu não estava chateada com ele, não, obvio que não pois ele não teve culpa do que se passou mas magoou-me ao ele saber quase a verdade toda, mesmo que não soubesse tudo Harry sabia a maior parte e não me contou nada. Ouvi-o suspirar.

"Eu não te queria magoar Amber e depois tu ias fazer perguntas, perguntas essas que eu não sabia responder." disse-me. Abaixei o olhar.

"Mas magoaste-me de outra forma, muito pior." murmurei e nem tinha reparado que já tínhamos chegado a casa mas nenhum de nós mexia um músculo sequer para sair do carro. Senti uma mão na minha perna fazendo direcionar o olhar para lá, este apertou-a levemente.

"Desculpa." sussurrou-me perto do ouvido.

"Eu só quero que isto passe entendes?" sussurrei de volta com lágrimas nos olhos e olhei-lhe nos olhos.

Harry sorriu-me fraco beijando levemente nos lábios, senti-me a ser levantada e ser pousada no seu colo e só me apeteceu deitar tudo cá para fora e foi isso que fiz, enterrei a cara no seu pescoço deixando cair toda a pressão e frustração dentro de mim.

"Hey! Onde está aquela Amber rabugenta, aquela que não se deixava ir abaixo por ninguém?"

"Eu não sei." falei com a voz tremida. "Eu odeio-os." disse com raiva.

"Não digas isso." contraditou pegando no meu queixo virando-me para ele. "Eles são os teus pais."

"Não, a minha única família está naquele cemitério enterrada, eles não me são nada." guinchei alto chorando rios.

"Não chores, odeio ver te nesse estado." gargalhei alto forçadamente e este encarou-me confuso.

"Engraçado que quando me punhas a chorar não falavas isso." cuspi rudemente e ouvi-o respirar fundo.

"Amber não comeces."

"É a verdade mas também não quero saber, vamos entrar." respondi limpando as lágrimas que ainda existiam com a palma da mão e abri a porta do carro saindo do seu colo.

Delirium ||H.S|| ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora