Cap. 11

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Leonardo

Não acredito na loucura que estou fazendo.

Neste momento estou dentro do carro de Renan, com o rosto coberto por uma touca preta com apenas dois furos para permitir a minha visão.

O carro está parado em uma estrada de terra, ao longe podemos ver uma casa simples que tem as luzes acesas. Uma casa no meio do nada. E é ali que Kath e meu pai estão.

Só fico pensando o tempo todo no que minha namorada deve estar passando lá dentro. Se um deles sequer tocou nela, mato com minhas próprias mãos...

- Vamos lá. Todos entenderam o plano? - Bill disse.

- Sim, baby. Mas vou repassar mesmo assim. Todos vocês vão invadir a casa enquanto eles dormem e eu fico aqui com o carro ligado para ajudar na hora de ir embora. - Bárbara disse entediada. Ela queria ir lutar. Garota maluca!

Bill puxou ela para perto de si e subiu a touca um pouco para que pudesse beijá-la. Eu nem sabia que um homem tão estranho como ele pudesse...

- Deixa os beijos para depois! Vamos logo! - Diego disse irritado.

- Falou o forever alone. - Bill zombou.

- Você sabe que não sou!

Bernardo riu e recebeu um olhar fuzilante do meu cunhado.

Nós quatro seguimos em direção a casa. Que agora estava totalmente escura.

Bill tirou do bolso uma coisa bem estranha, eu nunca tinha visto aquilo, só sei que ele conseguiu abrir a fechadura. Tenho que confessar que acho ele é bem inteligente. Pena que não usa a inteligência para o bem...

Entramos e na sala com um sofá velho vimos um deles cochilando. Fui em direção dele e peguei a arma.

Nos espalhamos em busca dos próximos.

Porém o desastrado do Bernardo esbarrou em um abajur grande e velho perto de uma escada, fazendo um barulho enorme.

- Eu sabia que não devíamos ter deixado ele vir! É um babaca! - Diego reclamou.

- Babaca é você, que tem amigos criminosos. - Bernardo retrucou.

- É melhor calar a boca, por que são graças à esses amigos que vamos salvar minha irmã!

Enquanto os dois discutiam eu entrei em desespero. Lógico que tentei disfarçar.

Porém não é fácil ficar calmo quando três homens fortes e armados estão de frente para você. E você não está do lado deles na briga.

- Ora, ora, ora... Nem invadir uma casa eles sabem. - um deles disse.

- Só queremos que libertem os reféns. - respondi tentando engrossar a voz para parecer convincente.

Todos nós apontavamos armas uns para os outros. Menos o que cochilava no sofá.

De repente, um disparou em minha direção e eu me abaixei. Sem nem pensar disparei em direção a ele, e o tiro pegou em seu braço, fazendo a arma cair no chão.

- Somos cinco contra dois agora. Nem ousem tentar pegar essa arma! - Bill ordenou irritado.

Os dois que estavam em condições de lutar permaneceram calados e parados.

- Diego vem comigo. Vamos achar os reféns. Vocês três cuidem deles.

Não entendi se Bill estava me mandando matar os três homens, no qual um já estava ferido. Ou se era para continuar ameaçando.

Lógico que escolhi a segunda opção!

Não quero me tornar um assassino.

Mas aí de repente, o que estava cochilando agarrou Bernardo pelo pescoço e o imobilizou. Tenho que dar razão a Diego, Bernardo realmente não é um parceiro de "resgate".

Quando olhei para o lado, fui atingido por um soco no rosto. Comecei então a lutar com o homem que me feriu. Mesmo estando com a arma eu não queria matá-lo e parece que ele também só estava ameaçando.

Sabemos que todos estamos errados e se chamarmos a polícia vamos nos meter em mais uma encrenca.

Então agora é tudo ou nada.

Katherine

Depois da discussão com Antônio permaneci quieta e encolhida no canto do porão. Eu só queria estar em casa, mesmo que tivesse que aguentar as crises de ciúme de Diego ou minha mãe se enturmando com Clarice e indo à festas.

Sempre que estamos em uma situação arriscada passamos a valorizar os mínimos detalhes, mas não devia ser assim. Temos de valorizar as pequenas coisas da vida a cada dia, pois juntas formam as melhores lembranças em nossa mente.

Eu tinha ouvido um barulho de tiro e passos lá em cima. Não sei o que está acontecendo. Só que se alguém tivesse vindo nos salvar já teriam nos achado. Acho que só estão brigando entre si, ou... Sei lá, não conheço esses malucos.

Nem sei o que são capazes de fazer e neste caso minha curiosidade não se desperta.

- Cadê eles? - ouvi um grito alto porém era distante.

A voz parecia a de...Léo?

Não! Não! Não!

Eu espero que ele não tenha inventado de bancar o super herói, e esteja lá em cima lutando. Se ele foi louco de fazer isso...Não quero nem pensar nas consequências!

Começo a ficar aflita. Os passos ficam mais audíveis, e algumas coisas caem no chão pois ouvimos barulho sobre nossas cabeças. Odeio este porão! Odeio este lugar!

Algo dentro de mim desperta uma coragem, ou desespero? Não sei. Só sei que tomei uma atitude.

Comecei a socar a porta que trancava o acesso a escada. Gritei várias vezes mas parecia ser em vão. Ninguém apareceu para nos salvar. Ou mesmo para brigar conosco, caso eu estivesse equivocada.

Vencida pelo cansaço, me agachei encostada a porta. Tentei respirar devagar, e manter a calma.

De repente tudo ficou quieto. Ouvi passos pela escada. Logo me levantei, comecei a socar e gritar de novo.

- Me salva! Socorro! Alguém me ajude! - gritei o mais alto que pude.

Então a porta foi aberta e eu fui com tudo no chão. Já que não esperava por isso.

Vi uma mão estendida para mim e a agarrei.

Quando ergui os olhos e percebi quem era, não pude disfarçar a surpresa.

- Bárbara? O que faz aqui?

- É uma longa história garota. Vamos! Vocês dois me acompanhem.

Fiquei perplexa, ela estaria ajudando os homens com meu sequestro? Achei que tinha desistido de fazer as coisas erradas...

Ela me ajudou a subir a escada com o dedo machucado e quando chegamos a sala, soltei um grito de espanto.

Haviam cinco homens com os rostos cobertos. Quatro deles seguram os quatro que me sequestraram e o quinto apontava uma metralhadora para todos eles. Ambos estavam bem machucados acho que brigaram bastante.

Não sabia se eram do bem, mas queria sair dali correndo. Pena que meu pé estava machucado.

- Calma Kath, daqui a pouco tudo fará sentido. - Bárbara disse.

Ela nos levou até um carro que estava a poucos metros dali.

- Fiquem aqui vocês dois! Volto daqui há alguns minutos. - ela falou e entrou na casa de novo.

Assim que eu ouvi barulho de tiro, senti uma pontada forte no coração.

Construindo Minha História 3 -  O Fim é apenas o Começo!Onde histórias criam vida. Descubra agora