8. Capítulo

23 5 4
                                    

Em cima foto de Cam com 14 anos
************************************

Narração de Rita

O fim-de-semana foi passado, não tínhamos muito para fazer mas Cam não queria voltar e eu queria ficar com ele. Neste pouco tempo deu para perceber que íamos ficar grandes amigos. Só não sabíamos como nos íamos ver quando voltássemos para casa, tentei não pensar nisso até que ele disse:
- Rita... É melhor irmos andando. Eles devem estar quase a ir para a escola e se não nos despacharmos podemos não conseguir ir de volta.
- Mas, como nos vamos ver se voltarmos?
- Tens telemóvel cá?
- Não, sabes que é proibido certo? - ele acenou com a cabeça a dizer que sim e depois entregou-me um telemóvel, não um smartphone, apenas um telemóvel.
- Agora, tens aí o meu número, tens 5€ carregados espero que dê. Sempre que quiseres falar manda mensagem e se quiseres ver-me eu conheço um sítio.
- Ok... Que sítio? - perguntei eu, um pouco duvidosa... Afinal era proibido os rapazes e as raparigas estarem juntas em aulas e não podia ter telemóvel na escola... Mas arrisquei não podia ser sempre aquela menina certinha.
- Depois falamos... Lembra-te " O telemóvel " - e dito isto deixou-me sozinha e foi andando, que estava ele a fazer? Se calhar ele não era bem a pessoa que eu pensava que era. Mas de repente ouvi a calma voz dele dizer:
- Então? Vens ou não?
- Hum... Claro!

Fomos andando até lá, ele com um passo apressado não sei porquê. Não dissemos nem uma palavra.
Chegámos mesmo em cima da hora já estavam todos a guardar as tendas. Mal chegámos ele sussurrou-me ao ouvido:
- Age como se não tivesse acontecido nada, vai para o sítio onde estão as tuas amigas e arruma a tenda. Lembra-te " O telemóvel ". Tchau - piscou-me o olho e desta vez foi mesmo. Fiz o que ele disse, cheguei ao pé das minhas amigas e comecei a arrumar a tenda, elas ficaram a olhar para mim com uma cara de desconfiança mas não disseram nada.
Esta coisa do telemóvel fez-me confusão mas em breve iria mandar-lhe uma mensagem.
Entrámos no autocarro, sentei-me ao lado da Mafalda, que olhou para mim intrigada e perguntou baixinho:
- Que aconteceu? - os olhos castanhos dela brilhavam como quem diz " quero saber tudo " .
- Hum... Nada de especial.
- Como assim " nada de especial "?
- Então... Falamos... Ele é fixe... Hum... Fomos á praia, fizemos churrasco essas coisas... Nada de especial. - apesar de ela ser a minha melhor amiga, não sabia ao certo que lhe dizer, na verdade não tinha nada para lhe contar, a não ser aquilo do telemóvel mas preferi não dizer nada.
- Tens noção que não o vais ver durante meses certo?
- Hum... Não sei... - ela ficou a observar-me com uma cara de preocupação ela sempre foi muito preocupada, ás vezes de mais, mas não disse nada e fizemos o resto da viagem silenciosamente. Passado um tempo acabei por adormecer mas acordei com a Mafalda a abanar-me toda. Já tínhamos chegado.
- AIII - gritei eu, odeio quando me acordam, fiz aquele olhar de lado e levantei me.

Chegámos aos nossos quartos, em vez de eu arrumar as coisas como era suposto atirei me para a cama. Elas arrumaram tudo e perguntaram-me se eu queria ir lanchar com elas e depois ir dar um passeio. Fui lanchar com elas mas dispensei o passeio, estava cansada e não me apetecia andar por isso fomos para o refeitório. Tirei um pão integral com manteiga e um sumo de laranja natural. Normalmente comia sempre porcarias, mas hoje apetecia-me coisas mais saudáveis. Por acaso a comida da escola era ótima, não estava mesmo á espera. Comi o mais rápido que pude e dirigi-me para o meu quarto sozinha. Entrei vesti o pijama, deitei-me na cama e rapidamente adormeci.
Acordei passado umas 4horas com o telemóvel a vibrar. Já estavam todas a dormir, só podia ser uma pessoa o Cameron.

Vem ter comigo ao campo de futebol que divide a escola. Não perguntes, eu sei o que estou a fazer.
Cameron

Separados por um muroOnde histórias criam vida. Descubra agora